“Para que Ele vos conceda conforme as riquezas da Sua glória, que sejais robustecidos com poder, pelo Seu Espírito no homem interior; que habite Cristo pela fé em vossos corações, sendo vós arraigados e fundados em amor, a fim de poderdes compreender com todos os santos qual é a largura, € o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que sobrepuja a ciência, para que sejais cheios até a inteira plenitude de Deus” (Efésios 3.16-19).
Vários livros e palestras de autoajuda têm destacado uma
questão que encanta muita gente. Nesse mesmo barco têm estado a bordo muitos
pregadores que insistem em cativar seus ouvintes com promessas e mais
promessas. À corrida, a disposição e o empenho na busca da realização dos “seus
sonhos”.
Entendo que a linguagem é figurada e que todo o ser humano
precisa de motivação para ir ao encontro das conquistas na vida. Por outro
lado, porém, tem havido certo exagero que infelizmente atinge muitos crentes,
quando sem fundamentação Teológica passam a acreditar que os que têm promessa
de Deus nem morrer não morrem. Se criam novos ritos litúrgicos, busca-se
exemplos na história dos personagens Bíblicos e de forma desenfreada há uma
preocupação em satisfazer a concretização dos “sonhos” dos irmãos. Na maioria
das vezes culminando em frustração.
É certo que nas Sagradas Escrituras, encontramos promessas
de bênçãos por parte do Senhor que precisam ser entendidas dentro do contexto
de cada dispensação; segundo a medida de fé e conforme o propósito de Deus
particularmente a cada servo Seu.
Entendo que ao invés de “sonhos” deveríamos pensar em
ideais; com fé nas promessas e com a racionalidade de planejamentos.
Jesus disse: “Pois qual de vós, querendo edificar uma torre,
não se assenta primeiro a calcular a despesa, para ver se tem com que a acabar?
Para não suceder que tendo lançado os alicerces e não podendo acabar, todos os
que a virem comecem a zombar dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não
pode acabar. Ou qual o rei, que indo entrar em guerra com outro rei, não se
assenta primeiro e consulta se, com dez mil homens, poderá enfrentar o que vem
contra ele com vinte mil? Se não, enquanto o outro ainda está longe, envia-lhe
uma embaixada, pedindo-lhe condições de paz” (Lucas 14.28,32).
Este planejamento proposto está inserido na ideia da
eventualidade de haver renúncia a algum “sonho” quando necessário.
No sentido psicológico os sonhos são pensamentos simbólicos;
em contraste com o pensamento operante dos estados de vigília. Para Freud, são
os desejos reprimidos guardados no inconsciente e que se manifestam em símbolos
oníricos.
Num paralelo com os “sonhos” e “fantasias” das pessoas,
podemos repetir que quem sonha demais é porque dorme demais.
O crente, a despeito de carecer profundamente das
misericórdias, e bênçãos do Senhor, deve viver em estado de alerta para não ser
ludibriado com propostas mirabolantes e “sonhos” irrealizáveis. Na Bíblia há
citações onde Deus faz revelação de fatos por meio dos sonhos, isto é, Ele os instrumentaliza
para comunicar uma mensagem.
Quando um ideal de vida Cristã é planejado se inclui nesse
ideal, a possibilidade dos espinhos no caminho, a necessidade de paciência no
aguardo de alguma resposta, a esperança como elemento motivador, e a fé que é a
substância das coisas esperadas e a prova das coisas não vistas (Hebreus 11.1).
Se o ideal é prosperar financeiramente há de se levar em
conta a capacidade administrativa de cada um, as condições econômicas do país,
o momento certo e a quantidade do investimento, e até mesmo a idade do
investidor, bem como a maneira que o mesmo desenvolve suas relações humanas para
se ter noção se o projeto é de curto ou de longo prazo.
Adquirir bens e propriedades também tem sido a tônica de
muitas pregações quando se fala nos “sonhos” da vida. Mas no desafio de servir
a Cristo estas coisas não são reputadas como prioridades. “Um homem disse-lhe
do meio da multidão: Mestre manda a meu irmão que reparta comigo a herança, mas
Ele lhe respondeu: Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós? Disse
ao povo: Olhai e guardai-vos de toda a avareza, porque a vida de um homem não
consiste na abundância = das coisas que possui” (Lucas 12.13-15).
Se o projeto é a conquista de mais espaço social, político,
ou crescimento dentro da empresa, o Senhor pode sim, abençoar. Porém o preparo
humano também precisa estar presente. O crente não pode pensar que tudo é
milagre e “sonhos de Deus”.
O Antigo Testamento registra a grande destreza de Davi
quando usou cinco pedras do ribeiro para nocautear o gigante Golias. Certamente
ele, enquanto pastoreava as ovelhas, sabendo dos perigos eminentes não se
descuidava no treinamento com sua arma predileta. Assim é ainda hoje. O crente
que busca orientação e graça Divina para ser bem sucedido não pode negligenciar
no preparo para as conquistas desejadas, iludindo-se com a ideia de que os
“sonhos” são realizados somente por que Deus quer.
Ninguém precisa abrir mão dos seus esforços, como que
desistindo da vida e apenas esperando os cuidados de Deus: “Se o Senhor não
edificar a casa em vão trabalham os que a edificam” (Salmos 127.1). E, por
outro lado, ninguém precisa pensar que o Senhor fica ausente dos ideais que nos
trazem bênçãos e glorificação do seu nome: “Entrega o teu caminho ao SENHOR;
confia nele, e ele o fará” (Salmos 37.5).
Acima de tudo, porém que o ideal do crente seja sempre fortalecido
nesta linha de raciocínio do apóstolo Paulo. “A nossa pátria está nos céus, de onde
também aguardamos o Salvador” e não desviemos o nosso olhar dEle.
“Mas ajuntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça nem
a ferrugem os consomem e onde os ladrões penetram e roubam; mas ajuntai para
vós tesouros, no céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem e onde os
ladrões não penetram, nem roubam; porque onde está o teu tesouro, aí estará
também o teu coração” (Mateus 6.19-21).
por Paulo Gonçalves
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