O animal que engoliu o profeta Jonas era mesmo uma baleia?

O animal que engoliu o profeta Jonas era mesmo uma baleia?

Como entender as passagens bíblicas de Jonas 1.17; 2.1,10, que mencionam ter o profeta passado “três dias e três noites nas entranhas do peixe”?

Embora esta questão já tenha sido respondida em outro momento no jornal Mensageiro da Paz, gostaria de deixar minha contribuição no esclarecimento da dúvida sobre o assunto.

Jonas em hebraico é ×”ָנוֹ×™ (Yonah), que significa “pombo”. Ele era filho de Amitai, que também era profeta (Jonas 1.1; 2 Reis 14.25), era natural de Gate-Hefer, da tribo de Zebulom, no norte de Israel, a cerca de sete quilômetros de Nazaré. Sim, Jonas era Galileu! Os fariseus se equivocaram redondamente, quando disseram que “nenhum profeta veio da Galileia” (João 7.52). 

Jonas abre um precedente na história do profetismo judaico, sendo o primeiro porta-voz veterotestamentário a ser enviado especificamente para uma nação gentílica (tendo em vista que Edom era uma nação irmã de Israel, no caso de Obadias). Jonas é um missionário da Antiga Aliança.

Este é um dos livros mais atacados pela ciência e pelos perniciosos teólogos liberais, por conta de a narrativa canônica afirmar que o profeta fora engolido por um grande peixe, o que colocaria a historicidade do livro em cheque.

Rechaçamos veementemente essa tentativa de alguns intérpretes e querer fazer de Jonas uma mera “novela judaica”, alegorizada para transmitir verdades espirituais à nação de Israel. Tal pensamento não coaduna com o consenso geral das Escrituras. O Senhor Jesus, por exemplo, reconhecia a historicidade da narrativa de Jonas, inclusive usa o relato fidedigno do profeta fazendo um paralelo e aplicação profética para Sua morte e ressurreição (Mateus 12.39-41). Portanto, preferimos crer em Jesus e na divina inspiração, inerrância e infalibilidade da Bíblia. 

Após conhecermos as nuances da vida, obra e ministério do profeta Jonas, vamos ao ponto principal de nossa investigação no referido livro. O texto sagrado diz: “Preparou, pois, o Senhor um grande peixe, para que tragasse a Jonas; e esteve Jonas três dias e três noites nas entranhas do peixe” (Jonas 1.17); “E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe” (Jonas 2.1); “Falou, pois, o Senhor ao peixe, e ele vomitou a Jonas na terra” (Jonas 2.10). Os textos em tela não são claros sobre que tipo de animal teria de fato engolido o profeta.

“Baleia” é um termo que surge nas versões subsequentes da Vulgata. No original hebraico, o vocábulo é ×’ָּדלוֹדָּ×’ (Dag Gadol), que significa “grande peixe”. Os escritores da septuaginta traduziram como κήτει μεγάλώ (kêtei megalõ), “grande monstro marinho”. O vocábulo hebraico dag não determina que tipo de animal está envolvido. Pode ter sido um monstro desconhecido que vive no fundo do mar, uma baleia, um cachalote, um tubarão, enfim. Vale salientar que há relatos na história secular que endossam a narrativa bíblica; por exemplo, o cato do britânico James Bartley, que em 1891 foi engolido por uma baleia e escapou com vida (Stranger than Science, apud Champlim p. 11-13).

Portanto, nosso foco deve ser no milagre da conservação da vida do profeta, pois, mesmo sendo punido, usufruiu da misericórdia de Deus, que lhe deu oxigênio durante sua permanência no ventre do grande peixe e o manteve vivo e consciente durante o processo digestivo do animal; e no milagre da salvação dos ninivitas que se arrependeram. Em Sua soberania, Deus controla todas as coisas, o mar, o grande peixe, a história. Ele é misericordioso e Sua graça alcança todos os povos. Seu desejo é salvar a todos (1 Timóteo 2.4).

Referências

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2002.
MCNAIR, S.E. Pequeno Dicionário Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.
CHAMPLIM. Russel Norman. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. 10. ed. São Paulo: Hagnos, 2011.
HOLLADAY, William L. Léxico Hebraico e Aramaico do Antigo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2010.

Por Geovane Leite.

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