Mulheres que se destacaram na história das Assembleias de Deus no Brasil

Mulheres que se destacaram na história das Assembleias de Deus no Brasil

Neste mês da mulher, nada melhor do que rememorarmos algumas mulheres cujas vidas marcaram a história das Assembleias de Deus no Brasil. O primeiro nome a ser lembrado, claro, é o da missionária sueca Frida Maria Strandberg Vingren (1891-1940), esposa do missionário Gunnar Vingren. Sua história pode ser lida em detalhes na obra Frida Vingren (CPAD), do pastor e historiador Isael de Araújo.

Formada em Enfermagem e tendo estudado Teologia no Instituto Bíblico de Götabro, Frida chegou a ser chefe de Enfermaria no hospital onde trabalhava na Suécia. Foi lá onde conheceu Gunnar Vingren, que viera ao seu país natal se tratar após enfermidades contraídas no trabalho missionário no Brasil. Já noiva de Gunnar, Frida chegou ao Brasil em 1917, pouco antes do retorno do futuro marido. Ela e Gunnar se casaram em Belém do Pará no mesmo ano, tendo o missionário Samuel Nyström como o celebrante do casamento. Desse enlace, nasceram seis filhos: Ivar (que se tornaria pastor e missionário), Rubem, Margit, Astrid e Gunvor, que morreu aos três anos e dez meses, quando o casal já estava trabalhando no Rio de Janeiro.

Frida foi enfermeira, jornalista, musicista, compositora, poetisa, articulista e tradutora, além de ser uma grande evangelista e pregadora. Ela trabalhou na redação dos jornais O Som Alegre (1929-1930) e Mensageiro da Paz (1930-1932), compôs e traduziu 23 hinos para a Harpa Cristã, abriu pontos de pregação, dirigia os cultos na ausência do marido, liderou a obra social da igreja e o grupo de visitas, e ensinava na Escola Dominical. Nos cultos, além de conduzir os cânticos muitas vezes, também tocava órgão e violão. Seus talentos foram muito importantes para o nascente Movimento Pentecostal no Brasil.

Outros nomes que devem ser citados nesse período inicial da Assembleia de Deus no Brasil são os das irmãs Matilde Brusaca (sem datas de nascimento e falecimento) e Florência Silva Pereira (1916-1970). Em uma época em que não havia obreiros suficientes para atender à demanda da Obra de Deus no Brasil e sob a decisão da Convenção Geral de 1930 de que mulheres só poderiam dirigir igrejas excepcionalmente no caso em que não houvesse nenhum obreiro para cuidar da obra naquele lugar, a irmã Matilde dirigiu a Assembleia de Deus em Tucuruí (PA) em seus primeiros 10 anos de existência, de 1934 a 1944, até chegar o primeiro pastor, João Pereira de Souza. Nesse período, a Assembleia de Deus em Belém do Pará só enviava, de dois em dois meses, um obreiro para realizar a Ceia, e depois enviou o pastor Alcebíades Vasconcelos para realizar o primeiro batismo em águas.

Com a irmã Florência foi a mesma coisa. Ela dirigiu por alguns anos uma igreja no interior da Bahia e depois um campo com seis igrejas no estado de Sergipe. Ela era inicialmente zeladora de igreja e colportora, quando foi enviada para Alagoinhas (BA) em 1943 pelo missionário Aldo Pettersson devido à escassez de obreiros para atender à obra ali. Ela não só dirigiu a igreja naquela cidade como construiu seu primeiro templo. Em 1950, já em Sergipe, assumiu a igreja em Carmópolis, a pedido do pastor Euclides Arlindo Silva, abrindo em seguida trabalhos nas cidades vizinhas de Maroim, Rosário, Laranjeiras e Santa Rosa de Lima. Construiu dois templos, um salão de cultos e os demais salões eram alugados. As histórias dessas e outras valorosas irmãs podem ser lidas no livro 100 Mulheres que Fizeram a História das Assembleias de Deus no Brasil (CPAD), também de autoria do pastor e historiador Isael de Araújo.

Outro nome que não poderia ser esquecido é o da irmã Albertina Bezerra Barreto, fundadora do primeiro Círculo de Oração no Brasil, no bairro de Casa Amarela, em Recife (PE), em 6 de março de 1942. Desde sua fundação, as reuniões ocorrem uma vez por semana, sempre das 9h às 16h, mas há lugares em que ocorreu das 7h às 16h, ás vezes indo até às 17h. O modelo do Círculo de Oração acabou se espalhando – com variações – por todo o país, se tornando o maior movimento de oração das Assembleias de Deus no Brasil. Irmã Albertina faleceu em 18 de agosto de 2008, aos 94 anos.

Tantos outros nomes poderiam ser destacados, como os das irmãs Lydia Nelson, brasileira, musicista, esposa do missionário Nels Nelson e muito destacada na área social; as missionárias Signe Carlson, Mary Taranger e Gudrun Ling, que se destacaram na evangelização e na obra social; e as irmãs Cacilda Brito, Nair Barata Soares, Berta Olson, Elsie Strahl e Ruth Dorris Lemos, que se destacaram na área do ensino e da literatura e imprensa cristãs no Brasil.

Entre tantos outros nomes que poderiam ser destacados, também não poderia faltar o da irmã Wanda Freire Costa (1934-2019), fundadora da União de Esposas de Ministros das Assembleias de Deus no Brasil (Unemad) e esposa do pastor José Wellington Bezerra da Costa, presidente de honra da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) e presidente do Conselho Administrativo da CPAD.

Professora e assistente social, irmã Wanda e José Wellington frequentavam a mesma igreja Assembleia de Deus em Fortaleza e se batizaram, aos 12 anos, no mesmo dia, em 7 de setembro de 1946. Quando se casaram, em 14 de janeiro de 1953, eram feirantes. Após o nascimento do primeiro filho, José Wellington Costa Júnior, o casal se transferiu para São Paulo. Depois lhes nasceram os outros cinco filhos: Paulo Freire, Joel Freire, Samuel Freire, Marta e Rute. Quando José Wellington passou a trabalhar integralmente no Ministério da Assembleia de Deus de Belenzinho (SP), Wanda Freire ainda continuou à frente das lojas do próspero comércio que possuíam, para prover os recursos para a educação dos filhos.

Exercendo o trabalho de auxiliadora do ministério pastoral de José Wellington, Wanda Freire passou a liderar o Departamento Feminino da Assembleia de Deus em São Paulo, o Círculo de Oração e a Associação Beneficente e Promocional Belém, desenvolvendo um grande trabalho social no Estado. Após pastor José Wellington ter assumido a liderança da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB) a partir de 1988, Wanda Freire passou a trabalhar para que o segmento feminino das Assembleias de Deus, representado pelas esposas dos pastores, tivesse eventos de caráter nacional direcionados a elas, principalmente em paralelo com os encontros oficiais de seus esposos: assembleias gerais da CGADB e Encontro de Líderes das Assembleias de Deus (Elads). Foi assim que ela liderou a organização e oficialização da União Nacional de Esposas de Ministros das Assembleias de Deus (Unemad) pela CGADB, em 1993, e presidiu o primeiro congresso da União Feminina das Assembleias de Deus (Ufadeb), realizado em 2000, em Belo Horizonte (MG).

Irmã Wanda presidiu a Unemad até 2017, sendo sucedida na presidência pela sua nora, irmã Lídia Costa Dantas, esposa do atual presidente da CGADB e seu filho mais velho, pastor José Wellington Costa Junior. Em 2000, a irmã Wanda Freire foi uma das ganhadoras do título “Personalidade Brasileira dos 500 anos”, pelo grande trabalho social realizado no estado de São Paulo.

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