A ordem de Deus a nosso respeito

A ordem de Deus a nosso respeito


Alguns educadores e estudiosos de Teologia com visão liberal consideram que os anjos são simplesmente “essências platônicas” ou “emanações” provenientes de Deus. De acordo com essas perspectivas, crer na existência dos anjos como Seres racionais é visto como uma “mitologia grosseira ou ideias delirantes”. Essa crença se alinha com o racionalismo filosófico, já que era defendida pelos saduceus nos tempos de Cristo (Atos 23.8). No outro extremo, encontramos os místicos, os cabalistas e os ufologistas, que acreditam e reverenciam os seres angelicais de forma irracional, similar aos antigos praticantes das religiões gnósticas dos dias de Paulo (Colossenses 2.18). Somente os sólidos ensinamentos bíblicos têm o poder de refutar o misticismo gnóstico e o racionalismo materialista desenfreado, que têm se espalhado pela sociedade cristã e, inclusive, por algumas igrejas (Mateus 22.29).

Ao analisarmos o texto e os contextos imediato e distante do Salmo 91, encontramos verdades preciosíssimas a respeito das “ordens de Deus aos anjos a nosso respeito”. Afinal de contas, os anjos foram criados por Deus para ministrar em favor dos santos (Hebreus 1.13,14). Em grego, o vocábulo angelos é traduzido por “mensageiros” ou “enviados”. Eles são enviados e controlados por Deus para cumprirem diversas missões, inclusive executarem juízo (2 Reis 19.35). O evangelista Lucas relata em Atos 5.19 que Deus providenciou um anjo para agir em favor dos apóstolos que passavam por severas perseguições e, na sequência dos fatos, Ele enviou o Seu anjo e libertou o apóstolo Pedro da prisão e das mãos de Herodes (Atos 12.7-11).

O texto de Salmos 91.1-16 é palavra profética para aqueles que acreditam, refugiam-se e confiam inequivocamente em Deus. Neste texto, vemos o agir de Deus em nosso favor, dando livramento dos terrores noturnos e das setas malignas lançadas contra nós. Nos momentos de trevas, é Deus quem nos protege. Nas tentativas concretas do inimigo que buscam nos ferir, seja com flechas envenenadas ou laço do passarinheiro na agitação do dia a dia, Deus envia Seus anjos para nos proteger, dando livramento da pestilência e da mortandade. Existem pragas que se espalham na escuridão e há mortes que ocorrem à luz do dia. Estamos sem poder para lidar com esses dois perigos. Nenhuma classe social pode nos oferecer proteção. Nenhuma sabedoria, mesmo que extensa, pode nos resguardar. Apenas Deus é capaz de nos proteger dessas ameaças concretas, que são muitas vezes imperceptíveis (Salmos 91.6). Deus poderá dar ordens a seus anjos para nos dar livramento total e, ao mesmo tempo, contemplar a recompensa dos ímpios (Salmos 91.7,8), porque Deus dá ordens aos anjos a nosso respeito: “O anjo do Senhor acampa-se ao redor dos que o temem e os livra” (Salmos 34.7). Assim, Ele dá livramento e proteção aos nossos lares (Salmos 91.9,10). Quando colocamos Deus como o centro do nosso lar, Ele habita nas nossas vidas e o anjo do Senhor ocupa o espaço dos nossos lares, acampando-se e defendendo-nos de todo o mal e de todas as doenças. Não estamos livres neste mundo, pessoas más podem tramar contra nós e nos lançar setas malignas e maldições perigosas, mas não atingem nosso abrigo, pois Deus coloca o Seu anjo e nos protege de cada uma delas (Mateus 7.24-27).

Temos a “escolta angelical” a nosso favor (Salmos 91.11-13). Deus assegurou que enviaria apoio dos anjos, uma vez que necessitamos de assistências divinas ao enfrentarmos adversários sobrenaturais. Por esse motivo, os anjos, como sentinelas discretas, protegem aqueles que procuram abrigo no Senhor (Salmos 91.1). O texto bíblico não se refere ao “anjo da guarda”, como muitas pessoas, até mesmo alguns crentes, desavisadamente acreditam. O texto sagrado fala dos anjos de forma geral, que são, na verdade, ministros de Deus que trabalham diuturnamente a nosso favor, respeitadas as ordens divinas. Eles respeitadas as ordens divinas. Eles são os protetores dos príncipes da linhagem imperial celestial e, conforme os mandamentos divinos, eles nos defendem e nos protegem. São designados pelo próprio Criador para assegurar que os santos estejam seguros. Se andarmos nos caminhos do Senhor, os anjos ministram, nos sustentam e livram-nos de tropeços, sem dúvida.

Voltemos a Salmos 91.11-13, passagem bíblica citada por Satanás para tentar Jesus na ocasião do deserto (Mateus 4.6). Satanás é mestre em alterar, adulterar e interpretar distorcidamente as Escrituras, manipulando-a sempre para enganar as pessoas, até mesmo os escolhidos (Mateus 24.24). Ele é, na verdade. um falso hermeneuta. Neste sentido, Ele subtraiu parte do versículo 11 e 12 e acrescentou Outros termos, como, por exemplo, “para que nunca tropeces em alguma pedra”. Portanto, ao substituir ou acrescentar, à sua intenção era usar o poder da Palavra de Deus para incitar Jesus à desobediência, rebeldia e rebelião, e tentar a Deus. Warren Wiersbe disse: “Se o Pai tivesse ordenado que Jesus saltasse do alto do templo, os anjos teriam guardado Jesus, mas saltar sem ordem do Pai teria sido arrogância, e não fé, e isso seria o mesmo que tentar o Pai”. De acordo com Lucas 24.19, se seguirmos os caminhos de Deus, mesmo que as serpentes mais astutas e venenosas, como a áspide, nos ataquem, ou que os leões ferozes, Com seus rugidos aterradores, nos ameacem, estaremos protegidos pelos anjos de Deus e sairemos vitoriosos, superando os inimigos mais poderosos e inteligentes. Como disse Derek Kidner, que escreveu vários comentários sobre os Salmos: “Os servos de Deus não saem dessa batalha meramente como sobreviventes, mas, sobretudo, como vencedores”.

REFERÊNCIAS

KINDER, Derek. Salmos 73—150: Introdução e Comentário. São Paulo: Vida Nova, 2006.

WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. vol. 3. São Paulo: Geográfica, 2006.

por Maurício Brito

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