Entre o ódio e a idolatria oscilam os corações de cristãos evangélicos acerca do povo e do Estado judeus. Enquanto a acusação de deicídio alimenta, em alguns púlpitos, o desprezo aos filhos de Israel, outros ministérios optam pelo uso de símbolos da cultura judaica em seus cultos.
Os extremos dessas variações revelam o antigo antissemitismo
ou o farisaísmo revivido nas posturas judaizantes. Os dois polos demonstram
falta de entendimento bíblico do papel presente e futuro dos descendentes de
Abraão.
A Inglaterra é exemplo de uma nação que viveu esse movimento
pendular. Em 1290, ela expulsou os judeus de seu território e, em 1650, sob a
influência de cristãos pré-milenistas, =chamou-os ao retorno, num momento em
que eram fortes as tendências judaicas na Teologia daquele país.
O antissemitismo poderia ser entendido como o antagonismo à
descendência de Sem, filho de Noé. Nesse caso, todos os povos semitas estariam
incluídos. A aplicação mais comum do termo, no entanto, é à descendência física
de Abraão. O ódio e a consequente perseguição aos judeus caracterizaria o
anti-semitismo que, ao longo da História, alcançou momento de extrema
violência.
Segundo historiadores, mais de 1á milhões de judeus foram
mortos desde o ano 70dC. A data marca a destruição do Templo pelos romanos e a
dispersão dos judeus pelas nações. Se o Império Romano foi responsável pelo
massacre ocorrido na ocasião, a Roma “cristianizada” foi, por sua vez,
responsável pelos horrores das Cruzadas e da Inquisição. A Rússia cezarista,
com os “pogrons”, e a Alemanha nazista, com o holocausto, levaram adiante a
bandeira do extermínio dos judeus, hoje passada, como um bastão numa corrida de
revezamento, aos terroristas islâmicos.
Hamá, na antiga Pérsia, já destilava anti-semitismo em atos
políticos, manipulações e conchavos com o intuito de perverter as ações reais e
destruir aqueles que tomou como seus inimigos. No curso dos acontecimentos, —
observamos que prevaleceu o decreto do Rei dos reis a favor de Israel:
“Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem”.
Com seu ódio, Hamá tipifica o grande mentor do antissemitismo
secular — Satanás. Entende-se tal sentimento: Jesus, Aquele que foi prometido
desde o Éden, o único poderoso para destruí-lo, nasceria de Abraão. Aquele que
esmigalharia a cabeça da serpente viria ao mundo como judeu. Usando Ramsés ou
Herodes, Satanás tentou impedir a chegada de seu destruidor. Usando Torquemada,
Hitler ou Arafar vingou-se da “mulher [Israel] que deu à luz a um filho varão
[esus]” (Apocalipse 12.13).
É necessário entender que o Diabo, “príncipe deste mundo”,
age nos filhos da desobediência suscitando o ódio. Especialmente agora, sabendo
que “pouco tempo lhe resta”, seduz os corações dos homens, especialmente o dos
poderosos, para lançá-los na conta de Israel e assim tocar aquela que é a
“menina dos olhos de Deus” (Zacarias 2.8) sabendo que, nela tocando, fere-O
diretamente.
Para estar a salvo do antissemitismo, a Igreja precisa
aprofundar seu conhecimento das Escrituras. Nelas são revelados os propósitos
do Senhor para com Israel. Por ignorância ou preconceito, nem sempre a Igreja
acertou o alvo. No dizer de um judeu: “Primeiro nos disseram: “Vocês não
merecem viver entre nós como judeus”. Depois nos disseram: “Vocês não merecem
viver entre nós, Finalmente decretaram: “Não merecem viver”, Ações erradas
partem de teologias equivocadas. A Teologia da Substituição apregoou e apregoa
que Israel deixou de ser alvo dos planos de Deus, sendo substituída pela
Igreja. Ora, a existência da Igreja não anulará jamais a necessidade essencial
de Deus ser fiel a Si mesmo e à palavra que proferiu.
Baseado na substituição, o anti-semitismo evangélico foi o
pano-de-fim do teológico que levou ramos da Igreja alemã e outros a, no mínimo,
cruzar os braços (quando não apoiar) o holocausto.
No Brasil, onde o anti-semitismo foi alimentado pelas ideias
de Gabineau (amigo pessoal do imperador Dom Pedro 11) e de Le Bon, os conceitos
de superioridade racial levaram às políticas de branqueamento que ainda
vigoravam a Era Vargas, e sendo amplamente repetidas como conceitos
“científicos” nas escolas, reafirmadas em verbetes preconceituosos de
enciclopédias e dicionários. Outros livros omitem o sofrimento dos judeus
durante a Inquisição ou durante o regime nazistas. Livros nacionais desprezam a
presença judaica na formação do povo brasileiro.
Em consequência disso e sem a adequada refutação bí blica,
muitos cristãos carregam o peso de uma tradição de ódio aos judeus. Quantos
ainda acreditam que “todos os judeus são ricos”, que “judeus são avarentos” ou
que “Jesus morreu por culpa dos judeus”. No entanto, a razão da nossa fé está
em Jesus, nascido judeu, imerso nas tradições culturais de Seu povo para, a
partir daí, alcançar todas as nações da Terra.
Quando os ramos de jambuzeiro enxertado na oliveira
reconhecem que Deus pode facilmente reenxertar nela os ramos naturais, o
anti-semitismo é vencido pelo amor.
O primeiro ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, declarou
certa vez que “os cristãos se anteciparam ao movimento sionista moderno em pelo
menos meio século”.
Quando nossos irmãos, antes de 1948, pregavam sobre o
retorno dos judeus dentre as nações e o restabelecimento da nação de Israel,
isso parecia distante ou impossível ao ouvido de alguns. A Palavra inspirava os
pregadores: “Canta e exulta, a filha de Sião, porque eis que venho e habitarei
no meio de ti, diz o Senhor”, Zacarias 2.10.
Sabemos que virão tempos difíceis para a descendência de
Israel após o Arrebatamento da Igreja, mas o Senhor tratará com eles e salvará
para Si um povo. Quando as forças do Anticristo se levantarem contra Isracl, o
Senhor entrará em juízo com elas (Joel 3.1-2).
Todas as promessas serão cumpridas: a posse da terra, desde
o rio do Egito até o rio Eufrates; o sacerdócio no Templo milenial; a Raiz de
Davi reinando eternamente; e a alegria da “Filha de Sião”, quando viro seu
Senhor habitando e reinando no meio dela. À esperança será cumprida (Zacarias
12.9-10).
Firmados numa base teológica bíblica, pregadores cristãos
pré-milenistas como Arno Gaebelein (século 19) e William Blackstone
(reconhecido pela comunidade judaica por seu amor a Israel) e muitos outros
defenderam no passado o que Seus sucessores continuam a defender: a
infalibilidade das promessas e do amor de Deus, ressuscitando Israel como a um
vale de ossos secos.
por Sara Alice Cavalcante
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