A Bíblia fala algo a respeito detratar as pessoas por apelidos?

A Bíblia fala algo a respeito detratar as pessoas por apelidos?


Em nosso meio, conhecemos muitos irmãos e amigos por seus apelidos. Gostaria de saber o seguinte: tratar as pessoas por apelidos é uma prática correta do ponto de vista bíblico? O que as Sagradas Escrituras dizem a respeito?

Existe um fenômeno social que se percebe nas mais variadas comunidades, das mais diversas épocas: o uso de apelidos. O trato com os apelidos possui duas possibilidades de abordagem. A primeira quando a designação é atribuída de modo positivo – em alguns contextos até de maneira carinhosa – e assim não se constitui como um instrumento de sofrimento ou dor ao outro, mas, ao contrário, chega até mesmo a ser apropriado pelo próprio indivíduo apelidado, tornando-se, assim, parte da elaboração identitária do mesmo. A outra perspectiva sobre as referências a outros por meio de apelidos é aquela em que se estabelece como violência simbólica ou, mais especificamente, violência verbal; ou seja, o uso de alcunhas, de nomeações variantes, com o objetivo de diminuir pessoas; apelidos como manifestações de preconceito e discriminação contra os mais frágeis socialmente e, em última instância – fazendo uso de uma abordagem no campo religioso –, uma tentativa de humilhar alguém por meio de referências ao seu passado pecaminoso.

Desse modo, surge uma questão simples: pode/deve um cristão referir-se a outras pessoas por meio de apelidos? Quem se reporta a outros se utilizando de apelidos peca? Na igreja, especialmente nos momentos comunitários e públicos de celebração, deve-se fazer referência a alguém por meio de um apelido?

Talvez a introdução deste artigo já tenha colaborado para boa parte dos argumentos que fundamentam as respostas das perguntas acima. Não é possível rotular a tradição social de nomear indivíduos por apelidos como boa ou má. Exige-se a análise de todo o contexto, especialmente no que se diz respeito à pessoa que é apelidada.

Há inúmeros casos em que a Bíblia registra pessoas sendo designadas por outros nomes que não os seus. Em alguns contextos, são renomeações com o objetivo de desconstrução nacional-cultural (Daniel 1.7); em outros, a mudança de nome implica reconhecimento e honra públicos (Gênesis 41.45). Existem pessoas que são reconhecidas por outros nomes em virtude de sua atuação social ou por sua naturalidade (Lucas 6.15; Atos 13.1); e, por fim, ainda existem os que ganham outros nomes por uma simples adequação idiomática ou tradição cultural de possuir dois nomes (João 1.42; Atos 1.23; 13.9). Um caso clássico de “apelido” está em Atos 4.36, quando um homem chamado “José”, muito provavelmente por suas qualidades espirituais, passa a ser chamado de “Barnabé”.

Diante disto, chamar alguém por outro nome não implicaria em qualquer tipo de ato pecaminoso, desde que tal prática seja uma manifestação de amor e afeto. A utilização de apelidos em momentos dos cultos segue a mesma lógica: em alguns casos, a referência à pessoa pelo apelido envolve todo um misto de admiração, respeito e carinho.

No Nordeste, é muito comum o uso de apelidos no cotidiano, inclusive na Igreja. Um caso clássico é o do saudoso pastor Sebastião Mendes Pereira (in memoriam), presidente das Assembleias de Deus no estado do Ceará durante 25 anos, que era carinhosamente chamado por todos de “Pastor Bastos”.

por Thiago Brazil

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