Este texto é a continuação do artigo "Púlpito: altar de ministração da Plavra de Deus - Parte 1" publicado anteriormente
A Bíblia: O leite para os neófitos na fé
O leite é alimento básico para o recém-nascido. Para os neófitos, a Bíblia é “o leite racional” (1 Pedro 2.2). Aqui, o apóstolo Pedro está falando a crentes já adultos, mas que agiam como “recém-nascidos” que precisam de leite, alimento indispensável ao desenvolvimento orgânico da criança. Pedro percebeu que havia crentes, raquíticos espirituais, necessitando ainda “o leite racional”.
1. Para o neófito na fé (1 Timóteo 3.6). A Palavra de
Deus é o leite que o neófito precisa. Um recém-nascido não pode ser alimentado por
outra comida. Sua estrutura física não tem suporte para alimento forte e
pesado. Ele precisa de algo vigoroso, mas leve, que nutra o seu organismo.
Espiritualmente, a Igreja precisa nutrir os seus membros com “o leite racional”,
a Palavra de Deus, para que cresçam sadios e fortes na fé.
2. Para os crentes débeis na fé (Hebreus 5.12). O
autor da Carta aos Hebreus se deparou com um grupo de judeus convertidos a
Cristo, que já haviam passado pela experiência cristã, já haviam crescido, mas estavam
agindo como crianças que precisam do leite materno. O escritor declara que o
“tempo de experiência” não os amadureceu. Pelo contrário, necessitavam de que
se voltasse a ensinar os primeiros rudimentos de doutrina, uma vez que não
podiam ser alimentados com “alimento sólido”. Ora, esse fato se repete em
nossos dias. Temos muitos crentes antigos que não podem ser alimentados com
“alimentos sólidos” e precisam começar tudo de novo com “o leite da Palavra de
Deus”, pois estão desnutridos e anêmicos na fé.
3. O leite deve ser sem mistura. O apóstolo Paulo
destaca que “quem apascenta
o gado bebe o seu leite” (1 Coríntios 9.7). Ora, a
falta de genuinidade, de pureza, de honestidade e de amor faz com que muitos
pregadores e pastores de nossos dias deem o “leite misturado com água” para transparecer
abundância. Desse modo, diminui a gordura e os seus elementos nutrientes. A
Palavra deve ser o leite sem mistura.
A Bíblia: A carne para os fortes
Carne é um alimento sólido que só uma pessoa com o organismo
já desenvolvido poderá se alimentar dela. A Bíblia apresenta a “carne” como
parte da alimentação do povo de Israel. Na instituição da Páscoa, Israel
lembraria o livramento dos seus primogênitos da espada do anjo da morte com um cordeiro,
tomando o seu sangue e aspergindo-o nos umbrais das suas portas e comendo a
carne assada do cordeiro pascal (Êxodo 12.4,5, 7-9). Deus estabeleceu leis de
seleção para os animais que podiam ser comidos pelo povo. A carne sempre esteve
presente nas refeições do povo de Israel. Quando Israel saiu do Egito, em sua
peregrinação, faltou carne, então o Senhor enviou o “maná” e também carne,
orientando a migração natural de codornizes por cima do arraial (Êxodo
16.12,13). Quando o profeta Elias se escondeu junto ao ribeiro Querite,
defronte do Jordão, Deus lhe enviou a vitória: “pão e carne” por meio de corvos
(1 Reis 17.3-6). Aos sacerdotes, deu-lhes o direito de comerem das carnes do
sacrifício (Levítico 7.15, 16). Jesus usou uma metáfora quando declarou que
daria a Sua carne para ser comida (João 6.52-54), qo eu significa participar do
Seu corpo, do Seu vigor.
A Bíblia: Mel desejável para todos ( Salmos 119.103)
O mel, produzido por abelhas, se constitui um dos alimentos
mais desejáveis por toda a humanidade. O seu sabor agrada ao paladar. A Bíblia
fala da terra sonhada e desejada por toda a semente de Abraão como a “terra que
mana leite e mel” (Êxodo 3.8.17; 13.5; 33.3). O Egito representava para Israel “uma
terra de amargura e tristeza”, mas a terra de Canaã era a “terra de leite e
mel”. A Igreja, de igual modo, saiu do Egito, do mundo e parte para uma “terra de
leite e mel”, a Canaã celestial.
1. O valor terapêutico do mel. Ele serve para dar
sabor ao paladar, do mesmo modo como a Palavra de Deus pode ser degustada ao sabor
do mel espiritual. A vida cristã seria triste sem a doçura da Palavra de Deus.
O mel tem ação terapêutica nas inflamações de garganta, como também é purgativo
para avaliar um mal-estar físico. A Palavra de Deus é o mel purgativo que limpa
o nosso interior das impurezas.
2. O mel é símbolo de gozo e vitória. Em Juízes
14.5-6, temos aquela história de Sansão, quando, no caminho das vinhas de
Timnate, um leão o atacou. O Espírito do Senhor veio sobre Sansão e ele fendeu
o leão de alto a baixo, deixando- o morto à beira do caminho. Ao voltar, Sansão
encontrou no corpo do animal um enxame de abelhas com mel. Ele tomou o favo de
mel e o comeu (Juízes 14.8,9). Esse leão pode simbolizar as tribulações
vencidas em nome do Senhor. O mel simboliza a Palavra de Deus, que nutre a vida
espiritual e nos dá vitória.
A Bíblia: O azeite que alimenta a tempera a vida
espiritual
O azeite de oliveira foi e é até hoje muito apreciado e
comum não só nas terras da Palestina, mas em todo o mundo. Nos ritos religiosos
de Israel, o azeite era usado para a consagração dos sacerdotes (Êxodo 29.1-7;
Levítico 8.12); em certas ofertas e sacrifícios (Levítico 2.1; Números 7.19);
na consagração do Tabernáculo (Êxodo 30.22-29; 40.9, 10); nas
lâmpadas do castiçal
no “Lugar Santo” (Êxodo 25.6; Levítico 24.2); na purificação de leprosos
(Levítico 14.10-18); na consagração de reis (1 Samuel 10.1; 1 Reis 1.39). De
fato, o azeite tinha várias utilidades nos tempos bíblicos. Ele era usado como
cosmético após o banho (Rute 3.3; Lucas 7.46) e como medicina (Isaías 1.6; Marcos
6.13; Lucas 12.35). O azeite era usado como meio de troca e venda no mercado (1
Reis 5.11; Ezequiel 27.17; Oséias 12.1; Lucas 16.6; Apocalipse 1.13). Na tipologia
bíblica, o azeite é símbolo da alegria (Salmos 45.7; Isaías 61.3; Hebreus 1.9);
símbolo da prosperidade e abundância (Deuteronômio 32.13; 33.24; Joel 2.19,24).
A falta de azeite denotava pobreza (Joel 1.10; Ageu 1.11). A unção dos reis e
sacerdotes simboliza hoje a unção do Espírito Santo na vida dos Seus ministros.
A relevância da pregação bíblica no púlpito
Vivemos numa época em que os absolutos da fé têm sido relegados
ao segundo plano. A Bíblia tem se tornado para alguns pregadores apenas a
desculpa para mensagens vazias, porque suas ideias são advindas de filosofias modernas
que influenciam tantos cristãos. Vivemos tempos de relativização da verdade e
da valorização dos sentimentos em detrimento da racionalidade da Palavra de Deus.
Lamentavelmente, a pureza da pregação genuína tem sido corroída com retóricas
filosóficas que não revelam o grande amor de Deus. Na verdade, a pregação autêntica
tem os fundamentos de sua teologia respaldados pela experiência de conversão do
pregador. Em Paulo, a teologia de sua pregação estava fundamentada em sua
experiência pessoal com Jesus. O encontro com o Cristo da Bíblia legitima a
pregação.
No Cristianismo hodierno, enfrentamos as ameaças do secularismo
pós-moderno: a) Os absolutos da fé são relegados por temas triviais; b) Vivemos
tempos de relativização da verdade e da valorização apenas dos sentimentos; c)
A Bíblia tem sido relegada a somenos importância como base da pregação; e d) Os
temas bíblicos são secularizados, isto é, interpretados à luz do pensamento que
rege a sociedade moderna.
O texto de Romanos 1.14-15 nos mostra a relevância da
pregação bíblica no púlpito como um modo especial de servir a mesa com alimentação
sadia para a alma e o espírito do crente. O apóstolo Paulo escreveu aos romanos
que “se sentia devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a
ignorantes”, e que estava pronto para anunciar o Evangelho a todos. Esse
sentimento que dominava o coração de Paulo era um sentimento típico de pregador
do evangelho.
Aquele que é vocacionado para pregar deve dar o seu melhor em
termos de preparação para a missão de pregar (Atos 20.28). Paulo revela que a
missão de pregador era a de anunciar todos os desígnios de Deus (Atos 20.27). A
responsabilidade é enorme e requer dessa geração de pregadores de nossos dias o
compromisso de “manejar bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.2,15).
por Elienai Cabral
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