Antes de refletirmos sobre o tema do respeito ao tempo das pessoas em relação a terceiros no seio da famÃlia, podemos meditar um pouco sobre o significado bÃblico, teológico e gramatical do que vem a ser a palavra “tempo”. Nem todas as pessoas no mundo sabem entender o significado dessa dimensão chamada tempo, e muito menos como administrar o seu uso ou aproveitamento. Meditemos iniciando com alguns conceitos.
I – Conceituação de tempo
1. Tempo cronológico. Advém da palavra chronos,
criada pela mitologia grega para designar o deus do tempo. O conceito ao qual
nos referimos acima – o tempo cronológico – “é a maneira como contabilizamos os
momentos, seja em horas, dias, semanas, séculos etc. No cotidiano, o uso da
palavra é basicamente empregado para determinar a duração dos acontecimentos”.
Esse tempo também pode ser visto como sujeito à relatividade ou subjetividade
das pessoas, por fatores psicológicos ou neurológicos.
2. O tempo na BÃblia. Os discÃpulos de Jesus, em Sua
despedida para a ascensão aos céus, fizeram uma indagação sobre o tempo do fim.
“Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntaram-lhe, dizendo: Senhor,
restaurarás tu neste tempo o reino a Israel?
E disse-lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai
estabeleceu pelo seu próprio poder” (Atos 1.6,7).
Esses tempos a que não podemos saber são de competência
exclusiva de Deus. É o tempo identificado pela palavra grega kairós, que se
refere a tempos indeterminados, que não seguem a cronologia humana. O apóstolo
Pedro teve significativa revelação sobre o que é o tempo de Deus ou o kairós de
Deus. Ele escreveu: “Não se esqueçam disto, amados: para o Senhor um dia é como
mil anos, e mil anos como um dia” (1 Pedro 3.8).
II – O tempo e o ritmo das pessoas
O tempo e o ritmo das pessoas dependem de vários fatores,
como refletimos a seguir:
1. A maneira de ser de cada pessoa. É o objeto deste
interessante artigo, que podemos inserir no conceito do tempo cronológico e do
tempo relativo. “Respeitando o tempo e o ritmo dos outros”, no contexto e no
ambiente da famÃlia, é uma questão que
envolve a maneira de ser de cada pessoa. Essa maneira de ser depende, segundo
certa linha de psicologia, do temperamento das pessoas. Segundo essa corrente,
há quatro tipos de temperamentos: colérico, sanguÃneo, fleumático e melancólico.
Cada um tem caracterÃsticas próprias.
Os de temperamento sanguÃneo têm como virtudes serem comunicativos,
entusiastas e afáveis; os de temperamento colérico são enérgicos, otimistas,
eficientes, decididos, ótimos lÃderes. São geralmente dinâmicos, agem com mais
rapidez, Ã s vezes de modo precipitado. A eles podem ser dadas atividades ou
tarefas que exijam mais dinamismo ou brevidade. Os de temperamento fleumático são
pessoas calmas, tranquilas e podem ser ótimos lÃderes; e os de temperamento
melancólico são pessoas calmas, tranquilas e podem ser ótimos lÃderes também. Esses
dois últimos são introvertidos, agindo de forma mais lenta. São ótimos para
fazer coisas que demandam mais análise, prudência e cuidado. Deve-se anotar que
todos os temperamentos têm seus defeitos em contraposição a suas virtudes.
Como nem todos na famÃlia têm o mesmo ritmo em suas
atividades e em suas respostas aos problemas, os mais acelerados tendem a se irritar
pela lentidão dos outros. Alguns são mais imediatistas, outros são mais
ponderados e prudentes nas suas decisões.
2. A idade das pessoas. Em razão da idade, os idosos
tendem a ser mais lentos e os mais jovens, mais acelerados. Se pessoas idosas convivem
com filhos ou parentes mais jovens, pode haver alguns transtornos na demanda de
algumas atividades. Por exemplo: tomar banho. Os jovens geralmente conseguem
banhar-se com mais rapidez, enquanto os de mais idade tentem a demorar-se mais
nessa prática. Tais diferenças de ritmo se devem ao fato de as pessoas mais jovens
possuÃrem mais energia e vigor, enquanto os idosos têm sua vitalidade diminuÃda
com o passar dos anos. Por isso, deve haver entendimento e compreensão entre as
pessoas.
III – Como harmonizar os diversos ritmos das pessoas
Dependendo do temperamento, há entes familiares que parecem
estar a 200 km por hora, enquanto outros estão a penas 20 km por hora na
realização de suas atividades ou tarefas. Como administrar essas questões no
lar? Quem está mais acelerado precisa desacelerar ou quem está mais lento
precisa acelerar?
Não é fácil responder a essas questões. Mas, havendo
compreensão, entendimento e sobretudo amor entre os membros da famÃlia, é
possÃvel haver harmonia entre si. Especialmente, se se tratar de uma famÃlia
que valoriza e respeita os princÃpios fundamentais da fé cristã.
1. O cristão deve ter amor ao próximo como a si mesmo.
O amor a Deus e o amor ao próximo constituem os maiores dos mandamentos
bÃblicos. Tão importantes são esses dois mandamentos que Jesus afirmou que deles
“dependem toda a lei e os profetas” (Mateus 22.34-37). Se houver amor expresso
em compreensão, diálogo e respeito, as diferenças de idade ou de temperamentos
serão harmonizadas de forma agradável para as pessoas que convivem num mesmo
ambiente.
2. O cristão deve respeitar o próximo. Sem sombra de
dúvidas, quem ama respeita as demais pessoas. Disse Jesus: “Portanto, tudo o
que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós a eles; porque
esta é a lei e os profetas” (Mateus 7.12). Essa é um a regra de ouro no relacionamento humano, no meio dos que
são cristãos. Segundo esse mandamento, um crente em Jesus não deve fazer com
alguém o que não quer ou não gostaria que fizessem consigo mesmo. Assim, se uma
pessoa percebe no ambiente que seu irmão, parente ou amigo tem um ritmo mais
lento do que o seu, não deve lhe entregar uma tarefa que exija mais rapidez
para execução. E se por acaso lhe confiada uma tarefa, deve compreender suas
limitações e procurar ajudar e dar condições para que o que for solicitado
possa ser realizado a contento.
por Elinaldo Renovato de Lima
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