História da Igreja

História da Igreja


Deus não tem netos, apenas filhos. Devemos cultivar a memória do passado, mas é a nossa ação no presente que fará diferença no futuro. A vida cristã é um equilíbrio que abraça a tradição sem tradicionalismo, enquanto trabalhar pelo futuro sem idealismo e ativismo, mas na dependência do Senhor

Os estudos da história da igreja fornecem inúmeras ferramentas de reflexão sobre o nosso presente e o nosso futuro. Quando lemos o Novo Testamento podemos observar que, inspirados pelo Espírito Santo, os autores bíblicos como Paulo, Mateus, João, Tiago e Lucas fizeram diversas referências das histórias do Antigo Testamento para articularem importantes verdades teológicas à igreja primitiva, assim como para os cristãos de todos os tempos. Mas, nos estudos de história, devemos evitar dois erros bens comuns a idealização e a rejeição do passado.

Há quem veja o passado sempre de maneira positiva. Em nosso contexto pentecostal esse tipo de equívoco é muito comum. Alguns falam da igreja de décadas atrás como se nela não existisse pecado. O mais interessante é que quando lemos o Novo Testamento, observa-se que não há nas páginas sagradas nenhum interesse em romantizar o que passou. A realidade nua e crua da Igreja em Corinto, por exemplo, é exposta nas Sagradas Escrituras com muita transparência, assim como inúmeros problemas na igreja primitiva em Atos dos Apóstolos. Vale lembrar que um dos primeiros relatos do livro de escrito por Lucas mostra uma disputa de preferência entre cristãos de origem judaica e de origem grega. Diz o texto: “À medida que o número de discípulos crescia, surgiam murmúrios de descontentamento. Os judeus de fala grega se queixavam dos de fala hebraica, dizendo que suas viúvas estavam sendo negligenciadas na distribuição diária de alimento” (Atos 6.1 – NVI).

Todavia, há o outro lado da moeda. Você já deve ter escutado alguém usando a palavra “medieval” como algo negativo. Popularmente, o período medieval é chamado até de “Idade das Trevas”. Mas será que essas conotações históricas são justas? Nos tempos modernos há um fenômeno que o escritor C. S. Lewis (1898-1963) chamou de “esnobismo cronológico”, que é a tendência de olhar o passado sempre de maneira negativa em relação ao presente. O filósofo Owen Barfield (1898-1967) observa que para muitos modernos, “a humanidade definhava intelectualmente por inúmeras gerações nos erros mais infantis em todos os tipos de assuntos cruciais, até que ela foi resgatada por algum ditado científico simples do século passado”.(1) Alguns adolescentes e até adultos, de maneira ingênua, acreditam que o mundo só ficou bom, agradável e inteligente quando a geração deles nasceu.

Para concluir, devemos respeitar, estudar e cultivar a memória do passado, mas sem idealizá-lo. Assim como não podemos desprezar as preciosas lições que os irmãos já falecidos deixaram para a nossa trajetória. O sábio aprende com o erro dos antecessores e imita as boas condutas daqueles que já foram. Por esse motivo, estudar a história da Igreja é mais do que necessário, é urgente!

Referências

(1) BARFIELD, Owen. History in English Words. 1 ed. Londres: Faber and Faber, 1964. p 164.

por Gutierres Fernandes Siqueira

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