Quais os cuidados precisamos ter em relação à nossa família nestes últimos dias? Tendemos a pensar que vivemos os mesmos dias de nossos pais, quando as observações e os cuidados paternais e maternais eram mais simples do que os de nosso tempo. Naquela época, não havia tanta maldade e conteúdo danoso à alma tão acessíveis como hoje, e a simplicidade da brincadeira de rua não era vista com tanta preocupação como agora. Na verdade, os perigos desta geração não estão apenas nas ruas, mas principalmente na palma das mãos. Esta é a geração das tecnologias, do relacionamento virtual nas redes sociais e dos influencers, os “gurus” da internet que tentam moldar ao seu bel prazer a massa jovem de seguidores. Nossos cuidados neste momento não se dão apenas no campo físico (no prover alimentação, vestuário e educação) – que, diga-se de passagem, eram as grandes preocupações da geração mais velha –, mas, sobretudo, no campo moral e espiritual.
As palavras de Paulo em 1 Timóteo 5.8 nunca foram tão
atuais. Nesse texto, ele faz um apelo ao cuidado com a família, que deve ser
entendido de maneira abrangente. Não se trata apenas de meros cuidados casuais,
mas de um comportamento cuidadoso e atencioso aos diferentes problemas que
porventura podem afetar o nosso lar e causar transtornos no relacionamento em
família.
Entender que o mundo de agora nada mais tem a ver com o de outrora
é essencial para a compreensão das responsabilidades que nos cercam. O perigo
jaz à porta, muitas vezes está dentro de casa e, sem que percebamos, causa
danos grandiosos. Em meio a tudo isso, somos interpelados pela Palavra de Deus
a sermos fiéis a Ele cumprindo cabalmente o cuidado com a nossa família. Por
isso, Paulo assevera que quem não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da
sua família, “negou a fé e é pior do que o infiel”.
Uma fé que se revela no trato e no cuidado com a família é
essencial para a vida de um cristão. Aliás, em todos os nossos relacionamentos sociais,
sejam no trabalho, na escola ou na igreja, precisamos cultivar uma fé não
fingida (2 Timóteo 1.5), que se revela principalmente nos cuidados que temos
com nossa casa. Paulo deixa claro que não se pode professar uma fé que não se
revela de fato no comportamento social e familiar, caso contrário nossas
práticas são piores que a dos descrentes.
Mas, afinal, quais cuidados precisamos ter em relação à
nossa família nestes dias de grande profusão da tecnologia e de ideologias que tentam
adulterar nossas crenças e fundamentos estabelecidos pela Palavra de Deus?
Cuidados morais
Paulo escreve a Timóteo sobre uma característica da geração atual:
“...desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos” (2 Timóteo 3.2). Em nossos
dias, os desvios morais acontecem principalmente pela propagação de pensamentos
que distorcem a Palavra de Deus, relativizando e adulterando a Sua verdade
perante os homens. Quando falamos de moralidade, aludimos aos princípios que
fundamentam a nossa conduta não só diante de Deus como também diante dos
homens. Logo, todos nós que cultivamos a fé cristã desejamos preservar valores que
são importantes para o nosso convívio social. É exatamente contra esses
princípios que o Inimigo tem tentado lutar dia após dia. Somos confrontados
principalmente por meio da mídia a deixarmos de lado valores importantes como a
família, o casamento segundo a Bíblia Sagrada, a sexualidade como nos mostra a
Palavra de Deus e muitos outros que são pautados e fundamentados pelas
Escrituras. Isso nada mais é do que o cumprimento e desdobramento daquilo que
Paulo asseverou: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a
impiedade e injustiça dos homens que detém a verdade de Deus em injustiça” (Romanos
1.18). Esse é o maior desejo do Inimigo de nossas almas: corromper os valores
morais de Deus nos homens. Por isso, ele usa a mentira para perverter os
princípios e gerar seres pervertidos e completamente distantes do Criador.
Na família, a ausência de valores morais se revela
principalmente na falta de amor, em que o marido já não respeita mais sua
esposa e nem os filhos, buscando prazeres em outras fontes dadas pelo Inimigo; na
insubmissão e falta de respeito ao marido, conduzida muitas vezes pela corrente
feminista; na desonra aos pais por parte de filhos rebeldes e contaminados por
ideologias do mundo virtual; na prostituição, no relacionamento extraconjugal,
no engano e na corrupção, muitas vezes é presenciada pelos filhos. Tudo isso vai
de encontro a tudo que Deus deseja para os nossos lares.
Somente um olhar cuidadoso pode perceber males como esses a tempo
de serem evitados ou resolvidos. Se não tivermos o cuidado que a Palavra de
Deus requer de nós em relação à nossa família, correremos sérios riscos em
relação às gerações futuras.
Cuidados emocionais
Nunca passamos por um período de tantas doenças emocionais
como esse nosso tempo. As pessoas estão cada vez mais sensíveis e carentes de afeto
natural e real. Tanta interatividade e excesso de tecnologia têm provocado mais
danos emocionais do que trazido boas informações e proximidade entre as
pessoas. Não à toa, a Organização Mundial da Saúde (OMS) denominou a depressão
como a doença do século XXI.
Não bastasse tudo isso, temos uma geração ansiosa e
preocupada com futuro ao ponto de desenvolver crises de comportamento e
síndromes das mais diversas. Estamos diante de pessoas nervosas, sensíveis e,
ao mesmo tempo, carentes de amor e compaixão. Nossos filhos e cônjuges podem se
deparar nas mídias sociais com julgamentos ofensivos, cancelamentos e
comparações que podem provocar crise de identidade. Há uma luta ferrenha do
Inimigo em desestruturar emocionalmente os filhos de Deus com vistas a corromper
a verdadeira identidade que o Senhor nos deu de sermos chamados filhos de Deus
(1 João 3.2).
A família precisa ser um lugar também de cuidados
emocionais. Não pode haver negligência quanto a isso. Pais, filhos, marido e
mulher precisam olhar uns para outros com olhar de ternura e compaixão. O lar precisa
ser lugar de abraço, consolo, atenção e cuidado. Se quisermos estabelecer uma
família forte diante de uma sociedade mal e corrupta, precisamos fazer de nossa
casa uma fortaleza contra as doenças emocionais do nosso século. Por isso, se
empenhe mais em relação à sua família. Sua esposa e filhos precisam muito mais
do que apenas a comida na mesa e peças de roupas. Seu marido precisa muito mais
do que alguns minutos de prazer. Os homens estão no topo dos índices de
suicídios registrados, com 4 vezes mais incidentes entre eles que entre
mulheres. Seus filhos precisam mais do que cobranças quanto aos estudos ou
afazeres. Todos precisamos de carinho, atenção e afago para nos fortalecermos
como pessoas na sociedade.
Cuidados espirituais
Este é um dos pontos que precisam ser encarados com muita seriedade
em nossos dias. Muitas vezes somos levados a deixar toda a aprendizagem e
crescimento espiritual por conta da Igreja e negligenciamos o fato de que nosso
lar precisa ser um ambiente de comunhão e estabelecimento da fé. Quase sempre
nos deparamos com famílias desestruturadas emocionalmente por falta de uma
estrutura espiritual saudável, e isso deve começar exatamente dentro de casa.
Você e sua família têm o hábito de orarem juntos? Seus
filhos oram? Existe um anseio por parte de sua casa em estar na presença de
Deus? Quando nos deparamos com estes questionamentos, nos damos conta do quanto
precisamos fazer para estabelecer uma espiritualidade sadia na família.
por Edeilson Santos
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