Raimundo Pinto de Souza deixou de ser padre e hoje segue a Jesus como obreiro da Assembleia de Deus maranhense
Quando menino, Raimundo Pinto de Souza, oriundo de uma família católica tradicional da cidade de Crato (CE), desejava muito ser padre em seu Estado. Mas, como era filho de militar (seu pai foi capitão do Exército), sua família teve que se mudar para Manaus (AM), onde ingressou no Grupo Vocacional, destinado aos pré-adolescentes. Um ano mais tarde, fazia parte do Seminário Menor, assim chamado por ser destinado a meninos que ainda não haviam terminado o antigo Ensino Fundamental. Mais tarde, ingressou no seminário seráfico São Francisco de Assis da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos. Como não havia escola de ensino médio, acabou estudando com os padres salesianos no Colégio Dom Basco como seminarista capuchinho.
“Quando terminei o Ensino Médio, viajei a fim de realizar o
Postolantado em Cali, Colômbia. Lá, eu tive a minha experiência no primeiro
período da vida religiosa. Isso ocorre antes dos votos e do noviciado. Mais
tarde, fui para a Umbria, na cidade de Assis, Itália, e após um ano de
noviciado, fiz meus primeiros votos já como frade e passei mais um ano por lá.
De volta ao Brasil, me desloquei para Tabatinga, no Alto Solimões. Foi nesse
período que conheci a realidade missionária daquela região do Brasil. Quando
finalizei esse período voltei para a Itália para estudar Filosofia e Teologia
no Colégio Internacional de Romã”, relata.
Quando concluiu seus estudos, Raimundo foi ordenado padre em
Imperatriz em 15 de dezembro de 1990 pelo então bispo dom Affonso Felipe
Gregory, que o indicou para assumir a Paróquia de Santa Tereza D'Ávila. Mas,
apesar de sua inteira dedicação aos paroquianos e às normas impostas por Roma,
o sacerdote inquietava-se com a falta de compromisso dos outros padres, que, segundo
ele, frequentemente se envolviam em escândalos sexuais e bebedeira. A falta de
seriedade dos colegas o angustiava e ao mesmo tempo o conduziu aos caprichos
seculares.
“Depois que me tornei padre e passei a trabalhar na diocese
da cidade de Imperatriz, não consegui manter inalterável a minha conduta porque
percebi que os demais desconsideravam o voto do celibato, que na verdade é um
juramento, uma promessa de obediência que o padre diocesano faz para o bispo.
Logo, descobri casos envolvendo religiosos que mantinham suas amantes e se
prostituíam. Dessa forma, passei a copiar o mau exemplo, mas confesso que
aquela situação era uma contradição e ao mesmo tempo uma tortura, porque é como
ensinar ao casal sobre a seriedade da vida conjugal e o sacerdote não viver
essa mensagem através do celibato e dos bons costumes. À maioria dos padres
bebe cerveja e uísque quando se encontram em confraternizações, mas quando exige
rigidez moral aos fiéis, o sacerdote cai em contradição e foi justamente nesse
ponto que a minha consciência não me deixava em paz”, lembra o ex-padre.
A frouxidão moral do clero romano acabou por levar Raimundo
a ignorar o voto do celibato e fumar compromisso com a secretária que mais
tarde seria a sua esposa, a hoje irmã Jacicléia Claudino Pinto,.com quem teria seus
dois filhos, André Luiz e Saulo Emanuel. Mas, apesar do ambiente nada
agradável, Raimundo continuou a desempenhar as suas atividades na paróquia.
Porém, novos entraves, desta vez na área doutrinária, surgiriam como mais um
obstáculo em sua carreira. À Igreja Católica mantém costumes como a missa do
sétimo dia e a devoção das almas, por exemplo. Muitas vezes fui convocado para
missa de corpo presente, mas eu percebi que aquilo não fazia sentido, porque a
pessoa não tinha participação, não tinha fé e aquela missão não ja salvar
ninguém. Por outro lado, eu era devoto de Maria, mesmo sabendo que ela não era
a salvadora do ser humano. Anunciava aos fiéis que o caminho da salvação era
Jesus e acender vela não tinha o menor sentido”, conta. E para complicar ainda
mais a situação de Raimundo, ele foi hostilizado por um grupo da diocese
envolvida com homossexualismo e alcoolismo. E depois que denunciou uma
autoridade religiosa ligada ao bispo local, o denunciado resolveu persegui-lo também.
Foi essa situação caótica que levou Raimundo a lembrar-se de
alguém que certamente não lhe daria as costas. Tratava-se de uma amiga dos
tempos de paróquia, mas que não mais fazia parte dos arraiais da diocese. À
irmã Elizabeth Lima de Albuquerque Taveira foi uma ajudante fiel do então padre
Raimundo. Mas, ele perdeu a mão-de-obra de "Beth", como é conhecida,
quando ela se converteu a Cristo e suas energias agora seriam canalizadas para
a Seara de Seu Mestre. Hoje, ela é membro da Congregação Jerusalém, da Assembleia
de Deus em Imperatriz.
Apesar de ter sempre ignorado os evangélicos e a sua
mensagem, Raimundo não viu outra alternativa, senão apelar para alguém a quem
não imaginava solicitar ajuda.
"Quando a vi, logo pedi que orasse por mim, pois minhas
‘aves-marias’ não estavam mais dando certo. Eu sabia que a oração do crente tem
poder. Não fui pedir dinheiro, apenas oração pela minha vida. Depois de algumas
visitas à congregação Jerusalém, no dia 15 de maio de 2007 aceitei Jesus Cristo
como meu Salvador”. Atualmente, o então presbítero Raimundo é diretor do Centro
Terapêutico Esperança, que é uma instituição voltada para recuperação de
dependentes químicos. Lá, o ex-sacerdote atua como psicanalista clínico (ele é
formado em Psicologia pela Universidade Federal de Brasília), No campo
eclesiástico, Raimundo administra a Congregação Adonai, do campo da Assembleia
de Deus em Imperatriz.
“Posso dizer que o Raimundo é um exemplo de uma conversão
legítima. Ele agora é líder de uma de nossas congregações, batizado no Espírito
Santo e Diretor do Cento Terapêutico. Realmente, houve uma transformação total
em sua vida”, comemora o pastor Raul Cavalcante Batista, líder da AD em
Imperatriz.
por Eduardo Araujo
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