Vivemos tempos complicados em todas as áreas do comportamento humano. O tema deste artigo é urgente, inquietante, preocupante e ameaçador para uma geração fora de controle como esta que as famílias estão tendo que enfrentar. Estamos vendo adultos usando chupetas e crianças sendo expostas nas redes sociais sem serem respeitadas na sua pureza infantil.
Adultização pode ser entendida como a ação de adultos exporem
crianças, antes do tempo, a conteúdos, comportamentos, responsabilidades ou
padrões estéticos típicos da vida adulta.
Fatos recentes, como dos influencers digitais que
exploravam menores com criminosas exposições com danças escandalosas e
eróticas, sem nenhum respeito às leis de proteção a crianças e adolescentes, é
só uma amostra de tudo o que significa adultizar crianças. São várias as
condutas, tanto de exploradores como de genitores, principalmente as mães, ao
expor suas crianças de diversas formas: nas redes sociais, expondo fotos,
criando contas para as crianças, até mentindo sobre suas datas de nascimento; expondo
as crianças com roupas estilo adulto; maquiagem exagerada, próprias para
pessoas com mais idade; presentear crianças pequenas com smartfones, coisa que
só pessoas com mente adulta poderiam usar; erotização de crianças através de
fotos, informações descabidas, ambientes erotizados etc. No meio cristão, crianças
são usadas por adultos para cantar e pregar, atendendo a agendas e até
recebendo dinheiro. Isto é pular etapas do desenvolvimento infantil. Não me
refiro a crianças cantarem ou testemunharem sem serem rotuladas ou exploradas.
O que pode levar os pais a exporem seus filhos a esse tipo de
processo?
Falta de preparo dos pais. Ao ter um filho, cada casal
precisa se informar sobre as faixas etárias, os comportamentos e como proteger
suas crianças. Além disso, muitos pais, principalmente as mães, fazem isto para
expor a criança como um troféu, para que seja admirada e elogiada. Mãe, não
faça isto com sua criança! Ela precisa de proteção, não de exposição. Guilherme
Polanczyk, professor da Faculdade de Medicina da USP, afirma que muitos pais
têm a ideia de que acelerar o desenvolvimento de uma criança pode torná-la mais
madura. Os pais precisam estar atentos para não usar suas fantasias na vida dos
seus filhos.
Há ainda a influência da internet, o modismo de postar tudo na
internet. Lembre-se de que seu filho não é objeto. Você pode estar prejudicando
a formação de sua criança. Além disso, muitas crianças são usadas para trazer recursos
financeiros, sendo explorados por adultos.
Quando uma criança é vítima da adultização pode sofrer impactos
negativos como:
1) Desenvolver traumas e patologias psicológicas, como
ansiedade, depressão e hiperatividade. Alguns ainda podem desenvolver transtornos
de aprendizagem, com problemas cognitivos, com dificuldades na vida escolar. É bom
lembrar que até sete anos as crianças passam pela formação de maior número de
neurônios. Ou seja, tudo que aprende nesta faixa etária faz parte da formação cerebral,
se tornando memória em longo prazo.
2) Pular de fase. O desenvolvimento infantil implica
que a criança viva plenamente cada faixa etária. A criança precisa estudar e
brincar. O aprendizado e o lúdico se fazem necessários.
3) Crise de identidade. Uma criança adultizada pode
ter muita dificuldade na formação de sua identidade e personalidade.
4) Perigos diversos. Segundo a psicóloga e
psicanalista Sabrina Serra Matos, professora do curso de Psicologia da Unifor,
adultizar precocemente uma criança e explorar sua imagem nas redes sociais é
uma forma de violência, com um impacto emocional que pode ser devastador. Ela
fala sobre os efeitos drásticos para uma criança, “de sintomas como apatia,
irritabilidade, agressividade, insônia, dificuldades de aprendizagem, de
estabelecimento de vínculos, entre outros”.
Outro perigo é que quando expomos uma criança, corremos riscos
de abusos e exploração da imagem dela. Não ponha foto de Sua criança na
internet. Abusadores buscam crianças na internet. Pais e educadores precisam
observar cada faixa etária e desenvolver o brincar, o lazer e o aprender, de
acordo com a capacidade de alcance de cada faixa. Para proteção das crianças,
em relação às telas, precisamos observar o que a Sociedade Brasileira de
Pediatria estabelece: até dois anos de idade, nenhuma exposição; de 2 à 5 anos,
1 hora, com supervisão dos pais; de 6 a 10 anos, 1 a 2 horas; de 11 a 18 anos,
3 horas diárias. Protejamos nossas crianças das telas. Elas adoecem nossas
crianças. Pais, igrejas e educadores precisam estar atentos para os excessos em
relação às nossas crianças. Nosso trabalho é de proteção e acolhimento.
Este é um desafio que precisamos, como igreja e família,
estar atentos e preparados para educar com amor, cuidar com carinho e acolher
com responsabilidade. Os pais precisam ser orientados, professores treinados e
líderes despertados para este momento.
Outro desafio deste tempo é a infantilização de adultos. Talvez
possamos pensar que crianças adultizadas podem se tornar adultos
infantilizados. Um exemplo bem atual é que adultos estão usando chupetas publicamente.
Algo que parece ridículo, mas tem significados existenciais e psicológicos.
Um relatório elaborado nos Estados Unidos e publicado na revista
Veja mostrou que, em 2024, consumidores acima de 18 anos compraram, pela primeira
vez, mais brinquedos para si mesmos do que crianças em idade pré-escolar. Esta
síndrome, que podemos chamar de “Síndrome de Peter Pan”, é uma crise
existencial causado por traumas na infância que podem levar, na idade adulta, a
crises de identidade e insegurança existencial. Deus nos encha de sabedoria e
sensibilidade para cuidar e acolher pessoas que precisam de cuidados especiais.
Que Deus nos proteja.
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Adriele. Educa+ Brasil, 2025. Adultização
infantil: causas, impactos e como proteger as crianças. Disponível em: <
https://waw.educamaisbrasil.com.br/educacao/noticias/adultizacao-infantil-causas-impactos-e-como-protegercas-criancas>.
Acesso em: 29 ago. 2025.
MORATELLI, Valmir. Infantilização de adultos:
fenômeno global que contrapõe a adultização. Veja, 2025. Disponível em: <
https://veja.abril.com.br/coluna/veja-gente/infantilizacao-de-adultos-fenomeno-global-que-contrapoe-a-cadultizacao/>.
Acesso em: 29 ago. 2025.
por Israel Alves Ferreira
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