O conselho de Jetro a Moisés na escolha de seus auxiliares

O conselho de Jetro a Moisés na escolha de seus auxiliares


Algumas das qualidades citadas no texto que narra esse episódio servem como parâmetro ao líder preocupado em escolher superintendentes de Escola Bíblica Dominical que mantenham a qualidade do ensino

Encontrar a pessoa certa para o lugar certo é uma tarefa árdua. Jim Collins, professor da Escola de Negócios de Harvard, disse, ao final de sua carreira como executivo, que, ao avaliar suas dez mais importantes decisões, percebeu que oito delas envolveram a escolha de pessoas. Nas nossas igrejas, onde há um ambiente de trabalho essencialmente voluntário, escolher pessoas se torna ainda mais difícil, mas não impossível. O Espírito Santo sempre deve ser um aliado importante nessa escolha. Ele é muito mais interessado do que nós em um resultado efetivo.

A Bíblia Sagrada narra o episódio em que Jetro aconselhou seu genro Moisés a dividir o trabalho de atender ao povo. Naquele momento, o veterano ofereceu o  perfil indispensável daqueles que deveriam ajudar o líder hebreu (Êxodo 18.19-22). A equipe de auxiliares deveria ser formada por candidatos capazes, tementes a Deus, homens de verdade e não avarentos. Esse perfil traz dois requisitos que gostaria de destacar: “capazes” e “homens de verdade”. Moisés precisou definir quais seriam essas capacidades, habilidades e atitudes indispensáveis para a função de julgar o povo, além do requisito de serem tementes a Deus e não avarentos.

Da mesma maneira, para a escolha do superintendente da Escola Bíblica Dominical, definir as capacidades necessárias é fundamental. Em pesquisa recente que fiz com mais de 150 superintendentes de EBD, descobri que 7% não dedicam nenhum tempo na semana para ao menos pensar no departamento; que 37% dedicam de 20 a 60 minutos semanais para alguma atividade voltada para a EBD; e 33% utilizam de 90 a 180 minutos na semana. Os que ultrapassam 2h30 e vão até 4h semanais de atividades voltadas para a EBD completam os 23% restantes. O superintendente que não dedica tempo para o departamento que administra faz apenas abertura e fechamento das atividades do setor. Não é disso que precisamos.

O termo “superintendente” procede do latim e significa “aquele que dirige na qualidade de chefe”; “aquele que inspeciona, supervisiona”. Em Gênesis 41.34, vemos José aconselhar Faraó a estabelecer supervisores. O termo hebraico usado é paqiyd, que significa “administrador”, “supervisor”. Em 2 Crônicas 31.13, paqiyd é utilizado novamente e na ARA é traduzido como “superintendente”. Em Romanos 12.8, o apóstolo Paulo utiliza o grego proistemi, que é o que “preside”, “literalmente aquele que está à frente”. O Apóstolo dos Gentios indicou que os líderes são pessoas capacitadas sobrenaturalmente pelo Espírito Santo para administrar, presidir e liderar atividades executadas pelo Corpo de Cristo para o crescimento do Reino de Deus. Aqui já encontramos capacidades importantes para a escolha dos novos cooperadores para a EBD.

A escolha deve observar quatro pilares: administrativo, estrutura física, gestão de pessoas (apoio a professores) e, por fim, as questões pedagógicas. Observemos algumas capacidades desejáveis dos candidatos para o cargo em cada um desses pilares que formarão o perfil que deve ser buscado.

O superintendente deve ter capacidade administrativa para gerenciar questões envolvendo assiduidade dos alunos e professores, sistema de informática, gestão financeira, estoque e controle dos materiais e equipamentos de apoio, e principalmente capacidade de desenvolver um bom marketing para a EBD. Nas questões de estrutura física, o candidato deve ter capacidade de trânsito (política) com a direção da igreja, pois acomodar a estrutura física dos templos para a EBD vai requerer muita negociação (que é outra capacidade desejada). Outra atitude requerida nesse particular é a criatividade na busca de soluções simples, de alto impacto e baixo custo. No pilar gestão de pessoas, para a equipe de professores e de apoio, o candidato deve demonstrar grande capacidade de lidar com pessoas. Essa pilar se reveste de uma capacidade que, na falta dela, pode pôr todos os outras pilares a perder. As pessoas precisam ser encorajadas, engajadas, treinadas e acompanhadas nos seus desempenhos. Essas competências e atitudes devem ser vistas com muita atenção no momento da escolha.

Por fim, há uma quantidade grande de superintendentes que até conseguem ser eficientes nos pilares anteriores, mas falham no acompanhamento do desempenho dos professores nas questões pedagógicas. O candidato a superintendente da EBD deve ser preocupado com um ensino de resultado. Mais do quer ter professores, eles devem ser preocupados com o aprendizado efetivo do aluno, com um ensino que produza mudança de perspectiva no dia a dia. Ter professores é até possível, mas professores com preocupação com o aprendizado relevante é o desejável. E isso requer treinamento e avaliação constante dos professores para que o rumo possa ser garantido.

Não se preocupe em encontrar uma pessoa com um perfil que acomode perfeitamente todas essas capacidades. Ela na verdade não existe. O segredo é encontrar a pessoa que reúna o maior número deles e trabalhar essas qualidades. O que faltar vai depender de treinamento dessa pessoa.

por Ariel da Silveira

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