Epafras, fiel ministro

Epafras, fiel ministro


De acordo com o texto bíblico, Epafras foi um companheiro de Paulo nas lides ministeriais que ganhou destaque por sua fidelidade e dedicação à obra de Deus. Para alguns, o nome Epafras é uma forma abreviada do nome Epafrodito, ao passo que, para outros, não há nenhuma evidência que o conecta com o Epafrodito de Filipenses. O que sabemos de fato é que Epafras foi um obreiro que se notabilizou por suas qualidades ministeriais (Colossenses 1.7, 8; 4.12,13).

Atos dos Apóstolos nos informa que durante a estada de Paulo em Éfeso (Atos 19.1,9), o Apóstolo dos Gentios separou os discípulos que ali encontrara e, durante cerca de dois anos, na escola de Tirano, provavelmente em uma sala alugada, discorria diariamente, dissertando e persuadindo com respeito ao Reino de Deus. Sobre isso, escreve Dr. Shedd (1997, p. 1562) que “o Códice D acrescenta o fato do horário ser das 11h até às 16h diariamente. [...] O objetivo da escola foi de preparar homens para a obra da evangelização e pastorado”. E foi exatamente durante os dois anos de Paulo em Éfeso, que as igrejas de Colossos, Hierápoles e Laodiceia foram fundadas (Atos 19.10).

Sendo Epafras natural de Colossos, foi enviando pelo apóstolo Paulo ao vale do Rio Lico, com objetivo de levar o evangelho àquela região, e assim aconteceu. Epafras foi o instrumento que Deus usou para estabelecer igrejas nas cidades de Colossos, Laodiceia e Hierápoles. Foi por meio do seu trabalho em Colossos que obtivemos as informações que o distinguem como um obreiro que tinha uma chamada provada e aprovada por Deus (Colossenses 1.7,8). Trabalhando sem nenhum intuito de autopromoção, antes, por amor e compromisso com a nobre causa do evangelho, teve seu caráter destacado por Paulo. Ele foi chamado primeiramente de “amado conservo”, título que Paulo usava para aqueles que compartilhavam com ele a obra do ministério (Colossenses 1.7), expressão também usada por ele ao referir-se a Tíquico (Colossenses 4.7). O termo “conservo” no grego é sundoulos, que significa “escravo companheiro ou prisioneiro comigo”. Essa expressão é encontrada apenas nessas duas referências e, além de demonstrar a alta consideração que Paulo tinha por eles, também denota que “eles tinham a Cristo a completa dedicação de escravos, não tendo vontade própria, e nem trabalhando para adquirir alguma vantagem pessoal” (Champlin, 2014, p. 110). De igual modo, o termo sundoulos nos lembra que Epafras foi companheiro de prisão (Filemon 1.23).

Paulo também chamou Epafras de “fiel ministro de Cristo”. O termo “fiel”, no original do Novo Testamento, é pistos, que significa digno de confiança, sujeito confiável, “fiel no dever consigo mesmo e com os outros, verdadeiramente fiel” (Strong, 2011, p. 2356). O adjetivo “fiel” também demonstra a maneira como Epafras desenvolveu seu ministério, sendo fiel a Cristo, o Dono da obra; fiel ao desempenhar com eficiência e dedicação o trabalho que lhe foi confiado. A fidelidade deve ser uma das marcas indeléveis do ministro de Cristo.

Outro termo usado por Paulo foi “ministro”, no grego diakonos, de onde vem a palavra “diácono”. Deve-se considerar que o destaque aqui não está sobre o ministério diaconal, mas, sim, no sentido mais amplo da terminologia grega: alguém que serve, que ministra a outrem. Epafras trabalhou como verdadeiro ministro de Cristo, exercendo tanto o ministério de evangelista como o de pastor e mestre, pois evangelizou, ensinou e apascentou (Colossenses 1.7,8).

O apóstolo Paulo conhecia o caráter de Epafras, por isso o qualificou com as credenciais que já mencionamos anteriormente. De acordo com Dicionário da Bíblia Erdmans (2021, p. 503), “a confiança de Paulo em Epafras e a recomendação dele levantam seu status entre os colossenses e os inspira à confiança nele em oposição aos falsos mestres”. Pois, apesar de a igreja de colossos ter sido instruída por Epafras, ela estava sendo assediada por heresias, como a adoração aos anjos, a observância de ritos judaicos, com elementos do gnosticismo. Epafras, como um ministro fiel, deixou Paulo informado do que estava acontecendo (Colossenses 1.4-8). Paulo, por sua vez, usando de sua autoridade apostólica (Colossenses 1.1), tratou o problema, apresentando-lhes o caráter incomparável de Cristo.

Posteriormente, ao finalizar sua Carta aos Colossenses, como era de costume, Paulo enviou saudações finais, e mais uma vez fez menção de Epafras (Colossenses 4.12,13). Desta vez, o Apóstolo dos Gentios o chamou de “servo de Cristo Jesus” - no grego, doulos, que significa “escravo”. Epafras era um escravo de Cristo, alguém que era voluntariamente dedicado em servir ao Senhor Jesus. O texto bíblico ainda nos informa: “combatendo sempre por vós em oração” (Colossenses 4.12 – ARF). O termo “combatendo” no original é agonidzomai, que significa agonizar, lutar, esforçar-se. Indica ainda uma luta intensa, por isso a ARA o traduz como “se esforça sobremaneira, continuamente, por vós nas orações”. A Bíblia de Estudo Pentecostal (1995, p. 1841) afirma: “Os crentes fiéis do NT não somente eram devotos à oração, como também agonizavam em intensa súplica ao orar”. Para Matthew Henry (2014, p. 1959), Epafras era um obreiro “que aprendeu com Paulo a estar sempre em oração por seus amigos. Nós devemos ser diligentes em oração não somente por nós mesmos, mas também pelos outros”.

Epafras lutava sem tréguas em suas orações pelos colossenses, demonstrado seu amor e cuidado pastoral para com aqueles irmãos. Os objetivos de suas orações eram claramente definidos: “para que vos conserveis perfeitos e plenamente convictos em toda a vontade de Deus” (Colossenses 4.12 – ARA). Nesse aspecto, a oração de Epafras foi semelhante à oração de Paulo no capítulo primeiro (Colossenses 1.9-12). Paulo desejava que os crentes de Colossos progredissem espiritualmente (Colossenses 2.6,7 – ARA). A oração de Paulo e Epafras se opõe à filosofia que assediava os colossenses (Colossenses 2.8). Tanto Paulo como Epafras oravam para que os colossenses se mantivessem firmes, crescessem maduramente e transbordassem do conhecimento da vontade de Deus.

Por fim, Paulo dá testemunho de Epafras, quando diz: “E dele dou testemunho de que muito se preocupa por vós, pelos de Laodiceia e pelos de Hierápolis” (Colossenses 4.13 – ARA). Paulo deixou evidente que Epafras era um obreiro zeloso, e que seu zelo pastoral se estendia a todos à sua volta, àqueles que estavam em Laodiceia e em Hierápolis. Como verdadeiro pastor, Epafras trabalhou arduamente para o Reino de Deus, e indubitavelmente receberá o galardão dos pastores que foram fiéis até o fim (1Co 9.25). Vale a pena ser fiel. A Deus seja a glória!

Referências bibliográficas

Bíblia Shedd. São Paulo: Vida Nova; Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1997.

Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: PAULUS, 2002.

CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento: versículo por versículo: Volume 5: Filipenses, Colossenses, 1 Tessalonicenses, 2 Tessalonicenses, 1 Timóteo, 2 Timóteo, Tito, Filemom, Hebreus / Russel Norman Champlin. São Paulo: Hagnos, 2014.

Dicionário da Bíblia Eeardmans: exegético, expositivo, abrangente, histórico e atualizado. São Paulo: Hagnos, 2021.

HENRY, Matthew. Bíblia de Estudo Matthew Henry. Rio de Janeiro, Central Gospel; São Paulo, Barueri: Sociedade Bíblia do Brasil, 2014.

STRONG, James. Dicionário Grego do Novo Testamento. Bíblia de Estudo Palavras-Chave Hebraico Grego. Rio de Janeiro: CPAD, 2011.

por Raydfran Leite de Oliveira

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