R. A. Torrey e as raízes teológicas do Movimento Pentecostal

R. A. Torrey e as raízes teológicas do Movimento Pentecostal


A compreensão de Torrey do batismo no Espírito moldou as formulações doutrinárias das denominações pentecostais, incluindo as Assembleias de Deus

R. A. Torrey (1856-1928) foi, sem dúvida, um dos líderes mais importantes do que hoje é denominado Movimento Fundamentalista. (1) Torrey foi um influente autor e editor de vários volumes de Os Fundamentos (1910-1915) e superintendente do Instituto Bíblico Moody e do Instituto Bíblico de Los Angeles. Quando lembramos também que, de 1902 a 1906, Torrey circulou o mundo conduzindo enormes reuniões evangelísticas incomparáveis em tamanho naquela época e que seus muitos livros e panfletos permanecem extremamente populares entre os evangélicos conservadores, R. A. Torrey pode, com boas razões, ser chamado nos círculos cristãos de “O Pai do Fundamentalismo”. No entanto, apesar de seu pedigree impressionante e influência incomparável, o legado mais duradouro e significativo de Torrey não pode ser encontrado no Movimento Fundamentalista. Na verdade, o Movimento Fundamentalista rejeitou aspectos significativos da mensagem e da hermenêutica de Torrey. O legado teológico verdadeiro e duradouro de Torrey pode ser encontrado em um movimento que estava começando a tomar forma na época de sua morte em 1928: o Movimento Pentecostal. Embora o próprio Torrey tenha entendido mal e, pelo menos à primeira vista, rejeitado esse movimento, este é, no entanto, seu herdeiro teológico mais fiel e significativo.

Minha defesa de Torrey como pai do movimento pentecostal em vez de pai do movimento fundamentalista se apoia em dois pilares: primeiro, revisarei a compreensão de Torrey da doutrina pentecostal cardeal do batismo com o Espírito Santo; e depois, destaca rei o notável, embora muitas vezes não reconhecido, impacto de Torrey no Movimento Pentecostal, particularmente em
seus estágios de formação. (2)

A compreensão de Torrey sobre o batismo com Espírito Santo

A perspectiva de Torrey é talvez mais claramente apresentada em seu pequeno livro O Batismo com o Espírito Santo (1895), mas descrições semelhantes aparecem em seus livros posteriores A Pessoa e a Obra do Espírito Santo (1910) e O Espírito Santo: Quem Ele é e o que Ele faz (1927), bem como em outros de seus escritos. Os pontos de vista de Torrey sobre este assunto não mudaram ao longo de sua vida e ministério, apesar da pressão considerável para modi­ficá-los ou mudar sua linguagem. O título da biografi­a principal de Torrey, R. A. Torrey: Apóstolo da Certeza, (3) captura bem a abordagem direta, inequívoca e confi­ante de Torrey. Ele é bem claro e sua perspectiva não é difícil de resumir.

Torrey começa sua discussão sobre o batismo com o Espírito Santo observando que “há uma série de designações na Bíblia para essa experiência”. (4) Significativamente, todos os termos e exemplos que ele fornece são encontrados em Lucas-Atos: “cheio do Espírito Santo” (Atos 2.4), “a promessa do Pai” (Lucas 24.49), “poder do alto” (Lucas 24.49), “o dom” (Atos 10.45), “cair sobre” (Atos 10.44) e “receber” (Atos 10.47) são todos equivalentes a “batizado com o Espírito Santo” (Atos 1.5; 11.16). (5)

Torrey então vai ao cerne de sua descrição do batismo com o Espírito Santo fazendo três a­rmações:

1) Uma experiência defi­nida – Em primeiro lugar, Torrey declara que “o batismo com o Espírito Santo é uma experiência defi­nida que se pode saber se recebeu ou não”. (6) Novamente, Torrey se baseia em histórias de Lucas-Atos para apoiar essa declaração (Lucas 24.49; Atos 19.2-6). No entanto, não se pode deixar de ver que esse julgamento também é apoiado por sua própria experiência. R. A. Torrey, como Charles Finney e D. L. Moody, falou de sua poderosa experiência com o Espírito, o momento em que foi “batizado com o Espírito Santo”.

Embora Torrey fosse “conhecido por descon­fiar das emoções excessivas”, (7) ele não hesitou em falar de sua própria experiência. Torrey descreve ter chegado à posição “onde vi que não tinha o direito de pregar até que fosse definitivamente batizado com o Espírito Santo”. (8) Ele declarou a um amigo que não voltaria ao púlpito “até que eu fosse batizado com o Espírito Santo e soubesse disso”. Torrey, então, se fechou em seu escritório e orou fervorosamente de joelhos, pedindo a Deus que o batizasse com o Espírito Santo. Vários dias se passaram e suas orações não foram respondidas. Ele foi tentado a considerar o que poderia acontecer se o domingo chegasse e ele ainda não tivesse recebido a promessa. Mesmo assim, ele decidiu não pregar até que recebesse poder do alto. “Mas”, escreve Torrey, “o domingo não veio antes da chegada da bênção”. (9) Aconteceu de maneira bem diferente do que ele esperava. “Foi um momento muito silencioso, um dos momentos mais silenciosos que já conheci... Deus simplesmente me disse, não em uma voz audível, mas em meu coração: ‘É seu. Agora vá e pregue’... Eu fui e preguei, e tenho sido um novo ministro daquele dia até hoje”. (10)

2) Separado e distinto da regeneração – De acordo com Torrey, o batismo com o Espírito Santo não é apenas uma experiência defi­nida, é também “uma obra do Espírito Santo separada e distinta de Sua obra de regeneração”. (11) Torrey não negou a obra do Espírito Santo na regeneração, ele simplesmente insistiu que “ser regenerado pelo Espírito Santo é uma coisa; ser batizado com o Espírito Santo é algo diferente”. (12) Mais uma vez, a a­rmação de Torrey aqui está enraizada em sua leitura do Livro de Atos. Ele aponta para a promessa de Jesus em Atos 1.5 (“...dentro de poucos dias vocês serão batizados com o Espírito Santo”) como uma promessa feita aos discípulos que “já foram regenerados”. (13) De maneira semelhante, o Pentecostes Samaritano (Atos 8.12-16) mostra claramente que “alguém pode ser (...) um homem regenerado, mas não ter o batismo com o Espírito Santo”. (14)

Com essas declarações, Torrey ecoa a teologia e a experiência de seu mentor, D. L. Moody, e de uma série de outros líderes cristãos do século 19. A base para distinguir o batismo com o Espírito Santo da conversão e da regeneração foi, na verdade, estabelecida anteriormente pelo sucessor de Wesley, John Fletcher. Donald Dayton argumenta que enquanto John Wesley estava relutante em conectar o batismo com o Espírito Santo à santi­ficação por medo de minar sua conexão com a conversão, John Fletcher não estava. Fletcher estava muito mais disposto a usar a terminologia pentecostal com respeito à santifi­cação e, assim, vincular o batismo do Espírito a um momento pós-conversão de inteira santificação. (15) Dayton também observa que essa mudança de ênfase de “batismo e conversão do Espírito” no pensamento de Wesley para “batismo e santifi­cação do Espírito” nos escritos de Fletcher foi ocasionada por uma mudança nos fundamentos exegéticos. “É um fato notável que, apesar do compromisso de Wesley com uma ‘restauração’ da vida da Igreja Primitiva, ele raramente se refere ao Livro de Atos”. (16) Fletcher, por outro lado, “traz o Livro de Atos a uma nova proeminência”. (17) Dayton conclui: “Assim, podemos detectar entre Wesley e Fletcher uma mudança signi­ficativa (...) de uma orientação basicamente paulina ou joanina para uma orientação lucana”. (18)

Esta tendência de falar do Batismo com o Espírito Santo com referência a uma experiência pós-conversão ganha impulso nos círculos do Movimento de Santidade na segunda metade do século 19. Vários avivalistas proeminentes deste período, especialmente aqueles influenciados pela tradição reformada, também começaram a enfatizar os temas e a terminologia pentecostal. Charles G. Finney, Dwight L. Moody, A. J. Gordon e A. B. Simpson falaram de um batismo com o Espírito Santo distinto da conversão. (19) No entanto, uma questão crucial permaneceu sem resposta. Qual foi o verdadeiro propósito ou resultado do batismo com o Espírito Santo? Embora desde Fletcher e cada vez mais nos círculos do Movimento de Santidade no século 19 o termo tenha sido associado a uma experiência de santi­ficação, a evidência bíblica para essa interpretação era mínima, na melhor das hipóteses. Quanto mais os avivalistas mencionados acima falavam do Pentecostes e do batismo com o Espírito Santo, mais eles eram atraídos para a obra de Lucas em dois volumes. Cada vez mais, esse grupo começou a descrever o batismo com o Espírito Santo como uma capacitação pós-conversão que capacitava seu destinatário a ministrar com efi­cácia, bem como a vencer o pecado. Esta ênfase no “poder para o serviço” estava em inquietante tensão com o foco anterior do Movimento de Santidade na “pureza”.

Assim, quando R. A. Torrey publicou sua obra O Batismo com o Espírito Santo em 1895, sua apresentação do batismo do Espírito como uma experiência defi­nida e distinta da conversão não foi única. Em vez disso, ele claramente se baseou em uma tradição teológica estabelecida e crescente. No entanto, a contribuição singular de Torrey para a discussão torna-se evidente com sua próxima afi­rmação.

3) Sempre conectado com o testemunho e o serviço – Torrey foi inequívoco quanto ao propósito do batismo com o Espírito Santo. “O batismo com o Espírito Santo”, declarou Torrey, “está sempre ligado ao testemunho e ao serviço”. (20) Enquanto a maioria de seus contemporâneos sugeriu que o batismo com o Espírito Santo estava pelo menos parcialmente conectado à santificação, Torrey não se desviou do que ele sentia ser o ensino claro do Livro de Atos. “Olhe atentamente para cada passagem em que o batismo com o Espírito Santo é mencionado e você verá que ele está relacionado com e tem o propósito de testemunho e serviço (por exemplo, Atos 1.5,8; 2.4; 4.31,33)”. (21) Além disso, Torrey observou que, embora “haja uma obra do Espírito Santo de tal caráter que o crente é ‘feito (...) livre das leis do pecado e da morte’ (Romanos 8.2)”, ele declarou enfaticamente: “Mas este não é o batismo com o Espírito; nem é a erradicação de uma natureza pecaminosa”. (22) Repetidamente, Torrey enfatiza seu ponto: “O batismo com o Espírito Santo não tem o propósito de purificar do pecado, mas o propósito de capacitar para o serviço”. (23)

A especi­cidade e a clareza da visão de Torrey o diferencia de todos os seus contemporâneos. (24) Como observamos, muitos outros falaram do batismo com o Espírito Santo como uma experiência de­finida, distinta da conversão. Mas, quase sem exceção, seus colegas conectaram esta experiência de alguma maneira com a santi­ficação. Isso é verdade para Charles G. Finney, A. J. Gordon e A. B. Simpson.25

Torrey qualifi­cou sua compreensão do “poder para o serviço” (26) do batismo no Espírito. Ele reconheceu que “este poder não se manifestará precisamente da mesma maneira em cada indivíduo”. (27) Aqui Torrey se afasta de seu fundamento exegético normal, Lucas-Atos, e muda para a discussão de Paulo sobre dons do Espírito em 1 Coríntios 12. Torrey aponta para a ênfase de Paulo na diversidade de dons (1 Coríntios 12.4,8-11) e observa que o Espírito Santo “nos comunicará o poder que nos qualifi­cará para o campo que Ele escolheu [para nós]”. (28) Na opinião de Torrey, nem todos são chamados para ser pregadores, evangelistas ou missionários. No entanto, todos são chamados a dar testemunho de Cristo e a servir de várias maneiras. Se quisermos cumprir os propósitos de Deus para nossas vidas e servir com e­ficácia, precisamos ser batizados com o Espírito Santo. Pois “embora o poder que o batismo com o Espírito Santo traz se manifesta de maneiras diferentes em indivíduos diferentes, sempre haverá poder”. (29)

A ênfase de Torrey no batismo do Espírito como a fonte de diversos dons o levou a rejeitar o falar em línguas como seu sinal normativo. Torrey declara: “Não vi ninguém falando assim [em línguas] e muitas vezes me perguntei: ‘Há alguém hoje que realmente é batizado com o Espírito Santo com línguas?’ (1 Coríntios 12.30)”. (30)

Torrey escreveu essas palavras em 1895, bem antes dos eventos milagrosos que acompanharam o reavivamento da Rua Azusa (1906-1909). Durante essas reuniões notáveis, milhares relataram que foram batizados com o Espírito Santo e falaram em línguas. Só podemos nos perguntar se ele teria reagido de forma diferente se tivesse, nesta fase de sua vida, contato pessoal com esses pentecostais modernos.

Impacto de Torrey no Movimento Pentecostal

Apesar do repúdio de Torrey ao “Movimento das Línguas”, os pentecostais o amavam mesmo assim. O estadista pentecostal britânico Donald Gee a­rmou que foi Torrey “quem primeiro deu ao ensino do batismo com Espírito Santo uma nova, e certamente mais bíblica e doutrinariamente correta, ênfase na linha do ‘poder do alto’, especialmente para o serviço e testemunho (Atos 1.8)”. Gee também observou que a “apresentação lógica da verdade de Torrey fez muito para estabelecer a doutrina”, acrescentando que “sua pregação [em Berlim] sobre o batismo no Espírito plantou sementes que sem dúvida floresceram alguns anos depois, quando o Movimento Pentecostal estourou na Alemanha”. (31) É claro que o impacto de Torrey não se limitou à Alemanha. Ele foi um catalisador para o avivamento pentecostal na Inglaterra, País de Gales e além. Testemunhos da pregação de Torrey em todo o mundo permeiam os primeiros periódicos pentecostais. (32)

Além da pregação de Torrey, os primeiros pentecostais adoravam fazer referência aos escritos de Torrey. O apologista pentecostal Carl Brumback cita a definição de Torrey do batismo com o Espírito Santo, acrescentando que “representa a visão básica do Movimento Pentecostal em direção à experiência”. (33) Muitas escolas pentecostais usaram O Que a Bíblia Ensina (1898), de Torrey, como livro didático. (34) Uma das declarações de Torrey contidas neste livro – “O batismo com o Espírito Santo é uma operação do Espírito Santo distinta, subsequente e adicional à Sua obra regeneradora” (35) – é “a citação mais frequente de um não pentecostal encontrada na literatura pentecostal”. (36) Além disso, Horace Ward descreve o livro de Torrey O Espírito Santo: Quem Ele é e o que Ele faz (1927) como “o tratado não pentecostal mais aceitável sobre a doutrina pentecostal”. (37)

Claramente, este livro também foi amplamente lido nos círculos pentecostais. Deve-se notar também que o homem que muitos considerariam o catalisador teológico do Movimento Pentecostal, Charles Parham, leu os escritos de Torrey. (38) Uma pesquisa da literatura pentecostal inicial con­firma a conclusão de Frederick Bruner: “Torrey foi, depois de Wesley e Finney, a ­figura mais influente na pré-história do pentecostalismo”. (39) Na verdade, dada sua proximidade no tempo e com a doutrina de Parham, de Durham e do Reavivamento da Rua Azusa, pode-se argumentar com alguma força que o papel de Torrey deve ser considerado o principal.

A influência de Torrey se estendeu para além de sua pregação e escrita para a sala de aula. Como Stanley Horton observa, “vários dos primeiros líderes do Movimento Pentecostal estudaram ou foram influenciados pelo Dr. Torrey”. (40) Frank Bartleman, Francisco Olazabal e Marie Burgess eram todos alunos do Instituto Bíblico Moody durante o mandato de Torrey lá. (41) Assim, por meio de sua pregação, ensino e numerosos livros, Torrey exerceu uma influência tremenda, na verdade formativa, sobre os líderes pentecostais emergentes e sobre o movimento como um todo. Seu impacto di­ficilmente pode ser exagerado.

No entanto, a influência de Torrey no Movimento Pentecostal não foi devidamente reconhecida. Por um lado, os pentecostais têm muitas vezes misturado Torrey com outros pregadores de Keswick, fazendo parecer que todos eles ensinavam essencialmente a mesma coisa. (42) Eu acredito que mais nuances são necessárias. Embora todos os pregadores de Keswick associassem o batismo do Espírito com poder, virtualmente todos os outros, ao contrário de Torrey, conectaram esse poder com a santi­ficação (bem como o poder para o serviço) de maneiras signi­ficativas. Por outro lado, os alunos e colegas fundamentalistas de Torrey tentaram apagar ou tirar a ênfase das fortes correntes pentecostais que fluíram através de sua teologia. Este ponto é bem ilustrado por uma “conversa estranha entre James Gray e a fi­lha de Torrey, Edith, em 1931”. O Instituto Bíblico Moody queria alterar uma seção do curso por correspondência de Torrey sobre o batismo com o Espírito Santo, mas, devido a restrições de direitos autorais, eles precisavam da permissão da família Torrey para fazê-lo. “Os ensinamentos de Torrey eram muito próximos dos ‘pentecostais radicais’, como Aimee Semple McPherson, explicou Gray”. (43) A maioria dos fundamentalistas, com sua orientação dispensacionalista, rejeitou essa abordagem. Edith ficou horrorizada com o pedido de Gray e o rejeitou com ­firmeza, pedindo que ele nunca mais mencionasse o assunto. (44) Este julgamento também é apoiado pela esposa de Torrey. Quando alguns dos alunos de Torrey tentaram distanciar seu ensino sobre o batismo no Espírito daquele do pentecostalismo, alegando que Torrey simplesmente tinha sido descuidado com o uso dos termos, a Sra. Torrey negou enfaticamente esses “relatos, alegando que seus pontos de vista sobre o assunto nunca haviam mudado apesar de sua rejeição da glossolalia como evidência inicial uniforme”. (45)

Conclusão

Sugeri que R. A. Torrey, com razão, pode ser chamado de “O Pai do Fundamentalismo”. Ainda assim, também documentei como suas opiniões, particularmente com referência ao batismo com o Espírito Santo, antecipam e influenciam signifi­cativamente o nascente Movimento Pentecostal. A compreensão de Torrey do batismo no Espírito como uma experiência de­finida, distinta da regeneração, que capacita o testemunho e o serviço em grande medida, molda as formulações doutrinárias de denominações pentecostais posteriores, incluindo as Assembleias de Deus. Torrey abriu um caminho interpretativo que muitos pentecostais seguiriam. Embora seja verdade que Torrey rejeitou a posição pentecostal de que as línguas servem como o sinal normativo do batismo no Espírito, também é evidente que esta doutrina simplesmente reflete a leitura de Atos de Torrey levada ao seu fi­m lógico. É uma extensão natural da hermenêutica de Torrey. Além disso, descrevi a influência notável e signifi­cativa que Torrey exerceu sobre o Movimento Pentecostal, moldando sua doutrina, hermenêutica e prática em vários pontos.

Quando se considera o impressionante currículo de valores compartilhados e do impacto que ligam Torrey ao Movimento Pentecostal, é difícil encontrar seu equivalente no mundo fundamentalista (ou evangélico não-pentecostal). Este é particularmente o caso quando nos lembramos que os pentecostais a­rmaram (e ainda a­rmam) todas as doutrinas--chave delineadas em Os Fundamentos, e que os fundamentalistas rejeitaram (e ainda rejeitam) muitos dos ensinamentos de Torrey, incluindo sua abordagem à cura divina e ao viver de acordo com fé, bem como sua compreensão do batismo no Espírito, que os pentecostais abraçaram. Uma revisão honesta das evidências leva à seguinte conclusão: o legado teológico duradouro de R. A. Torrey pode ser encontrado nos fi­lhos e fi­lhas do Reavivamento da Rua Azusa, e não nos enteados de instituições fundamentalistas pós-Torrey.

Referências

(1) De acordo com John Fea, o termo “fundamentalista” não foi usado até 1920 (FEA, Power from on High in an Age of Ecclesiastical Impotence: The ‘Enduement of the Holy Spirit’ in American Fundamentalist Thought, 1880-1936, Fides et Historia 26 [1994], p. 24).

(2) Este ensaio é uma versão altamente condensada do primeiro capítulo de meu livro Christ-Centered: The Evangelical Nature of Pentecostal Theology (Eugene, OR: Cascade, 2020).

(3) MARTIN, Roger. R.A. Torrey: Apostle of Certainty (Murfreesboro, TN: Sword of
the Lord Publishers, 1976).

(4) TORREY, R. A. The Baptism with the Holy Spirit (Bethany Fellowship: Minneapolis, MN, 1972; orig. 1895), p. 13.

(5) TORREY, Baptism, pp. 13-14. |

(6) TORREY, Baptism, p. 14 (itálicos dele).”

(7) Marsden, Fundamentalism, p. 130.

(8) R. A. Torrey, The Holy Spirit: Who He Is, and What He Does (Fleming H. Revell, 1927), p. 198.

(9) Torrey, The Holy Spirit, p. 198. |

(10) Torrey, The Holy Spirit, pp. 198-199.

(11) Torrey, Baptism, p. 16 (itálicos dele). Torrey também descreve o batismo com Espírito Santo como uma “segunda bênção” (Baptism, p. 18).

(12) Torrey, Baptism, p. 16.

(13) Torrey, Baptism, p. 16.

(14) Torrey, Baptism, p. 17.

(15) DAYTON, Donald W., Theological Roots of Pentecostalism (Metuchen, N.J.: The Scarecrow Press, 1987), pp. 48-54; Dayton, “The Doctrine of the Baptism of the Holy Spirit: It’s Emergence and Signi­cance,” Wesleyan Theological Journal 13 (Spring 1978), p. 116.

(16) Dayton, Roots, p. 52.

(17) Dayton, Roots, p. 53.

(18) Dayton, Roots, p. 53.

(19) Dayton, Roots, pp. 100-108.

(20) Torrey, Baptism, p. 17 (itálicos dele).

(21) Torrey, Baptism, pp. 17-18.

(22) Torrey, Baptism, p. 19.

(23) Torrey, Baptism, p. 18 e também novamente p. 19.

(24) GILBERTSON, Richard, The Baptism of the Holy Spirit: The Views of A.B. Simpson and His Contemporaries (Camp Hill, PA: Christian Publications, 1993), p. 197. Com referência ao impacto ou sinal do Batismo no Espírito, Gilbertson escreve: “Outros [em contraste com Moody e Torrey] (...) tendem a focar na capacidade recém-descoberta do crente de levar uma vida santa”.

(25) Gilbertson, The Baptism of the Holy Spirit, pp. 145-192; John L. Gresham, Charles G. Finney’s Doctrine of the Baptism of the Holy Spirit (Peabody, MA: Hendrickson, 1987), p. 86.

(26) Torrey, Baptism, p. 20: “O batismo com o Espírito Santo confere poder, poder para o serviço”.

(27) Torrey, Baptism, p. 20.

(28) Torrey, Baptism, p. 24.

(29) Torrey, Baptism, p. 24 (itálicos meus). Então também nas pp. 25-26: “O batismo com o Espírito Santo é o Espírito de Deus vindo sobre o crente, tomando posse de suas faculdades, concedendo-lhe dons que não são naturalmente seus, mas que o quali­cam para o serviço para o qual Deus o chamou”.

(30) Torrey, Baptism, pp. 20-21. Moody também aconselhou: “Você não deveria estar procurando por nenhum sinal (...) apenas continue pedindo e esperando pelo poder” (D. L. Moody, “Question Drawer,” in College Students at North­eld, ed. T.J. Shanks [New York, 1888], pp. 204-205).

(31) Donald Gee, The Pentecostal Movement, Including the Story of the War Years (1940-1947) (London: Elim Publishing Company, 1949 revised edition), pp. 4-5 (todas as citações de Gee). A influência de Torrey é narrada por Hollenweger e levou Marsden a falar de Torrey como “uma espécie de fi­gura de João Batista para o pentecostalismo internacional posterior” (see Walter J. Hollenweger, The
Pentecostals [Peabody, MA: Hendrickson, 1988; original, 1972], pp. 221-223 e Marsden, Fundamentalism, p. 94 respectivamente).

(32) Veja a seguir o impacto de Torrey em várias nações: A. Boddy, “Scenes in Denmark,” Con­dence (Oct. 10, 1910), p. 229 (Dinamarca); Con­dence (Dec., 1914), p. 229 (Berlim); Minnie Abrams, “How the Recent Revival Was Brought About in India,” The Latter Rain Evangel (July, 1909), p. 8 (Austrália); E. N. Bell, “Questions and Answers,” The Pentecostal Evangel (April 21, 1923), p. 9 (China); J. Narver
Gortner, “Sins of Omissions,” The Pentecostal Evangel (April 4, 1925), p. 3 (Austrália); David Leigh, “Thousands Turning to Christ in China,” The Pentecostal Evangel (Feb. 26, 1927), p. 1 (Inglaterra).

(33) Carl Brumback, What Meaneth This? (Spring­eld, MO: GPH, 1947), 183-84 as cited in Smeeton, “The Charismatic Theology of R.A. Torrey,” p. 22.

(34) King, Disfellowshiped, p. 164.

(35) Torrey, What the Bible Teaches, p. 322.

(36) Frederick Dale Bruner, Theology of the Holy Spirit: The Pentecostal Experience and the New Testament Witness (Grand Rapids: Eerdmans, 1970), p. 46.

(37) Horace S. Ward, Jr., “The Anti-Pentecostal Argument” in Vinson Synan, ed., Aspects of Pentecostal-Charismatic Origins (Plain­eld, NJ: Logos International, 1975), p. 108.

(38) Gloege, Guaranteed Pure, p. 131.

(39) Bruner, Theology of the Holy Spirit, p. 45. Uma busca nas participações online do Flower Heritage Pentecostal Centre (www.ifhpc.org) é instrutiva: o nome de Torrey, que estava ligado a vários testemunhos, citado favoravelmente em uma variedade de artigos e listado como autor de muitos livros anunciados pelas publicações, apareceu em 126 entradas de 1908 a 1939. Isso confi­rma o julgamento de Bruner: “O pentecostalismo encontrou na teologia do Espírito de Torrey uma afi­nidade especial” (Theology of the Holy Spirit, p. 45).

(40) Horton, “Review of R.A. Torrey, The Person and Work of the Holy Spirit,” p. 29. Ver também Smeeton, “Charismatic Theology of R.A. Torrey,” p. 22.

(41) Gloege, Guaranteed Pure, pp. 133-34.

(42) Gilbertson observa proveitosamente que “em contraste com D.L. Moody e particularmente R.A. Torrey, os professores de Keswick devotaram muito mais atenção à obra do Espírito na santi­ficação” (The Baptism of the Holy Spirit, p. 180). Charles Nienkirchen observa, por exemplo, que A.B. Simpson “tirou a ênfase do batismo do Espírito Santo como uma fonte de poder para o serviço” e, em vez disso, destacou “seu papel em trazer ‘união com Cristo’ e ‘purifi­cação do pecado’” (Nienkirchen, “A.B. Simpson: Forerunner and Critic of the Pentecostal Movement” in David F. Hartzfeld and Charles Nienkrichen, eds., The Birth of A Vision [Beaverlodge, Canada: Buena Book Services, 1986], p. 143). Este julgamento é apoiado pela análise detalhada de Gilbertson (The Baptism of the Holy Spirit, pp. 207-219).

(43) Gloege, Guaranteed Pure, p. 227.

(44) Gloege, Guaranteed Pure, 227. Gloege cita a correspondência para essa troca no n. 2 na p. 26045 Waldvogel, “The Reformed Evangelical Contribution,” 19, n. 32. Veja ali a correspondência e as fontes citadas por Waldvogel. Assim também afirma King, “To his credit, Torrey’s position changed little if at all over the years since The Baptism with the Holy Spirit had come out in 1895” (Disfellowshiped, p. 140).

por Robert Menzies

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