Seriam sinais naturais, como visualização de asteroides e cometas, ou seriam manifestações de ordem sobrenatural?
A referência de Jesus em Lucas 21.11, “haverá grandes terremotos, fomes e pestilências em vários lugares; haverá também coisas espantosas e grandes sinais do céu”, insere-se no contexto escatológico de Seu discurso profético, em que Ele anuncia eventos que devem anteceder Sua Segunda Vinda à Terra no fim dos tempos. A menção a “grandes sinais do céu” tem gerado diversos debates entre estudiosos quanto à sua natureza, pois alguns pensam ser eventos naturais como cometas, eclipses, tempestades solares e outros fenômenos astronômicos ou manifestações sobrenaturais, produzidas diretamente pela ação divina. A análise do texto, à luz da exegese bíblica e da harmonia com outras passagens escatológicas, aponta para uma dimensão que transcende o meramente natural.
O termo grego usado para “sinais” em Lucas 21.11 é sēmeia
(σημεῖα), que, em contextos
escatológicos, frequentemente designa manifestações sobrenaturais, não apenas
fenômenos físicos. Essa palavra também é utilizada em textos como Mateus 24.30
(“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem”) e Apocalipse 12.1 (“Viu-se
um grande sinal no céu”), ambas com evidente carga sobrenatural. Logo, embora o
vocábulo possa abranger eventos naturais, ele é, nas Escrituras, também
frequentemente associado a atos extraordinários de Deus.
É importante destacar que, ao longo da história bíblica, o
céu foi cenário de manifestações divinas impactantes: o sol parando nos dias de
Josué (Josué 10.12,13); a escuridão na crucificação de Cristo (Lucas 23.44,45);
e os sinais apocalípticos preditos em Joel 2.30,31 (“Mostrarei prodígios no céu
e na terra: sangue, fogo e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e
a lua em sangue...”), que são retomados por Pedro em Atos 2.19,20, no contexto
da vinda do Espírito e da iminência dos últimos dias. Esses sinais são mais que
fenômenos naturais. Eles são atos providenciais com propósito escatológico e
espiritual.
Além disso, o texto de Lucas 21 se vincula ao paralelo de
Apocalipse 6.12-14, onde se relata a abertura do sexto selo revelando o
desfecho final da Tribulação: “Houve um grande terremoto, o sol se tornou negro
como saco de crina, a lua inteira tornou-se como sangue, as estrelas do céu
caíram sobre a terra...”. A linguagem aqui é intensamente simbólica e cósmica,
indicando que os “sinais do céu” no contexto escatológico envolvem abalos cósmicos
extraordinários e juízos divinos que fogem à normalidade dos fenômenos
naturais, embora possam, por vezes, manifestar-se por meio deles. Portanto, os
sinais nos céus mencionados por Jesus em Lucas 21.11 devem ser compreendidos
como manifestações sobrenaturais, ainda que eventualmente envolvam elementos da
criação física. São sinais com propósito escatológico, designados para
advertir, despertar e preparar a humanidade para os últimos acontecimentos e a
Segunda Vinda de Cristo. Eles não se limitam a ocorrências astronômicas passíveis
de observação científica, mas representam atos divinos que desafiam a ordem
natural e apontam para a iminente intervenção do Deus eterno na história. São
sinais carregados de sentido espiritual, que anunciam os juízos atrelados à manifestação
gloriosa do Filho do Homem no fim da Tribulação e o estabelecimento do reino
milenar.
por Juliano Fraga
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