Escrituras são adicionadas oficialmente ao currículo das escolas em Israel; na Alemanha, berço do protestantismo, só 1.6% lê diariamente a Bíblia
A tradução da Bíblia Sagrada continua sendo um desafio para os missionários e especialistas envolvidos no processo de compartilhamento do Santo Livro às culturas remotas e exóticas que habitam o planeta; mas, com o avanço da tecnologia, o processo tende a passar por modificações a fim de otimizá-lo para um período de tempo menor. O luterano alemão Ulf Hermjakob, cientista pesquisador sênior do Instituto de Ciências da Informação (ISI) da Universidade do Sul da Califórnia na Escola de Engenharia USC Viterbi, e o indiano e evangélico pentecostal Joel Mathew, engenheiro de pesquisa do ISI, fazem parte deste universo tecnológico que se debruça para atender a essa premente necessidade na evangelização dos povos usando suporte científico.
Os dois especialistas conjugaram a tecnologia da
Inteligência Artificial às Escrituras com o objetivo de alcançar as comunidades
sem acesso à Palavra de Deus em seus respectivos idiomas. Mathew se envolveu
com a tradução da Bíblia influenciado por seus pais, que desempenharam esse
trabalho na Índia. “É uma das minhas paixões ver a Bíblia traduzida em todas as
línguas”, comenta. O projeto é denominado “Sala Grega” e visa mudar para sempre
o exaustivo e moroso trabalho de tradução do Livro Sagrado, que tem cerca de 700
mil palavras.
O “Sala Grega” é formada por três ferramentas principais:
verificação ortográfica, alinhamento mundial para garantir consistência na
tradução e a ferramenta Gnu, utilizada para detectar caracteres impróprios em
um texto. O engenheiro disse que a verificação ortográfica geralmente demanda muitas
pessoas e tempo. Na tradução para línguas raras, apenas os membros da igreja
local detêm a qualificação necessária, mas não o acesso à tecnologia para
auxiliar no trabalho. “Esses não são problemas triviais; são desafios muito
complexos. No entanto, as grandes empresas não estão interessadas em resolvê-los,
pois não faz parte de seu modelo de negócios focar em idiomas extremamente raros.
Queremos alcançar todas as línguas do mundo. O objetivo é alcançar a todos”,
enfatizou Mathew.
Apesar de mais de 3,5 mil idiomas terem pelo menos um livro
da Bíblia, outros milhares de idiomas não têm uma versão completa das
Escrituras. “As pessoas não percebem que existem cerca de 7,1 mil idiomas no
mundo. O Google Tradutor abrange cerca de 100 deles”, disse Hermjakob. O USC
Viterbi, onde o cientista trabalha, apresentou o perfil do projeto em um
comunicado à imprensa. “Para esta tradução da Bíblia, estamos realmente visando
idiomas com poucos recursos que não estão nem entre os 500 melhores”, disse
Hermjakob. Ele ainda relevou que o objetivo do “Sala Grega” é permitir que as partes
subjetivas também sejam explicadas, que tenham correta aplicação ao leitor da
Bíblia. Os dois especialistas garantem que a ferramenta não vai neutralizar a
atividade dos tradutores profissionais, uma vez que o “Sala Grega” não traduz
um texto do zero. “Nossa esperança é ajudá-los, não substituí-los, de jeito nenhum”,
afirma Mathew. Além do que, o resultado final vai precisar da revisão dos
especialistas. Porém, o trabalho mais pesado será grandemente adiantado.
Lei anticonversão impede entrada de Bíblias na Índia
A Mission Cry, organização missionária que distribui Bíblias
e livros cristãos para dezenas de países, encontrou obstáculos para fazer um
descarregamento na Índia. Pastor Jason Woolford, seu presidente, disse que o
ministério de evangelismo está ficando mais difícil por lá: “Enviamos Bíblias e
livros cristãos para a Índia há mais de 65 anos, mas estamos vendo as dificuldades
se intensificarem como nunca vimos antes”, comenta. Jason comenta que, nos
últimos quatro meses, o governo começou a pressionar contra e a negar a entrada
dos contêineres enviados. “As leis anticonversão em 11 estados indianos estão
tornando mais difícil enviar e distribuir a Palavra de Deus”, explica.
Conforme a Mission Network News, um de seus contatos locais recebeu
uma mensagem ameaçadora, junto com outros da indústria naval. “Se algum
contêiner for aberto e encontrado com Bíblias, o responsável irá imediatamente para
a prisão”, dizia a mensagem.
Esse obstáculo, porém, não tem impedido que os cristãos
indianos permaneçam firmes em seu compromisso de compartilhar o Evangelho. “A
Mission Cry está empenhada em equipar esses cristãos para evangelizar onde quer
que estejam”, disse o missionário Jason Woolford.
Segundo Jason, a igreja na Índia continua solicitando
Bíblias. “Eles precisam de Bíblias porque entendem o poder que se encontra na
Palavra de Deus”, diz. “Temos outro parceiro com quem trabalhamos, que é um
empresário que já recebeu contêineres no passado. Então teremos que enviar
essas Bíblias para outros estados onde esta lei anticonversão não está prevalecendo,
para de alguma forma elas chegarem também nos estados com proibições. Teremos que
ser muito estratégicos. Não vamos parar de levar a Palavra de Deus,
especialmente quando eles estão tentando impedi-la de entrar. Pedimos para que
orem por essa situação e que o Senhor abrande o coração daqueles que não conhecem
Jesus Cristo”, conclui.
Pais derrubam decisão que proibia Bíblia nas escolas em Salt
Lake City, Utah (EUA)
No primeiro semestre deste ano, no distrito de Davis, localizado
ao norte de Salt Lake City, em Utah (EUA), a manutenção de exemplares da Bíblia
Sagrada nas escolas primárias e secundárias foi proibida. O argumento levantado
pelos opositores foi por conter “vulgaridade e violência” nas páginas do Santo
Livro. A iniciativa das autoridades foi uma resposta à reclamação de um pai que
considerou a Bíblia um material inadequado para as crianças. Entrementes, o
governo republicano de Utah já havia aprovado uma lei em 2022 com o objetivo de
proibir literaturas “pornográficas ou indecentes” nas escolas, o que levou ao
banimento de obras que apresentam temas como orientação sexual e identidade de
gênero. Além de Utah, outros estados como Texas, Flórida, Missouri e Carolina
do Sul mantêm o veto a livros considerados ofensivos. Logo, esse ataque à
Bíblia nas escolas tem sido entendido por alguns como uma represália.
De acordo com o jornal Salt Lake Tribune, o argumento
do pai reclamante se firmou na suposição de que a Bíblia seja um livro que “não
traz valores sérios para os menores de idade, porque é pornográfica, de acordo
com as novas definições”. Ele procurou as autoridades tendo como “amparo legal”
a medida em vigor desde o ano passado.
Se os opositores da Palavra de Deus se regozijaram com o
banimento da Bíblia das instituições educacionais e bibliotecas, por outro
lado, os legisladores, acompanhados por mais de 100 pais e seus filhos, se
reuniram munidos de cartazes no com os seguintes dizeres: “A Bíblia é o Livro
Original” e “Remova a Pornografia, não a Bíblia”. Assim, manifestaram a sua
indignação ao ser anunciada a decisão inusitada do Distrito Escolar de Davis em
retirar das mãos juvenis os exemplares da Bíblia.
A mobilização funcionou, levando as autoridades do distrito a
reconsiderarem a decisão. O distrito expediu a decisão para que os exemplares
da Bíblia voltassem a estar disponíveis nas bibliotecas do Distrito Escolar de
Davis.
Israel adiciona estudo da Bíblia no currículo do ensino
básico fundamental
Se nos Estados Unidos o conteúdo bíblico está sendo
questionado, em Israel o ministro da educação do país, Yoav Kisch, percebeu a relevância
da Palavra de Deus ser absorvida pela juventude israelense. Ele decidiu que o
conteúdo deveria ser implementado aos alunos do ensino fundamental. Ele
trabalha para aumentar sua abrangência ao longo do ano escolar, limitando a
flexibilidade dos diretores em relação a esse assunto.
O político disse que o ministério considera de extrema
importância os estudos bíblicos e tem como objetivo expandi-los. “Há um grande valor
em estudar as humanidades e a cultura; e em primeiro lugar, é claro, a Bíblia”,
disse ele no final do Concurso Bíblico Internacional anual, realizado no Dia da
Independência. O ministro israelense concluiu dizendo que a mudança “não
abrange a religiosidade, mas gira em torno do fortalecimento de nossa conexão
com nossa história e nossas fontes”. Kisch falou sobre o assunto em fóruns
internos do ministério, onde procurou determinar as medidas a serem implementadas
para reforçar o status dos estudos bíblicos nas escolas.
Apenas 1,6% leem a Bíblia diariamente na Alemanha
Teólogos da Universidade de Leipzig descobriram, através de
um novo estudo, que apenas 1,6% da população alemã lê a Bíblia Sagrada pelo
menos uma vez por dia e 3,2% a leem toda semana, apesar de metade da população
na Alemanha se identificar como protestante ou católica. Os pesquisadores disseram
ter se surpreendido com a “baixa utilização da Bíblia” entre protestantes e
católicos no país onde aconteceu a Reforma Protestante e foi o lar de seu
idealizador, Martinho Lutero, que traduziu a Bíblia para o alemão. O estudo foi
coordenado pelos professores Gert Pickel e Alexander Deeg, e realizado a partir
de uma pesquisa feita em 2022 com 1.209 alemães “com e sem laços religiosos”.
Os especialistas afirmam que foi o “primeiro estudo totalmente alemão
representativo sobre este tema”.
O site Christian Post veiculou que a pesquisa foi
custeada pela Fundação Alemã de Pesquisa (DFG) e entrevistou residentes alemães
com 16 anos ou mais, selecionados aleatoriamente e abordados por telefone ou
outros meios digitais. Um terço dos entrevistados se identificou como
não-denominacional, outro terço como protestante e o último terço como católico.
Menos de um terço (30%) informou que consulta a Palavra de Deus aproximadamente
uma vez por ano. “Vemos que o número de não-leitores é alto”, comenta o
professor Pickel. O pesquisador disse que, apesar de ser comum os estudos sobre
o uso da Bíblia nos EUA, pouco se sabe disso na Alemanha. O último estudo sobre
o assunto no país europeu abordou o tema “piedade” da Bíblia e ocorreu há 40
anos.
Em 2014, aproximadamente o dobro de alemães (3,1%) liam a Bíblia
diariamente e foi constatado que os homens a consultavam com mais frequência do
que as mulheres. Entre os entrevistados que disseram não ler a Bíblia, 80%
revelaram não considerar os temas bíblicos como “relevantes para sua vida
pessoal”. Embora outros 63% se identifiquem como não leitores, eles confessaram
que ainda acreditam que as Sagradas Escrituras são uma fonte de “normas e
valores essenciais para a sociedade”.
Os pesquisadores ressaltam que a proporção de leitores da Bíblia
não caiu, mas a frequência de sua consulta. Ainda de acordo com o estudo, a
maior parte da socialização das Escrituras ocorre entre os 4 e os 14 anos de
idade, logo as chances de alguém ter um primeiro encontro com a Bíblia além
dessa idade se não teve antes são “bastante raras”. Segundo o estudo, “enquanto
a maioria dos entrevistados encontrou a Bíblia nos cultos da igreja, outros
locais também foram apontados, como as aulas religiosas nas escolas e os
ensinamentos pessoais de pais e avós”.
Compartilhe este artigo. Obrigado.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante