Dr. Roger Eugene Olson

Dr. Roger Eugene Olson


Um dos maiores teólogos arminianos da atualidade fala sobre o despertamento arminiano após a onda neocalvinista do início deste século, sobre a Doutrina da Eleição e um pouco sobre o seu mais novo livro, que será lançado pela CPAD neste ano: Cristianismo Falsificado

Considerado um dos principais teólogos arminianos das últimas décadas – e, sem dúvida alguma, o mais famoso dentre eles –, Dr. Roger Eugene Olson nasceu em 2 de fevereiro de 1952, tendo crescido em um lar evangélico pentecostal nos Estados Unidos. Seu pai e seu tio eram pastores da Igreja do Padrão da Bíblia Aberta (Open Bible Standard Church), uma denominação pentecostal fundada em 1935 e cuja teologia e prática se assemelham às da Assembleia de Deus. Aliás, por pouco essa denominação não se uniu às Assembleias de Deus norte-americanas na década de 1960. As raízes históricas da referida igreja remontam à Conferência do Padrão Bíblico, criada em 1919 por alguns ministros que saíram da Missão de Fé Apostólica de Portland, Oregon (EUA), liderada por Florence L. Crawford, que trabalhara com William Seymour no Avivamento da Rua Azusa (1906-1909); e à Associação Evangelística da Bíblia Aberta, criada em 1932 por ministros pentecostais dissidentes da Igreja do Evangelho Quadrangular. Em 1935, os dois grupos se uniram, criando a Igreja do Padrão da Bíblia Aberta. O tio de Olson foi líder nacional da denominação e seu pai, um dos membros do conselho nacional.

Na juventude, Roger Olson também frequentou as Assembleias de Deus norte-americanas e estudou no seminário da denominação, mas depois voltou para o seminário de sua denominação. Depois, ele veio a estudar também no Seminário Batista do Norte dos EUA e na Universidade Rice, onde fez seu doutorado. Nessa época, ele já estava congregando na Igreja Batista, onde foi ordenado ao ministério. Entretanto, mesmo hoje sendo um batista, ele ainda mantém, conforme artigo escrito por ele em 2015, uma admiração e um grande interesse pelas Assembleias de Deus, de maneira que é considerado por muitos um “teólogo batista pentecostal”.

Olson congrega na Igreja Batista do Calvário em Waco, Texas (EUA). Ele é casado, pai de duas filhas e tem uma neta. Desde 1999, ele é professor de Teologia Cristã da Ética no Seminário Teológico George W. Truett, ligado à Universidade de Baylor, no Texas, e de orientação batista. Nesta entrevista exclusiva para Obreiro Aprovado, a qual ele concedeu em meio às suas múltiplas atividades, Dr. Olson fala sobre o despertamento da teologia arminiana após a onda neocalvinista do início deste século no meio evangélico, sobre a Doutrina da Eleição e um pouco sobre o seu mais recente livro, intitulado Counterfeit Chirstianity, que será lançado em português pela CPAD neste ano com o título Cristianismo Falsificado.

Infelizmente, a Doutrina da Eleição veio a ser associada especialmente a um ramo particular da teologia cristã: o Calvinismo. Por que isso aconteceu?

Eu só posso especular que os arminianos permitiram que isso acontecesse. Devíamos ter ensinado nossa visão da Eleição com mais força o tempo todo. Além disso, possivelmente os calvinistas na Grã-Bretanha e na América têm sido escritores e palestrantes muito prolíficos em assuntos de teologia, especialmente sobre a Doutrina da Eleição. Os arminianos precisavam fazer mais disso. Não temos sido teologicamente tão produtivos como deveríamos.

Teólogos calvinistas geralmente usam os termos bíblicos “eleição” e “predestinação” como se fossem termos intercambiáveis, ambos significando a mesma coisa. No entanto, os teólogos arminianos geralmente enfatizam que a Eleição é uma coisa e a Predestinação é outra, mas elas estão interligadas. A distinção mais comum apresentada é a de que a Eleição diz respeito à escolha de Deus daqueles que serão salvos para formar o Seu povo, o que se dá com base no arrependimento e na fé na Obra de Cristo, enquanto a Predestinação diz respeito ao propósito de Deus para aqueles que, pela Sua presciência, Ele sabe que serão salvos, isto é, para aqueles que formarão Seu povo eleito. Já outros teólogos arminianos preferem explicar essa distinção de uma forma um pouco diferente, descrevendo a predestinação como a escolha de Deus de quem será salvo, de quem herdará a Glória, com base na Sua presciência em relação à resposta das pessoas ao chamado do Evangelho, enquanto a Eleição diria respeito apenas à escolha de Deus para ter um povo. São diferenças sutis de apresentação dessa distinção, de maneira que ambas as posições se relacionam, pois acabam dizendo essencialmente a mesma coisa. Porém, gostaria que o senhor explicasse a sua posição específica sobre esse assunto.

Existem passagens nas Escrituras que parecem igualar o termo “eleição” com o termo “predestinação” e vice-versa, mas acho, sim, útil distingui-los. Clara e objetivamente, a “predestinação” é a escolha de Deus de quem será salvo e quem não será salvo com base em Sua presciência em relação às decisões livres das pessoas com respeito ao Evangelho. Já a “eleição” é a escolha de Deus para ter um povo – primeiro, Israel e depois, a Igreja.

Os teólogos arminianos destacam a importância do entendimento, à luz das Escrituras, de que a Eleição é corporativa. Gostaria que o senhor falasse sobre o quão é importante o aspecto corporativo da Eleição para entender esta doutrina.

Israel foi – e alguns afirmam que ainda é – o povo escolhido de Deus, o que nunca significou que todo israelita fosse salvo. Israel foi eleito por Deus para ser Seu povo escolhido. Essa é a dimensão corporativa da Eleição. Transporte isso para o Novo Testamento e a Eleição pode ser vista como a escolha de Deus de ter um novo povo – a Igreja. Isso está claro para mim no capítulo 1 da Epístola aos Efésios.

Você acredita que a onda neocalvinista que surgiu no século 21 acabou involuntariamente servindo para revitalizar o ensino do arminianismo no evangelicalismo mundial, uma vez que – em resposta a esta onda – teólogos e tradições evangélicas de linha arminiana começaram a se opor ainda mais ao ensino calvinista? Inclusive, desfazendo a propaganda de que o Arminianismo é Semipelagianismo.

Não estou ciente de nenhum arminiano que tenha tentado fazer isso antes de mim. Eu me senti chamado para isso em 1992, quando li a primeira edição da revista Modern Reformation que, em minha opinião, deturpou o Arminianismo. Fico feliz que alguns outros arminianos no mundo estejam se juntando comigo neste esforço. Infelizmente, a maioria dos chamados “arminianos” nos Estados Unidos da América permanecem, na prática, semipelagianos.

O CPAD vai publicar este ano, em português, a sua obra Counterfeit Chirstianity, que aqui receberá o título de Cristianismo Falsificado. Nele, você fala sobre a persistência de algumas heresias na história da Igreja, que elas não morreram ou desapareceram, e que ainda são um perigo hoje. Na sua opinião, quais são as heresias antigas mais persistentes e perigosas hoje?

Sem dúvida, entre os cristãos evangélicos e outros, seria o pelagianismo ou o semipelagianismo. Infelizmente, muito poucos cristãos dos Estados Unidos sabem sobre a graça preveniente e muito poucos entendem que tudo de bom que temos, especialmente a Salvação, é unicamente um presente de Deus.

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