Empreendimento que gera o ambiente ideal para aprendizagem
Qualquer empreendimento necessita de um planejamento para que obtenha sucesso. É o que nos adverte o Senhor Jesus em Lucas 14.28-32. Não se pode começar uma construção fazendo os alicerces sem saber quantos andares o mesmo terá, nem se teremos recursos suficientes para terminá-lo. Tampouco se pode acrescentar andares a uma edificação, cujos alicerces não foram preparados para suportar tamanha carga. Este edifício com certeza não permanecerá de pé. Foi assim desde o princípio. Até o nascimento de Jesus foi planejado.
Em Gênesis 3.15, Deus anuncia o seu plano de enviar um
Salvador para a humanidade. A construção do Templo de Salomão foi
minuciosamente planejada pelo próprio Deus. Conforme relato das Escrituras,
para fins, necessidades, formas de cultuar e costumes específicos do povo de
Israel. Certamente que aquele projeto não nos serviria hoje, visto que nossa
cultura e necessidades são outras.
O projeto tem que ordenar o espaço, em função de uma
determinada época, de um determinado meio, de uma determinada técnica e de um
determinado programa. Esse programa é mutável. As nossas necessidades são
diferentes dos primórdios da Igreja no Brasil, quando um salão para os cultos
era suficiente. Hoje o ensino é mola mestra, e já não se admite um templo sem
espaço reservado para esse fim.
E preciso que alarguemos a nossa visão. Ninguém pode saber tudo.
Sábio é o pastor que não despreza, antes busca a ajuda de um profissional para
o planejamento dos espaços físicos do templo. Se alguém está doente, procura um
médico; se alguém tem problemas com a justiça, procura um advogado; se alguém
vai abrir uma firma, procura um contador; se alguém vai construir ou reformar, sem
dúvida, deve procurar um arquiteto. Ele é o profissional capacitado a construir
e ordenar espaços confortáveis para o homem a fim de assegurar-lhe melhores
condições de vida, conhece os materiais e suas técnicas e possui experiência na
execução das obras.
Deus nos deu tal exemplo constituindo a Bezaleel como o
grande artífice da obra do Tabernáculo, conforme Êxodo 31.1-11. O arquiteto é o
que desenha, projeta ou idealiza ambientes bem distribuídos, com bom
isolamento, boa ventilação, circulação adequada e dimensões compatíveis com o
uso, onde não haja espaços super ou subutilizados, o que os tornariam
antieconômicos.
Lamentavelmente muitos têm desprezado este caminho e partem
para uma fórmula empírica de erros e acertos. Economizam em custo de projeto e
gastam tempo e dinheiro fazendo e desfazendo, onde o resultado final tem poucas
chances de ser satisfatório. Muitos, quando procuram o profissional, já estão
em um estado adiantado da obra, em que erros básicos já foram cometidos e as
correções nem sempre são possíveis. Outros o procuram só para desenhar uma
fachada, como se o belo fosse a única coisa que importasse, desprezando o
conforto ambiental, essencial para o ser humano.
Mas o templo ideal não surge sem planejamento, sem que se
estabeleça as prioridades da igreja. Sem dúvida alguma ensinar, é uma delas. Ao
ensinarmos, estamos fazendo discípulos conforme Jesus ordenou em Mateus 28.19.
E esta não é uma tarefa fácil, ela requer dedicação e preparo de quem ensina.
Mas o local também é importante, pois um ambiente adequado melhora o
aprendizado, tornando-o fácil e agradável.
Sem prioridades estabelecidas, nunca teremos o templo ideal,
nem a igreja cumprirá seu papel espiritual e social. Já vi salas de aula serem
transformadas em garagens e garagens serem transformadas em salas, em virtude
de mudança da administração da igreja. O que é mais importante? Termos carros a
salvo de arranhões, ou vidas a salvo do devorador?
Estamos vivendo dias altamente competitivos, onde a
qualidade é palavra de ordem em todos os setores: quer no comércio, nas
indústrias, nos meios culturais, escolares etc. Por que não levarmos também
esta ideia de “qualidade total” para dentro de nossas construções? As nossas
escolas bíblicas não podem ficar aquém das escolas seculares, cada vez mais
modernas, com espaços cada vez mais bem dimensionados, onde cada detalhe é
minuciosamente estudado por especialistas, onde pedagogos, psicólogos e
arquitetos se aliam para descobrir o ambiente ideal para que o aprendizado seja
cada vez mais eficaz e agradável.
As escolas que se destinam aos pequeninos, se preocupam
sobremaneira em proporcionar-lhes conforto ambiental através de mobiliário,
altura de vasos sanitários, torneiras, bebedouros, enfim, ambiente compatível
com o faixa etária.
O colorido da decoração não é esquecido, faixas pintadas a
uma altura de 1m a 1,2m servem de referencial para o seu tamanho, dando-lhes a
sensação de que a sala está do tamanho deles, e tudo ali leva o estudante a se
sentir confortável e seguro. A competitividade tem levado as escolas a investirem
em modernas instalações e capacitação de professores. Ficamos felizes e
orgulhosos de nossos filhos estudarem em escolas-modelos. Até mesmo as escolas
públicas têm procurado melhorar suas acomodações, ampliando espaços,
modernizando laboratórios, construindo escolas modelos. E o que nós temos
feito?
Também temos nos preocupado com esse aspecto? Ou será que
sequer temos o espaço? Porventura o ensino bíblico não tem maior importância na
formação do caráter de nossa gente?
Aprendemos de diversas maneiras, vendo, ouvindo, escrevendo,
falando. Se queremos realmente “instruir ao menino no caminho em que deve andar”
como diz Provérbios 22.6, temos que priorizar o espaço destinado a esse fim,
adequando-o, com mobiliário compatível com a faixa etária e material didático
necessário. Com certeza nossas crianças terão maior motivação para ir à igreja se
o ambiente estiver mais bem preparado para recebê-las. Estudos comprovam que o
adolescente, por exemplo, é movido por sentimentos. Ele se lembra dos episódios
que presencia mais pelo que sente em relação a eles. E que sentimentos as
nossas salas de aulas da Escola Dominical estão despertando? Descaso?
Desconforto? Cansaço visual? Ou paz, tranquilidade, segurança, motivação?
Não é mais tempo de termos classes dentro de um grande
salão, onde grupos se avolumam, professores competem no falar mais alto, alunos
distraídos e, porque não dizer, tempo desperdiçado.
Talvez possamos questionar: onde arranjaremos recursos para tais mudanças? Com certeza o maior problema enfrentado não é a falta de recursos. Com criatividade consegue-se transformar ambientes. Tome a iniciativa de procurar alguém que possa orientá-lo nessas mudanças. E aí vão algumas dicas: Não submeta seus alunos a uma sala mal iluminada;
· Não coloque crianças pequenas amontoadas em uma sala. Elas precisam de espaço para pular, fazer rodas, correr um pouco. Numa sala de 20 metros quadrados, não coloque mais que 15 crianças (essa sala deve ter bebedouro próprio);
· Poucos alunos em salas grandes se sentem dispersos;
· As salas devem ser isoladas, com entradas independentes, nunca o acesso de uma deve ser por dentro da outra. O ideal é que haja um corredor de circulação de no mínimo 1,20m;
· As salas das crianças devem ter acesso fácil ao banheiro;
· Não submeta seus alunos a uma sala sem ventilação natural. O ar viciado, além de ser prejudicial à saúde, causa inquietação nas crianças;
· O ideal é que as paredes de uma sala de aula sejam revestidas até uma altura de 1,5m;
· Evite materiais de cor escura. Use os tons pastel. Eles tornam os ambientes mais suaves;
· Evite piso derrapante. Se o dinheiro for curto, um bom cimentado resolve;
· O ideal é que essas salas de aula fiquem em um prédio anexo ao templo, e que o acesso não seja por dentro do salão de cultos;
· Se for começar a construir e o seu terreno for inclinado, tire proveito e faça salas no subsolo. Mas não se esqueça de pensar na iluminação e ventilação naturais;
· Use portas de no mínimo 80cm, elas dão maior espaço de circulação.
Perguntamos: É viável construir um espaço e utilizá-lo
somente aos domingos? Certamente que não.
Temos consciência de que a igreja atual não é mais aquela do
início do século, não se admite hoje um templo sem seus devidos departamentos.
Com a visão alargada para as necessidades emergentes, a
igreja atual é empreendedora e busca atender aos anseios do homem moderno,
portanto os departamento anexos tornam-se necessários para atender não só a
seus membros e congregados, mas às carências da comunidade na qual está
inserida. Salas de múltiplos usos poderão ser utilizadas durante toda a semana
como escola secular e/ou oferecendo cursos profissionalizantes como corte e
costura, bordados, culinária etc. À noite, escola teológica, aulas de discipulado,
aulas de música etc.; e aos domingos, Escola Dominical. Deste modo os espaços
serão bem utilizados e economicamente viáveis pois nunca estarão subutilizados.
Deus tem nos dado o privilégio de conhecer algumas dezenas
de templos em diversos Estados do Brasil e, porque não dizer, em alguns países.
Em poucos deles podemos verificar um bom aproveitamento do espaço físico. Temos
visto templos grandes, com capacidade para milhares de pessoas assistirem aos
cultos, mas pouco espaço destinado ao estudo sistemático da Palavra de Deus.
Louvo a Deus também pelo privilégio de poder contribuir com algumas igrejas
para modernizar seus espaços com projetos novos e também projetos de ampliação
e reformas.
Em todos, graças a Deus, temos conseguido que uma nova
filosofia de trabalho, com valorização dos espaços destinados ao ensino, seja
implantada. Em que outra atividade na Igreja tem-se tão rica oportunidade de
estudar as Escrituras como na Escola Dominical? Despertemos no nosso povo o
interesse de frequentar a Escola Dominical. Comecemos com um bom planejamento do
espaço físico. E não pensem que isso é invenção moderna.
Historiadores nos falam que os compartimentos existentes no
átrio exterior do templo e fora das cidades nos departamentos das sinagogas
serviam de gabinetes de leitura. Diz-se que o episódio narrado em Lucas 2.46,
em que Jesus foi achado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os, ocorreu
num desses departamentos. Se queremos uma igreja forte, edificante e vencedora,
temos que armá-la adequadamente para o combate. E a maior arma é o conhecimento
da Palavra de Deus. Que outro lugar seria melhor para aprender o manejo dessa
arma, senão a Escola Dominical. Então, por que não destinar espaço físico de honra
para ela?
por Ivanildes Gomes da Silva Tolentino
Compartilhe este artigo. Obrigado.
Postar um comentário
Seu comentário é muito importante