O casamento nasceu no jardim do Éden. É possível imaginar que Deus tenha planejado o relacionamento conjugal para ser desenvolvido em um local de cultivo de plantas variadas, onde pudesse florescer a amizade, a simpatia, o respeito, o amor e cada casal deveria viver o seu próprio Éden. O projeto divino sofreu a interferência do pecado e, a partir daí, a vida a dois só acontece em um jardim após muita luta, vontade e determinação. E isso não é fácil. Não se conquista sem esforço. Cada casal precisa reconquistar o seu próprio Éden.
A sociedade atual pressiona para que os casais fiquem juntos
enquanto durar o amor. Se não gostar ou não der certo, descarte e arranje outro
cônjuge. Segue a ditadura do consumismo materialista. Como assim? Assim como
hoje a pressão social nos quer impor que compremos tudo em dezenas de
prestações para estar em dia com os últimos lançamentos (computadores, celulares,
roupas, carros e todas as ofertas imperdíveis “para sermos mais felizes”), esse
conceito passa para os relacionamentos e acabamos entendendo que, a qualquer
sinal de mínima mudança ou pequena crise, devemos trocar o atual relacionamento
por outro. Assim, parte-se para a infidelidade ou o divórcio. É a busca infindável
e egoísta da satisfação própria. Se o meu cônjuge “não atende mais às minhas
expectativas”, vou procurar por aí um outro relacionamento, sem me importar com
as consequências para a vida de outras pessoas.
Em oposição ao sistema mundano, Deus instituiu a sacralidade
do matrimônio. As primeiras referências humanas do sagrado remetem ao cuidado com
a vida. E o profano, nesse sentido, é o que atenta contra a vida e a sua qualidade.
A fertilidade da mulher apareceu como algo a ser venerado, algo sagrado, ligado
à ideia de que a fonte é sagrada. Os primeiros povos da história consideravam
sagrado o vulcão, o vento e coisas além da sua compreensão. Dentre as coisas
“maravilhosas demais” está “o caminho do homem com uma donzela”, conforme o
entendimento de Salomão (Provérbios 30.19). Algo incompreensível, mas considerado
sagrado desde a Antiguidade. Vivemos em uma cultura de profanação, onde o sagrado
é substituído pelo profano. Prega-se a libertinagem, o hedonismo – ser feliz a
qualquer custo –, o prazer egoísta. É a falta de amor sendo defendida de forma escancarada.
É por isso que para muitos o casamento acabou, e toda a família sofre.
Para que exista a família, na concepção bíblica, é essencial
que no jardim da vida se cultive o amor. No seu Éden particular será necessário
pelo menos três tipos de amor: o amor próprio, o amor conjugal e o amor paterno.
Quem não se ama não poderá amar ao próximo e quando não há amor entre os pais,
não sobra nada para os filhos. Nenhuma relação pode funcionar sem acordos
explícitos. Esse pacto tem que ser específico e duradouro. O compromisso sagrado
feito diante do altar – “até que a morte os separe” – é levado a sério pelo
Criador, que é um Deus de aliança.
É preciso decidir se vale a pena parar, olhar para o cônjuge
e resolver fazer algo para mudar a relação. É hora de avaliar como está o cuidado,
a manutenção do seu jardim. Essa responsabilidade foi dada ao ser humano (Gênesis
2.15). Precisamos retomar as nossas habilidades de jardineiros ou aprendê-las para
retirar as ervas daninhas, adubar, regar e tornar a trazer beleza e vida ao nosso
Éden.
Geralmente, o casamento não acaba; está apenas mal cuidado.
É preciso voltar a investir no amor, para viver a desejável rotina do “eu te
amo, tu me amas e os filhos sentem o reflexo do nosso amor” e do “eu me cuido,
tu me cuidas e um cuida do outro”.
É tempo de reconstituir o sagrado na família. É o retorno ao
Éden.
por Jairo Ribeiro
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