Ele viveu crime, violência, medo; liberto, hoje é pai de família, presbítero e empresário
As drogas continuam sendo um pesadelo na sociedade devido às suas desastrosas consequências. Apesar do esforço das autoridades hodiernas a fim de enfrentar o pesadelo que se infiltra no seio das famílias, o jovem Elias Guedes da Silva Junior foi uma das vítimas desse mal, ao atender o convite de amigos que lhe apresentaram as perigosas substâncias que escravizam o ser humano e, por fim, acabam ceifando a vida do dependente químico. Elias se recorda da infância difícil, já que foi criado no insalubre ambiente de um lar que ele mesmo qualificou como “dividido espiritualmente”. “Eu cresci em um ambiente onde a minha avó Edite Guedes compartilhou comigo o Evangelho na Assembleia de Deus; já do lado materno, eu tive práticas no espiritismo. Essa dualidade marcou a minha infância. Apesar de ter crescido mais próximo da minha avó, foi nesse período que mergulhei em um mundo de trevas ao me envolver com as drogas. Não passou muito tempo, logo me tornei um dos líderes do baile funk no estado de Pernambuco”.
Os conhecidos bailes funk, enquanto considerados manifestações
culturais e artísticas oriundas das periferias urbanas Brasil afora, consolidaram-se,
diziam alguns, como uma espécie de “espaço de resistência e identidade
juvenil”. Contudo, as autoridades têm uma opinião diferente do que acontece nesses
espaços. Ao mesmo tempo que os participantes tentam expressar a vivência nesses
locais considerados historicamente marginalizados, estes também se tornam um
palco muito comum para o consumo e a comercialização de substâncias psicoativas.
Essa insólita realidade se transformou em objeto da atenção das autoridades
policiais por causa da conjugação de violência e tráfico de drogas entre os
frequentadores desses eventos.
O consumo de substâncias nos bailes funk tem a influência de
vários fatores sociais, destacando a exclusão econômica e o conteúdo das
músicas de cantores ligados a facções criminosas que se tornam atraentes aos
jovens de periferia por retratar uma “vida fácil” no banditismo. Diante disso,
esses locais, considerados lúdicos, na verdade, funcionam como um mundo
ilusório para os incautos.
O jovem Elias ficou deslumbrado pelas “vantajosas” possibilidades
apregoadas nas letras dos bailes e deixou-se envolver pelo tenebroso cenário
onde apenas o encarceramento ou se assassinado em um confronto com policiais ou
por uma facção inimiga era uma certeza. “Ao escolher o tráfico de drogas,
passei a ser cercado de pessoas violentas. Sofri diversas tentativas de
homicídio, sendo alvo de tiros, facadas e emboscadas, inclusive por parte de
pessoas que se diziam minhas amigas”, conta.
Naturalmente, o jovem lembrava dos momentos que desfrutou
junto à avó nos átrios do Senhor, onde era mantido em segurança, em um ambiente
totalmente distinto daquele em que vivia, onde o Maligno cobrava um preço
terrível, do qual Elias guarda recordações nada agradáveis. “Eu me encontrava
drogado, perdido, dormindo dentro de casa e sem direção. Mesmo assim, escutei
três Vezes a voz de Deus me chamar. Para mim, aquela inquietação não fazia
sentido, até que eu saí correndo de casa e fui para outro bairro, sem entender
o motivo. Contabilizei 40 minutos quando a minha mãe me ligou chorando. Ela
disse que homens armados desembarcaram de uma kombi e invadiram a minha casa.
Os homens estavam armados com revólveres, pistolas e escopetas calibre 12. Eles
estavam lá para tirar a minha vida, mas não me encontraram. O vizinho acabou sendo
a vítima dos assassinos. Quem me livrou da morte foi o Senhor, porque Ele tem
um chamado comigo e poupou a minha vida”.
Cansado de militar em uma carreira que resultaria na sua prisão
ou mesmo na morte certa, Elias percebeu que Jesus não havia desistido dele e,
nesse estado de ânimo, foi convidado para um culto. Naquele ambiente onde a presença
divina era notável, uma irmã em Cristo foi instrumento de Deus. Ela se dirigiu
a Elias falando em línguas e, mesmo sem ele entender totalmente o que se
passava naquele momento, a senhora desfiou sua vida em detalhes. Aquela
manifestação divina foi decisiva para seu retorno à Casa do Pai. “Foi
impossível resistir! A presença de Deus me constrangeu, me quebrantou e me rendi
aos pés de Jesus. Fui discipulado, desci às águas batismais e hoje, para a
glória de Deus, sou casado há 14 anos com minha esposa Raquel. Temos duas
filhas gêmeas, Raquelly e Rafaelly. Sirvo ao Senhor como presbítero na Convenção
Estadual de Ministros da Assembleia de Deus com sede em Abreu e Lima (PE)
(Comadalpe), sob a liderança do pastor Roberto José dos Santos Lucena”.
A formação de sua família também foi resultado da manifestação
da graça divina na vida de Elias, conforme ele mesmo reconhece: “Eu estava em
uma vigília quando o Senhor instrumentalizou uma de nossas irmãs em Cristo para
indicar com quem eu casaria no futuro próximo. disse ela: Quando você
contemplar à mulher que o Senhor preparou para você, o seu coração vai acelerar,
vai bater forte, vai se encher de alegria, e você não vai acreditar”. Na época,
havia retornado para Jesus recentemente e minha esposa era uma moça educada como
cristã. Além disso, eu jamais havia namorado. Mas, quando nos encontramos,
aconteceu como Deus vaticinara. A promessa foi cumprida. O Senhor Jesus mudou minha
história e ainda realiza maravilhas nos dias de hoje. A Ele toda honra e
glória!”
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