“E Jesus, passando adiante dali, viu assentado na alfândega um homem chamado Mateus e disse-lhe: Se-gue-me. E ele, levantando-se, o seguiu” (Mateus 9.9). O ministério de Jesus sempre foi um ministério de acolhimento. Salvo raras exceções, como, por exemplo, quando Ele expulsou os cambistas que vendiam no Templo (Mateus 21.12,13), e na ocasião em que pregou com vistas a corrigir aqueles que O seguiam por razões erradas, de maneira que se retiraram um a um por acharem duro o Seu discurso (João 6.22-71).
Jesus sempre procurou acolher aqueles que se aproximavam
dEle. Essa liderança acolhedora também era o que Jesus ensinava aos Seus
discÃpulos. Certa vez, na ocasião da primeira multiplicação de pães e peixes,
quando os discÃpulos se aproximaram de Jesus para pedir que despedisse a
multidão para que fossem pelas aldeias e comprassem pão para se alimentar (Mateus
14.15), o Mestre mostrou que não se despede seguidores sem pelo menos prover o
alimento de que precisam (Mateus 14.16).
A igreja tem a missão de acolher uns aos outros como Cristo
acolheu a todos nós (Romanos 15.5-7), e muito mais tem essa missão os lÃderes,
que são os responsáveis pelo direcionamento daqueles que chegam à igreja em
busca de uma vida na presença de Deus. Isso significa que o lÃder precisa ser um
instrumento de Deus para a vida das pessoas que lidera, tornando a trajetória
de fé a menos dolorosa possÃvel.
Isso significa que o lÃder deve aceitar tudo, tolerando os
maus hábitos daqueles que estão sob sua responsabilidade? Não. Em nenhum
momento estamos dizendo que o lÃder deve ser conivente com o pecado de seus
liderados. Isso não é acolher. O acolhimento é a porta de entrada para uma vida
na presença de Deus e, ao mesmo tempo, um grande elemento para a permanência do
novo converso na igreja. Estamos falando do acolhimento daqueles que realmente estão
buscando a Deus. Todo lÃder precisa estar pronto para amparar a todos que se
chegam até ele, principalmente os que mais precisam.
A igreja que acolhe
O papel da Igreja é extremamente importante no processo de
transformação daquele que resolveu aceitar Jesus como seu único e suficiente
Salvador. Esse primeiro contato, em que se dá a devida importância ao outro
como uma alma carente de Deus, faz uma enorme diferença na vida de quem está
chegando. Imagine ainda como isso pode agregar significativamente no processo
de estabelecimento de uma nova vida. Sabemos que existem pessoas que chegam às nossas
igrejas decididas a aceitar Jesus e mudar de vida, e muitas vezes permanecem
sem precisar de nenhum apoio para isso, a não ser o de Deus; mas existem também
outras pessoas que estão à procura de refúgio, amparo e acolhimento. E se a
igreja não lhes acolher, elas acabarão voltando para o mundo ou procurando
outro lugar em que possam encontrar alguém que lhes oriente e acompanhe.
Lidando com bons e ruins
Às vezes, parece que muitos lÃderes não se dão conta de que o
chamado para liderança exige de nós a capacidade de lidar com pessoas boas e
ruins. Jesus precisou lidar com pessoas de diferentes comportamentos para nos
mostrar que acolher nada tem a ver com conveniência, mas com compaixão e
misericórdia. Exemplo disso é o discÃpulo Judas. Jesus sabia que estava lidando
com alguém de uma personalidade difÃcil e um caráter duvidoso (João 12.5,6),
mas, mesmo assim, como ele estava buscando-O, resolveu acolhê-lo. Tomé também não
era um dos melhores, tinha uma personalidade forte e não aceitava qualquer
argumentação sem provas (João 20.25), porém também encontrou amparo e refúgio em
Jesus Cristo. Alguns lÃderes parecem muitas vezes estarem arrebanhando
seguidores para si e não para o Reino de Deus, pois dedicam-se a tratar bem
apenas os que lhes agradam, quando, na verdade, devem acolher a todos.
Acolha os fracos e distantes, mas não esqueça dos fortes
e envolvidos
No Reino, existem pessoas que decidiram, em um ato
voluntário, se envolver com a obra de Deus. São aqueles que não precisam ser constrangidos
constantemente a desenvolverem determinadas tarefas. Basta uma convocação e
eles estão lá, prontos para cumprir o chamado. Mas existem também os fracos e
distantes, que nunca se envolvem e que exigem mais do seu lÃder. No entanto, a
liderança cristã deve acolher essas pessoas também, porém igualmente aqueles
que estão envolvidos no Reino. Muitas vezes gastamos mais tempo com aqueles que
não estão dispostos do que com aqueles que estão ao nosso lado trabalhando em prol
do Reino de Deus. Dedique-se aos que estão longe e precisam de cuidados, porém
não se esqueça de fortalecer mais ainda aqueles que já estão ao seu lado e são
parceiros na obra do Senhor.
Uma liderança acolhedora olha para o Reino de Deus
Não se pode conceber a ideia de um Reino sem acolhimento.
Aliás, todo Reino precisa estar pronto para acolher seus súditos. No Reino de Deus,
não é diferente. A própria obra da Salvação por intermédio de Cristo já alude a
uma atitude de acolhimento. Mesmo mortos em nossos delitos e pecados (Efésios 2.1),
Ele resolveu nos aproximar dEle concedendo-nos a graça de recebermos a Salvação
(Efésios 2.11-14). Nisso consiste a grandeza do acolhimento no Reino de Deus: em
olhar para o próximo nas suas necessidades espirituais e recebê-lo com alegria,
fazendo-o se sentir bem em nosso meio.
Não à toa, essa atitude se tornou uma grande ferramenta para
as igrejas em nossos dias. Entendeu-se que tÃnhamos uma grande dificuldade em
receber e acolher as pessoas que chegavam à igreja e, por isso, acabávamos
perdendo muitos em vez de ganhar.
Sendo acolhedor
O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele
que crê (Romanos 1.16). Isso por si só já nos faz pensar na dinamicidade da
Palavra de Deus e de como ela nos conduz a uma vida diferente e restaurada. Você
já parou para pensar no que fazia o ministério de Jesus ser tão procurado em
sua época? O que fazia as pessoas deixarem suas casas para segui-lO? É claro
que o poder de Cristo, revelado em todas as Suas obras e milagres, era fator muito
relevante para que multidões aflorassem dos mais longÃnquos lugares, mas a
maneira como Jesus recebia as pessoas era inteiramente importante para o
fortalecimento do Seu ministério.
A BÃblia conta, por exemplo, quando uma mulher se aproximou de
Jesus com um vaso de alabastro e derramou o perfume sobre Ele, que estava
assentado à mesa na casa de Simão, o leproso (Mateus 26.6-13). Naquela ocasião,
enquanto todos desprezavam a atitude da mulher, o Mestre a acolheu: “Jesus,
porém, conhecendo isso, disse-lhes: Por que afligis esta mulher? Pois praticou
uma boa ação para comigo” (Mateus 26.10). Da mesma maneira aconteceu com a
pecadora que ungiu os pés de Jesus (Lucas 7.36-50). Acusando Jesus de não saber
de quem se tratava a mulher que estava ungindo os seus pés, o fariseu se
esqueceu de que ele mesmo não acolheu Jesus como deveria em sua casa, mas
condenava veementemente a Cristo pela maneira como acolhera aquela mulher.
Logo, o ministério de Jesus nos ensina que devemos, antes tudo, acolher aqueles
que chegam à igreja. E como é que devemos nos portar de maneira acolhedora na
Igreja?
Procure conhecer as pessoas – Muitas vezes, as
pessoas entram e saem de nossas igrejas sem que ao menos sejam recebidas de maneira
cordial e hospitaleira. Nossos cultos nem sempre contam com uma recepção
preparada para receber os visitantes e, se não fosse a apresentação
generalizada que se faz em algum momento do culto, certamente não seriam
notadas. Todo departamento precisa ter uma pessoa de apoio que note aqueles que
estão visitando e procure conhecer quem são essas pessoas.
Chame-as pelo nome – O nome é mais que a
identificação de uma pessoa: diz muito sobre a sua importância. Por isso,
chamar alguém pelo nome é também dar valor a essa pessoa. Ao se aproximar de qualquer
visitante, se apresente e, logo em seguida, pergunte o seu nome.
Escute-as antes de falar ou exercer qualquer juÃzo de
valor – A liderança acolhedora é geralmente aquela que se propõe mais a
ouvir e só emitir qualquer comentário quando necessário. Em algumas ocasiões, lÃderes
acabam provocando mais estresse em seus grupos porque simplesmente não se
propõem a ouvir seus liderados. É importante notar que ouvir seus liderados não
significa que você fará tudo que eles querem, mas que suas decisões serão
pautadas na escuta atenta de cada indivÃduo em sua particularidade.
Fale de maneira que possa ser compreendido – Um dos
nossos grandes problemas é que muitas vezes não nos fazemos compreendidos pelas
pessoas à nossa volta. Em uma era em que as pessoas tiram suas conclusões
apenas de uma expressão facial, é importante ser claro e compreensÃvel em suas ideias
e palavras.
Mostre que se importa com as pessoas – As pessoas as quais
você lidera, bem como aquelas que vão chegar até você, precisam perceber que
você realmente se importa com elas. Todos somos assim, desejamos ser de alguma
forma importantes para as pessoas que estão à nossa volta e perceber a preocupação
delas conosco, o que nos faz pertencer de fato ao grupo. A maneira como
acolhemos as pessoas que chegam à igreja impactará na decisão delas de permanecer
ou não conosco. Nunca me esquecerei das palavras de um casal que passou uma
temporada congregando em nossa igreja. Ao se despedir para voltar para sua
terra de origem, disseram: “Visitamos várias igrejas, mas não havÃamos nos
sentindo bem em nenhuma. Todavia, quando chegamos aqui e a irmã Maria veio nos
cumprimentar, sentimos que era aqui que deverÃamos congregar”. Acolher deve
ser, portanto, uma marca de todo cristão.
por Edeilson Santos
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