A música já existia na mente e no coração de Deus de maneira plena e consistente, e tenho certeza de que tudo o que conhecemos não se aproxima do que Deus planejou. Ainda estamos no “cantochão” da música divina. A Bíblia registra no livro de Jó um expressivo diálogo poético entre Deus e Jó, no qual o Senhor afirma que, antes da fundação do mundo, já havia música no Céu, pois “os anjos alegremente cantavam para glorificar ao Criador. Portanto, podemos afirmar que a música tem origem divina, sendo primeiramente executada no Céu. Deus, o Todo-Poderoso, criou a música e o primeiro concerto foi realizado num palco celestial!
Nesta última parte do curso, estaremos falando
especificamente do Cântico Congregacional. Essa prática litúrgica nos parece
tão comum, tão corriqueira, que com certeza posso afirmar que muitos leitores
não se lembram dos hinos congregacionais cantados no culto de domingo passado.
Faça um esforço de memória e tente se lembrar. Se você não conseguiu se
lembrar, deixo algumas questões: Por que nos esquecemos tão rapidamente? Por
que esses hinos não nos impactam, a ponto de se perderem em nossas lembranças?
Será que não nos preparamos para cultuar? Será que estamos desconsiderando que
culto quem celebra somos nós, evidenciando, com isso, que tudo o que nele
transcorrer deve ter o mais alto significado em nossa vida, a ponto de não nos
esquecemos tão facilmente? Afinal, porque cantamos no início de nossos cultos?
Isso segue algum modelo bíblico? Tem importância espiritual, física e emocional?
Temos mesmo que nos preparar para cultuar?
1 – Modelo bíblico
Em 1 Coríntios 14.26, Paulo nos ensina: “Que fareis, pois,
irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem
revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para edificação”. Note
que o ensino neotestamentário nos leva a aprender que devemos começar nossos
cultos com cânticos ("salmos”). À ordem das atividades colocadas na Bíblia
não devem ser trocadas, pois poderemos ter grandes prejuízos. Por exemplo:
quando a Bíblia nos diz "vigiai e orai”, não devemos jamais inverter essa
ordem, pois poderemos sofrer grande dano se começarmos a orar sem antes vigiar.
O modelo está dado pela Palavra de Deus. À liturgia de um culto é principiada
cantando louvores ao Senhor.
II – Importância espiritual
Note que à oração do “Pai Nosso” ensinada por Jesus é iniciada
com a expressão de reconhecimento, júbilo e adoração. “Pai nosso que estás nos
céus, santificado seja o vosso nome...” Isso vem corroborar os ensinos de Paulo
ao iniciarmos nossos cultos a Ele com cânticos de adoração, pois com isso
demandaremos coerência em nossa reverência ao Rei dos Reis e Senhor dos
Senhores.
Esse comportamento aliado a outros elementos de adoração, tais
como o preparo antecipado para o culto, falar conscientemente as palavras
sagradas “Aleluia", "Glórias ao Senhor” etc.) e não por costume,
corações avivados e atitudes reverentes em meio à congregação gerarão no Senhor
Deus, que está sendo adorado, um sentimento paterno tão intenso que
imediatamente estará se entronizando em meio aos louvores e por conseguinte aos
adoradores, e se comunicando de forma carinhosa através da pregação da Palavra,
que é um dos elementos da liturgia do culto, prescrito em 1 Coríntios 14.26
(“doutrina”).
O Cântico Congregacional esse veículo que envia ao Pai
celestial o estado de espírito que naquele momento fluí de nosso ser. Se
comporta como representante de nossa exultação, gratidão, afeto, crença,
admiração, devoção, submissão e, acima de tudo, adoração. É o único momento da
liturgia onde todos, fazem à mesma coisa. Pastores, obreiros, músicos,
introdutores, recepcionistas, crianças, adolescente, jovens e inclusive, os
convidados daquele culto, aos quais devemos prover a leitura dos hinos.
O Cântico Congregacional, além de ser veículo a conduzir
nossa devoção ao Senhor, tem a função e a bênção de preparar os corações de
quem canta para absorver o que Deus vai responder através da exposição de Sua
Palavra. Ele sempre responde. Deus é extremamente sensível a um Cântico
Congregacional vigoroso e consciente, ou seja, onde o adorador coloca tudo o
que há em si em função de sua devoção em forma de cântico. Deus se comove e se
move em Seu trono, e passa a dialogar com a congregação. Isso é real! Isso
acontece! Prove isso!
Estimulo os condutores do Cântico Congregacional a estarem
bem preparados espiritualmente, tecnicamente, de forma presencial (postura ao
cantar) e com uma forte dose bíblica de incentivo com rápidas palavras animadoras,
utilizando, para isso, algum texto bíblico coincidente com os hinos ou até
mesmo uma rápida observação dos autores dos hinos, ou a história que relata
como foram compostos. Nunca ultrapasse o limite que o bom senso nos apresenta.
O estímulo não deve se constituir em um sermão. Deve ser rápido e conciso, todavia,
acredite, vai afetar a congregação, que tocará Deus, e Deus tocará a igreja!
III – Físico e emocional
Nós, seres humanos, somos excepcionais como seres
psicomotores. Nosso cérebro comanda nossos movimentos, nossos pensamentos, nossas
emoções, nossas atitudes; enfim, de acordo com o que o nosso cérebro recebe de
estímulos externos, ele nos provoca reações em toda nossa estrutura.
Nosso organismo armazena hormônios e outros elementos
químicos, se comportando como um laboratório ambulante. À música, fisicamente,
através de ondas de pressão atravessando o ar rarefeito contido no espaço entre
à emissão sonora e o ouvinte, penetra no conduto auditivo, passando pelos
tímpanos (membrana clástica), que se constituem nos únicos órgãos do corpo
humano a vibra com à mesma frequência do som que foi emitido, atingindo outros
elementos do ouvido (martelo, córnea etc.) e sendo conduzido por condutos
elétricos, chegando pôr fim ao córtex auditivo, onde ali é decodificado
passando de uma linguagem elétrica conforme somos conhecedores quando ouvimos
alguém falando ou cantando.
Somos seres emocionais. E como tal, de acordo com as situações
que nos são impostas, nosso cérebro entra em ação e procura corresponder
alimentando ou protegendo-nos conforme nossos conceitos morais, religiosos,
etc.
Diante disso, nosso corpo reage, tencionando ou relaxando
regiões importantes, provocando muitas vezes dores incômodas e às vezes
crônicas. À medicina rotula esse processo de somatização. Quantas e quantas
vezos vamos para nossas igrejas para cultuar ao Senhor e entramos no templo
numa situação como essa. Parece que há um fardo muito grande sobre nossos
ombros. O nosso corpo sobre nosso semblante é de quem está enfermo e necessita
de um pronto atendimento. Como ouvir Deus falar, se nossa condição é tão precária?
Que força de vontade pode aclarar nossos ouvidos?
Ah, aí é que entra à presciência de Deus. Ele é o criador da
música! Ele a preparou para ser produtiva no início de nossa devoção,
justamente porque ela é dinamogênica, ou seja, tem a capacidade de aliviar, de
provocar o estado de relaxamento em todas as partes de nosso corpo,
preparando-nos para, diligentemente, com um coração andante, ouvi-lo falar. O
Cântico Congregacional física e psicologicamente livra nosso corpo de tensões,
nossa mente de angústias do dia-a-dia e prepara nossos corações para à adoração
a recepção daquilo que o Senhor tem preparado para nos entregar.
IV – Preparo ao culto
O culto na vida do crente é ininterrupto. À diferença é que
há o culto individual, o doméstico e 0 coletivo.
Culto individual e ininterrupto é devoção, é celebração, é
comunhão, é adoração, é entrega do nosso ser; enfim, é estar sempre conectado
com o Criador, exalando-O, dignificando-O, honrando-O através de todas as
nossas atitudes, de todos os nossos comportamentos.
Culto doméstico (em casa com a família ou na casa de alguém)
ou coletivo (na congregação) requer de cada um a conscientização de que ali
haverá a rendição a Deus de todo o ser em devoção e isso deve provocar
antecipadamente oração altruísta para que o Senhor esteja recebendo nossas
ofertas de louvor, sejam cânticos, palavras sagradas ou ofertório, para que
Ele, independente de nossas limitações, receba nossa adoração, por mais singela
que seja. E saiba, estimado leitor: Ele é justo e sabe muito bem reconhecer um
coração sincero.
Não só nosso interior que deve ser preparado, mas também
nossa postura visível e nossas ações comportamentais. Isso fala de buscarmos
nossas melhores condições no vestir, no pentear, no perfumar; e falar também em
sermos possuidores de gentil presença nos relacionamentos entre nossos irmãos.
Fala em sermos receptivos, afáveis, nunca negar um cumprimento, jamais deixar
de sorrir, porque, afinal, a Bíblia nos diz que somos um povo feliz! Busque com
carinho alterar seu comportamento, se for o caso, e vá no próximo culto
diferente. Ao sinal do condutor, coloque tudo o que há em si e cante
entusiasticamente e conscientemente, e aguarde os acontecimentos. Um Cântico
Congregacional vigoroso toca Deus e Deus toca quem louva!
por Nilson Didine Coelho
Compartilhe este artigo. Obrigado.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante