Poderia começar esse artigo tentando te explicar o que é um diálogo, mas, honestamente, é desnecessário, uma vez que todos sabemos. No entanto, ao longo dos anos, percebi que, por exemplo, a maioria dos problemas conjugais estão associados ao diálogo. Este é tão importante nas relações que a Bíblia traz algumas orientações sobre o bom uso das palavras: “A resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Provérbios 15.1); “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto” (Provérbios 18.21). Logo, entendemos que, para termos palavras de vida, é necessário sabedoria e controle da língua.
A instrução divina abraça a necessidade do bom uso das
palavras, isso porque as consequências podem ser devastadoras se as palavras
são usadas imprudentemente.
No célebre livro Como fazer amigos e influenciar pessoas,
Dale Carnegie explica a importância da forma como nos conectamos com o próximo.
Essa forma começa pelo interesse verdadeiro em entender o outro, em ouvir, se
predispor sinceramente para quem está nos ouvindo (p.134). A maioria dos
diálogos é marcada pela individualidade, um querendo manter a sua opinião e
descartar a opinião dos demais. O problema maior das relações está aqui: não
saber se comunicar de forma inteligente, sábia e empática. Quantos episódios em
sua vida foram marcados por um momento de troca de adjetivos ofensivos? Em
conversa com um casal, Jow e Lisa (nomes fictícios), percebi claramente a
dificuldade de comunicação entre ambos. Um exemplo está em um episódio relatado
por eles. Veja:
“Nossa! Quantas vezes já falei para você não derramar comida
no fogão? Parece um animal”.
“Lisa, a cada dia você fica mais insuportável, fica
procurando pelo em ovo. Reclama dessas besteiras. Pelo amor de Deus, vai
procurar o que fazer”.
“Eu fico procurando pelo em ovo? Você não faz nada aqui e
ainda age como uma criança. Acha que ainda está na casa da mamãe que fazia
tudo? Cai na real e aprende a ter responsabilidade!”
“Vai infernizar a vida outro! Cria uma confusão por causa da
porcaria de um arroz no fogão. Esse casamento já deu!”
Podemos chamar essa troca de ofensas de diálogo? Sim. As
trocas de palavras entre Jow e Lisa foram uma comunicação estabelecida, porém
improdutiva. É um diálogo improdutivo. Se diálogo é “trocar palavras, discutir
ideias, opiniões e falar alternadamente, (FERREIRA, 2001.p.210), o acima teve
todos esses fatores, porém em forma de insultos. Cada um entendeu perfeitamente
as ofensas. Todavia, convenhamos, a frustação de Jow e Lisa foi tratada? Não!
Ambos usaram as palavras de forma destrutiva. Vamos analisar alguns traços
presentes no diálogo destrutivo do casal.
Primeiro – Ressentimentos, mágoas guardadas. Logo de
início, é perceptível que o problema já vinha ocorrendo de longas datas, ou
seja, já havia sentimentos feridos e não tratados anteriormente. Nesse ponto,
precisamos extrair a seguinte lição: não guarde problemas, não ignore os
detalhes do dia a dia. Na primeira vez que você presenciar um comportamento
negativo, trate-o. Quanto mais cedo, mais sabedoria e paciência haverá para
estabelecer um bom diálogo.
Segundo - Chamar atenção através de palavras
ofensivas. Perceba que Lisa já estava saturada do comportamento descuidado do
esposo, logo ela queria chamar a atenção de uma forma que o incomodasse, que o
impactasse. É fato que ela conseguiu, mas não resolveu o problema. A verdade é
que, dentro de Lisa, ela não queria ofender o esposo, ela queria que ele fosse
mais parceiro.
Terceiro - Uso das palavras erradas. Isso é comum no
dia a dia. Uma situação bem típica é chamarmos de desorganizado alguém que
queremos que seja organizado. Se de cara você já afirma que a pessoa é
desorganizada, ela será! Como, pois, alguém terá motivações para melhorar? A
forma de falarmos deve conter vida: “Acredito que você pode ser mais
organizado”.
Precisamos parar com o diálogo destrutivo e passar a usar as
palavras de forma inteligente, evitando cada uma das características citadas.
Pare de ficar guardando ressentimentos. Elimine as palavras ofensivas do seu
diálogo, passe a utilizar palavras respeitosas, escolha palavras encorajadoras,
motivadoras, ao invés de adjetivos ruins. Com isso, alcançará um relacionamento
cheio de bons momentos, de boas lembranças e momentos felizes.
por Auricléssio Lima
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