O rei Salomão, em Eclesiastes 3.19, estava igualando o destino dos seres humanos ao dos animais? Qual a diferença da morte de humanos e animais?
A pergunta enviada pelo nosso leitor não é das mais fáceis de serem respondidas. Sua resposta deve levar em conta o que dizem as Sagradas Escrituras sobre o assunto. Começaremos analisando a primeira parte do versículo que diz: “Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais” (Eclesiastes 3.19a). Esta expressão deve ser entendida no sentido de que ambos – seres humanos e animais – morrem, não havendo nenhuma diferença entre eles nesse sentido (Eclesiastes 3.19-21). Em termos de mortalidade, portanto, o ser humano não tem nenhuma vantagem sobre os animais. Tanto sobre os seres humanos como sobre os animais paira a sentença da morte física como consequência da Queda (Hebreus 9.27). O escritor sagrado está nos mostrando aqui que, biologicamente, o ser humano morre como os animais.
Já em termos do que haverá na hora da morte, há uma grande diferença
entre homens e animais. Em Gênesis capítulos 1 e 2, encontramos cinco vezes a
expressão alma vivente se referindo aos animais; e uma vez referindo-se ao
homem. Os animais surgiram da água e da terra por ordem de Deus e possuem
apenas uma alma vivente (Gênesis 1.20-24), a qual se extingue com a morte do
corpo. Quanto ao homem, foi um ato especial da parte de Deus que o criou, tendo
espírito, alma e corpo (1 Tessalonicenses 5.23; Hebreus 4.12). O homem foi
feito alma vivente e espírito vivificante e inteligente para viver eternamente.
“Na verdade, há um espírito no homem, e a inspiração do Todo - Poderoso os faz
entendidos” (Jó 32.28; 12.10; 1 Coríntios 2.11). A alma é a vida do corpo (Gênesis
2.7) e o espírito é a vida da alma (1 Reis 17.21; Atos
20.10). Já aos animais, Deus deu apenas “uma alma vivente” para animar a vida
do corpo, a qual se acaba com a morte (Gênesis 1.20,21, 24, 25). Quanto ao
homem, sua existência continua mesmo após a morte do corpo. Basta que se
considere à luz da Bíblia a história do rico e Lázaro e o depoimento de João sobre
as almas debaixo do altar (Lucas 16.22-24; Apocalipse 6.9), bem como outras
passagens similares.
Vejamos algumas dessas diferenças:
Somente o homem recebeu o sopro de Deus (Gênesis 2.7) e,
portanto, tem um espírito imortal. Os animais receberam apenas uma alma
vivente.
O homem é um ser moral, não obrigado a obedecer aos seus instintos
como fazem os animais.
O homem tem domínio sobre a natureza e sobre todos os seres vivos.
A parte imaterial do homem torna-o uma personalidade espiritual.
Nesta condição a ele imposta por Deus, o homem difere bastante de todos os
demais seres criados.
O homem salvo, ao morrer parte para estar com Cristo (Filipenses
1.23); aos animais tudo se acaba com a morte.
Concluímos, portanto, não haver nenhuma discrepância nos escritos
de Salomão em Eclesiastes 3.19, uma vez que ele não estava igualando o destino
de homens e animais na hora da morte, mas sim, se referindo apenas à igualdade
da morte física de ambos.
por Waldemar Pereira Paixão
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