Onda de despertamento nos EUA após a assassinato de Charlie Kirk

Onda de despertamento nos EUA após a assassinato de Charlie Kirk


Igrejas lotam e aumenta conversões de jovens; bilionário da área de tecnologia faz séries de palestras alertando sobre proximidade do Anticristo

O assassinato do jovem ativista evangélico conservador Charlie Kirk, 31 anos, em 10 de setembro, provocou uma onda de comoção e despertamento nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Kirk era membro da Dream City Church (Igreja Cidade do Sonho), uma megaigreja no Arizona filiada às Assembleias de Deus nos Estados Unidos e liderada pelo célebre pastor assembleiano Tommy Barnett, autor de Há um Milagre em Sua Casa (CPAD) e que foi preletor do 7º Congresso Nacional de Escola Dominical da CPAD, realizado em 2012. Kirk antes fora membro da Igreja do Calvário, mas desde que se mudou para o Arizona em 2019 passou a congregar com Barnett.

Nos primeiros dias logo após a morte de Kirk, milhares de jovens nos Estados Unidos publicaram vídeos em suas redes sociais dizendo que estavam abandonando a vida que levavam longe de Deus e voltando-se para a igreja – alguns pela primeira vez na vida, outros após anos sem ir à igreja. J. P. De Gance, fundador e presidente do ministério Communio, uma organização que ajuda igrejas a evangelizar e tem parceria com cerca de 400 delas em todo os EUA, disse em entrevista ao The Christian Post em 28 de setembro que várias igrejas nos estados da Pensilvânia, Ohio, Michigan, Illinois e Colorado, por exemplo, relataram “um aumento na frequência” nos dois domingos pós-assassinato de Kirk, com a presença especialmente de “vários jovens adultos que foram criados na igreja, mas que não frequentavam mais a igreja e as pessoas não os viam há anos”. Também em 28 de setembro, a Fox News Digital e o programa televisivo Fox and Friends First afirmaram que “muitos em todo o país concordam que o trágico assassinato de Kirk em Utah, em 10 de setembro – após anos de trabalho de conscientização com jovens sobre fé, família, valores e país –, desencadeou um renascimento religioso, com dezenas de milhares de não crentes pegando em uma Bíblia pela primeira vez. Isso foi apelidado de ‘Efeito Charlie Kirk’”.

De 1990 a 2019, o número de evangélicos e católicos nos EUA despencou sem parar. De 2019 a 2025, porém, havia parado de cair, mantendo-se estável, com o número de cristãos nos EUA variando hoje entre 62% a 64%. Essa estancada nos números foi confirmada recentemente por uma pesquisa divulgada em 26 de fevereiro deste ano pelo Pew Research Center, feita entre 2023 e 2024 com 36.908 pessoas de todas as regiões do país. Um evento que pode ter contribuído para essa pausa no declínio foi o despertamento espiritual iniciado na Universidade de Asbury, Kentucky, em fevereiro de 2023, que teve cobertura da mídia secular e foi amplamente divulgada nas redes sociais, atraindo pessoas de todo país e do mundo. O “Efeito Charlie Kirk” parece ser um outro caso.

A ironia é que o atirador que o matou tinha por objetivo calar a sua voz para sempre para que sua mensagem não alcançasse mais ninguém, mas o resultado foi inverso. Milhões de pessoas em todo o mundo que nunca tinham assistido seus vídeos passaram a fazê-lo. Só nos primeiros seis dias após sua morte, segundo a Fox News em matéria de 16 de setembro, houve aumento de 94,1 milhões de visualizações em seus vídeos, a base de inscritos em suas redes sociais ganhou 5 milhões a mais de seguidores e a base de inscritos do seu ministério Turning Point ganhou mais 9,5 milhões de seguidores, sendo 6,9 milhões a mais no Instagram, 2 milhões a mais no TikTok e 600 mil a mais no YouTube. Isso em apenas seis dias. Outro detalhe é que houve manifestações em várias partes do mundo em homenagem a Kirk, com destaque para uma na Inglaterra que atraiu milhares de pessoas.

Maior funeral da história dos EUA marcado por poderoso testemunho cristão

Mas, a maior demonstração de apoio veio no domingo, 21 de setembro, quando 200 mil pessoas compareceram ao funeral em memória de Charlie Kirk em Glendale, Arizona, com 73 mil pessoas lotando o estádio State Farm (capacidade máxima do estádio), mais 20 mil pessoas lotando o adjacente Desert Diamond Arena para assistir à celebração em telões e mais de 100 mil pessoas assistindo também em telões em outras partes da cidade – os dados são da polícia do Arizona, segundo o tradicional jornal New York Post, o mais antigo dos EUA. Esse número supera o recorde de presença em um funeral na história daquele país, que era até então de 150 mil pessoas presentes ao funeral de 1968, em Atlanta, em memória do pastor batista e ativista de direitos humanos Martin Luther King. Por sua vez, estima-se que mais de 100 milhões de pessoas assistiram também ao funeral de Kirk em todo o mundo nas transmissões pela tevê e pela internet, o que é também um recorde. A estimativa é de Andrew Kolvet, produtor-executivo do Turning Point. Só pelo canal de Kirk no Youtube foram 7,9 milhões, mais 4 milhões em sua conta no X, mais 4,4 milhões no canal do Turning Point no Youtube, mais 2,7 milhões na transmissão ao vivo da Fox News pelo Youtube e mais 1,3 milhão no canal no Youtube da Associated Press. A audiência pela tevê, só na Fox News, foi de 5,4 milhões de pessoas. Outros canais de TV também transmitiram. A soma de todos esses números dá mais de 25,7 milhões de pessoas, porém, se incluirmos centenas de transmissões simultâneas adicionais dos demais veículos de comunicação, entidades e pessoas de todo o mundo no Youtube, Rumble, Facebook e Twitch, chega-se à estimativa de mais de 100 milhões de pessoas. E ainda há gente assistindo.

O detalhe é que o memorial – que durou quase 6 horas – foi literalmente um culto, com muito louvor e adoração a Deus conduzidos por grandes músicos evangélicos nos EUA, com vários pastores pregando e até mesmo a maioria das autoridades do governo norte-americano que falaram trazendo mensagens que foram verdadeiras pregações. O momento, porém, que mais marcou foi quando a esposa do falecido, Erika Kirk, agora CEO do Turning Point, em seu comovente discurso, perdoou o assassino de seu marido. “Meu marido Charlie queria salvar jovens, assim como aquele que tirou sua própria vida. Aquele jovem, aquele jovem na cruz, nosso Salvador, disse: ‘Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem’. Aquele homem, aquele jovem, eu o perdoo. Eu o perdoo porque foi o que Cristo fez e é o que Charlie faria. A resposta para o ódio não é o ódio. A resposta que conhecemos no Evangelho é o amor, e sempre o amor. Amor aos nossos inimigos e amor àqueles que nos perseguem”, declarou Erika em lágrimas, levando as dezenas de milhares de pessoas presentes no estádio a se colocarem em pé, também em lágrimas, aplaudindo por sua atitude. Esse gesto foi uma poderosa pregação do Evangelho assistida por mais de 100 milhões de pessoas em todo o mundo.

Erika fora criada no catolicismo, mas, após conhecer Charlie, passou a rever sua teologia e, depois de casar com ele, a congregar na igreja do marido. Em um podcast antes da morte do marido, ela já havia afirmado que, apesar de ainda manter um apreço pela igreja católica, na qual fora criada pelos seus pais, já não concordava mais com alguns ensinos católicos, como a mediação dos santos e a necessidade de se confessar a um padre em vez de ir direto a Jesus, acrescentando que já há algum tempo suas orações eram dirigidas somente a Jesus.

Em seu discurso em 20 de setembro, Erika ressaltou ainda o despertamento espiritual que a morte do seu marido causou, sobretudo em muitos jovens, que eram o seu principal público. “[Quando ele morreu,] vi em seus lábios o mais leve sorriso. E isso me disse algo importante. Revelou-me a grande misericórdia de Deus nesta tragédia. Quando vi isso, vi que Charlie não sofreu. Até o médico me disse que foi algo tão instantâneo. [...] Não havia dor. Não havia medo, nem agonia. Num momento, Charlie estava fazendo o que amava. Discutindo e debatendo no campus. Lutando pelo evangelho, pela verdade, diante de uma multidão. E então ele piscou. Piscou e viu seu Salvador no Paraíso. E todos os mistérios celestiais lhe foram revelados. [...] Depois do assassinato de Charlie, não vimos violência. Não vimos tumultos. Não vimos revolução. Em vez disso, vimos o que meu marido sempre orou para ver neste país: vimos um reavivamento. Na semana passada, vimos pessoas abrindo uma Bíblia pela primeira vez em uma década. Vimos pessoas orando pela primeira vez desde que eram crianças. Vimos pessoas indo a um culto pela primeira vez em toda vida. Charlie gostava de escrever em um diário, e digo isso porque ele fazia isso para se lembrar de momentos e frases importantes que o marcaram. E uma das coisas que ele escreveu em seu diário foi: ‘Toda vez que você toma uma decisão, ela deixa uma marca em sua alma’. Para aqueles que acabaram de tomar essa decisão e deram o primeiro passo em direção a uma vida espiritual, eu digo: ‘Obrigado e bem-vindos’. Um dia, espero que vocês olhem para trás e percebam que foi a decisão mais importante das suas vidas. Porque é. De todos vocês. É. E a todos vocês que já são crentes, é seu trabalho pastorear essas pessoas. Não deixem isso passar. Reguem a semente da fé delas. Protejam-na e ajudem-na a crescer”, declarou.

Após a morte de Kirk, várias pessoas tentaram, por razões diferentes, desqualificar seu testemunho. Alguns evangélicos criticaram porque ele, mesmo não sendo adventista, guardava pessoalmente o sábado. Sim, é verdade, mas ele o fazia com sua esposa e filhos por uma questão pessoal e não de garantia de salvação, como afirmava, e continuava cultuando aos domingos normalmente. Ele resolveu tomar o sábado o dia em que se desligaria de tudo e estaria 100% com a família e buscando a Deus de forma especial, e recomendava essa prática a todos. Outros o criticaram por falas supostamente polêmicas ou preconceituosas ditas em debates, mas que, na verdade, haviam sido tiradas de seus respectivos contextos maliciosamente por seus opositores. Admiradores de Kirk, como o judeu Ben Shapiro e o católico Michael Knowles, e os jornalistas Glenn Beck e Megyn Kelly, chegaram a gravar programas para desmentir essas acusações, apresentando o contexto de cada uma das falas distorcidas. Outros ainda o criticaram por ser apoiador ardoroso do presidente Donald Trump, cuja personalidade é controversa. Kirk, porém, não negava as falhas em Trump, mas cria convictamente que ele era a melhor opção para os EUA neste momento, diante das opções viáveis disponíveis.

Bilionário do Vale do Silício crê que Anticristo está próximo

Nos meses de setembro e outubro, o ACTS 17 Collective, uma organização sem fins lucrativos do Vale do Silício, região da Califórnia que abriga muitas startups e algumas das maiores empresas globais de tecnologia, promoveu um evento exclusivo, pago e com vagas limitadas que foram esgotadas em tempo recorde, onde o bilionário de tecnologia Peter Thiel proferiria uma série de quatro palestras – cujo conteúdo deveria ser confidencial – tratando sobre o futuro da tecnologia, sobre teologia e sobre o advento do Anticristo.

O ACTS 17 Collective, sediado em São Francisco, é liderado por Michelle Stephens, cujo marido, Trae Stephens, é investidor do Founders Fund, cujo fundador é Peter Thiel, que é mais conhecido como sendo o criador do PayPal, o primeiro investidor externo do Facebook, um grande amigo do bilionário Elon Musk e o dono da Palantir Technologies, empresa que tem contratos com o governo dos Estados Unidos, inclusive com a CIA, e também com as Forças de Defesa de Israel. O nome do evento de Thiel era “O Anticristo: Uma Série de Palestras em Quatro Partes” e os seus participantes foram informados de que o conteúdo das palestras não poderia ser compartilhado. A primeira palestra foi no dia 15 de setembro e a última, em 6 de outubro. Em 18 de setembro, porém, um dos participantes – Kiran Kulkarni, pesquisadora e desenvolvedora do Vale do Silício – resolveu compartilhar em seu blog sua transcrição de trechos da primeira palestra, notas estas que depois de repercutirem na internet foram logo apagadas. Porém, mesmo tendo sido apagadas, o ACTS 17 Collective revogou o ingresso de Kulkarni para participar das palestras seguintes de Thiel. Essas notas, entretanto, acabaram sendo salvas por algumas pessoas antes de serem apagadas e seu conteúdo foi compartilhado, ganhando destaque não apenas na internet, mas também na grande mídia secular, como o jornal Wall Street Journal.

Nessas notas, Kulkarni afirma que Thiel teria alertado que há muito tempo a modernidade deixou de lado as conversas sobre o Anticristo. De acordo com ela, Thiel citou “os riscos existenciais decorrentes da inteligência artificial, das armas biológicas e da guerra nuclear” como catalisadores para o advento desse regime autoritário. Ele fez referência a várias passagens do Antigo e do Novo Testamentos, incluindo 1 Tessalonicenses 5.3, e declarou que “O slogan do Anticristo será ‘paz e segurança’”. Thiel teria citado ainda uma lista de “medos apocalípticos seculares” e acrescentado que “se quisermos completar essa lista, devemos adicionar o risco do Anticristo bíblico se manifestar como um governo mundial”.

Thiel teria dito ainda que o Anticristo será uma figura ou entidade carismática que explorará o medo de uma catástrofe tecnológica para ganhar poder. Segundo o bilionário, as tecnologias modernas, incluindo a inteligência artificial, atingiram um potencial destrutivo que poderia precipitar cenários apocalípticos. Em uma entrevista em junho deste ano com Peter Robinson, da Hoover Institution da Universidade Stanford, Thiel já havia declarado: “O Anticristo provavelmente se apresentará como um grande humanitário, será redistributivo, um filantropo extremamente talentoso, um altruísta eficaz”.

Quando questionado, durante o evento confidencial, se a figura do Anticristo é uma pessoa ou uma instituição, Thiel teria respondido: “Os primeiros cristãos pensavam que era Nero. Luteranos e anglicanos apontavam para o papa. Mas, até a Era Moderna, a humanidade não tinha o poder de se autodestruir. Isso mudou. Como nossa era possui essa capacidade destrutiva de forma única, o Anticristo hoje só pode ser entendido como um indivíduo, não meramente como uma instituição”. E ele acrescentou ainda que, “embora as igrejas tenham abandonado em grande parte as especulações sobre a identidade do Anticristo no período pós-Iluminismo, tal figura provavelmente surgirá por meio das crises da modernidade, alavancando o medo da tecnologia e a conversa constante sobre o apocalipse”. Thiel, porém, não deu qualquer pista nas palestras sobre a identidade do Anticristo, segundo as anotações de Kulkarni.

O jornal evangélico norte-americano The Christian Post, que deu destaque ao ocorrido, tentou contactar o ACTS 17 Collective sobre o conteúdo da postagem do blog de Kulkarni, mas não obteve retorno. Esse episódio nos mostra que as pessoas ligadas às maiores empresas de tecnologia do mundo já especulam abertamente a proximidade da vinda do Anticristo. Thiel, no caso, não está entre os que celebram o advento futuro desse personagem, mas ele sugere em sua palestra que muitas pessoas da elite, da alta sociedade e dos meios tecnológicos – pessoas com quem ele convive – parecem desejar esse evento, o que aponta para o cumprimento das profecias bíblicas por meio da preparação, nos bastidores, do ambiente para a ascensão futura desse período mais tenebroso da história vaticinado pelas Escrituras. O que nos lembra também da nossa bendita esperança: Jesus breve vem! Maranata! Ora vem, Senhor Jesus!

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