A força filantrópica dos assembleianos

A força filantrópica dos assembleianos


Uma pesquisa feita pelo doutor Philip Jenkis sobre o movimento religioso no mundo estimou que o Brasil será o segundo país no mundo a ter o maior número de cristãos até 2050, com quase 200 milhões de cristãos. Ainda segundo o pesquisador, a África e a América Latina serão o lar de 30% da população mundial, enquanto a Europa estará em declínio, o que justifica o crescimento dos cristãos nestas duas regiões. Nesse sentido, o Brasil estará entre as dez nações mais populosas do planeta, e o Estado de São Paulo, entre os cinco maiores estados do mundo.

Em um âmbito mundial, o site das Assembleias de Deus americanas informa que há 69 milhões de assembleianos no mundo, tornando-a a maior denominação pentecostal da terra. Já os documentos da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus do Brasil (CGADB) mostram que há 400 mil templos e 36 milhões de assembleianos no Brasil. Em 2010, o IBGE falou de 12 milhões de pessoas pertencentes às Assembleias de Deus brasileiras. Um estudioso da denominação lembrou que, após mais de cem anos de sua fundação, há no Brasil doze milhões e meio de assembleianos espalhados nos oito milhões e meio de quilômetros do território brasileiro – o que significa um assembleiano e meio por quilômetro quadrado.

Crescimento e responsabilidade

Todo esse crescimento vem acompanhado de muita responsabilidade por parte dos membros e líderes de nossas Assembleias de Deus no Brasil. Esse compromisso passa pela responsabilidade com aqueles que tanto precisam de socorro. Por isso, em primeiro lugar, é preciso lembrar que a Declaração de Fé das Assembleias de Deus afirma que o membro das Assembleias de Deus crê na inspiração divina, verbal e plenária da Bíblia Sagrada e que ela é a única regra de fé e prática para a vida e o caráter cristão. Neste sentido, o assembleiano crê que, desde o livro de Gênesis até o livro de Apocalipse, a Bíblia é inspirada por Deus e deve ser aceita de modo geral e completo. 

Portanto, os textos que constam na Bíblia sobre obra social, justiça social, filantropia em todos os seus níveis, fundamentam a crença de seus membros sobre a consciência social de cada um. A fundamentação bíblica perpassa pelos mandamentos dados ao povo de Israel no Antigo Testamento, pelo ensino de Jesus sobre o cuidado com o próximo e pelas cartas do Apóstolo Paulo acerta do papel do cristão na promoção da justiça social. No âmbito social, as Assembleias de Deus atuam nas mais diversas frentes de trabalho.

Isael Araújo ressalta no Dicionário do Movimento Pentecostal que “Igrejas pentecostais atuam em diversas formas de ação social, da tradicional caridade, passando pela filantropia, e chegando às práticas e discursos das chamadas organizações não governamentais (ONGs)”. O pesquisador pontua que as Assembleias de Deus praticam ação social desde sua fundação, em diversas atividades filantrópicas: “A igreja-mãe em Belém (PA), já nos seus primeiros anos mostrou preocupação com beneficência ao ter criado nas gestões de Samuel Nystrom (1924-1930) e Nels Nelson (1930-1950) as Caixa de Beneficência, Caixa Mortuária e Caixa das Viúvas”.

Entretanto, as questões sociais das Assembleias de Deus não estão presas apenas à distribuição de alimentos para famílias carentes, mas abarca outros projetos a exemplo de creches, abrigo de idosos, casas de recuperação para dependentes químicos, escolas, faculdades, ONGs, evangelização carcerária, atendimento médico, entre outros diversos engajamentos sociais. O Mensageiro da Paz sempre evidenciou a consciência social da denominação através de publicação de matérias sobre assistencialismo em todas as partes do país, desde os projetos com as crianças, assistência aos presos, alfabetização, socorro às vítimas de acidentes climáticos e diversas ações nos mais longínquos locais do país. 

Todas essas matérias são alicerçadas na compreensão assembleiana sobre diaconia e mordomia cristã. Em todas as edições do periódico, reserva- ao menos uma página ou mais para expor o trabalho social de milhares de congregações assembleianas espalhadas pelo país. O sentido de uma igreja relevantemente evangelizadora também significa o convite não apenas para os membros saírem fora dos templos e irem até onde os pecadores estão, mas levar o socorro necessários aos aflitos e necessitados que precisam de ajuda nos mais diversos âmbitos da vida.

Ação social e o texto bíblico

Na Bíblia de Estudo Pentecostal há um estudo com o título: “O cuidado dos pobres e necessitados”. Nesse comentário, o autor lembra do zelo de Deus com os pobres em diversos momentos e registros bíblicos, de um Deus que socorre e provê para pobres e necessitados (e.g. Salmos 10.14; 14.6; 40.17; 68.10; 132.15; Isaias 25.4). A Lei mostrava que Deus ensinou os israelitas várias formas de ajudar os mais pobres (Deuteronômio 15.7-11); a proibição da cobrança de juros no empréstimo aos pobres; “durante a estação da colheita, os grãos que caíssem deviam ser deixados no chão para que os pobres os recolhessem (Levíticos 19.10; Deuteronômio 24.19-21)”; a dívida dos pobres deveria ser cancelada a cada sete anos. “Deus, além de prover o ano para o cancelamento das dívidas, proveu ainda o ano para devolução de propriedades – o Ano do Jubileu, que ocorria a cada cinquenta anos”. 

O estudo da Bíblia de Estudo Pentecostal ainda lembra que num contexto neotestamentário o trabalho social da igreja primitiva continuou intensamente. “Boa parte do ministério de Jesus foi dedicado aos pobres e desprivilegiados na sociedade judaica. Dos oprimidos, necessitados, samaritanos, leprosos e viúvas, ninguém mais se importava a não ser Jesus (cf. Lucas 4.18,19; 21.1-4; Lucas 17.11-19; João 4.1-42; Mateus 8.2-4; Lucas 17.11-19; Lucas 7.11-15)”. O estudo termina com esta sentença: “Resumindo, a Bíblia não nos oferece outra alternativa senão tomarmos consciência das necessidades materiais dos que se acham ao nosso redor, especialmente de nossos irmãos em Cristo”.

Assembleias de Deus e seu engajamento filantrópico

O Orfanato Betel foi o primeiro orfanato das Assembleias de Deus do Brasil, fundado em Recife pelo missionário Joel Carlson e Signe Carlson. Em matéria no jornal Mensageiro da Paz de 1940, consta a informação de que o orfanato foi fundado em 1921. Até 1940, segundo a matéria do jornal, o orfanato tinha sido sustentado pelas ofertas enviadas desde a Suécia. As crianças do orfanato recebiam “preparo de admissão às escolas secundárias; além disso aprendem a costurar, bordar, cozinhar, música”.

Entretanto, desde seus primeiros dias de evangelização no Brasil, os membros e pastores das Assembleias de Deus sempre se preocuparam com os mais necessitados, praticaram assistência social e se comprometeram com questões filantrópicas. Sejam Assistências Sociais na região sul do país, Centros Clínicos para dependentes no centro-oeste, Orfanatos no sudeste, Lares de Idosos no norte e Escolas no nordeste, há obra social em todas as partes do Brasil. Líderes das Assembleias de Deus têm barcos entre a população ribeirinha, oferecendo assistência na região usando barcos equipados com salas para atendimento clínico e odontológico, com cozinha, refeitório, banheiros, varandas e dormitórios.

O impacto social da igreja na sociedade brasileira é notório e reconhecido pelas autoridades constituídas e por estudiosos sociais. Diversas autoridades sempre lembram do impacto social da igreja evangélica. Redução da violência, justiça e fraternidade, diminuição do crime e das drogas, recuperação de viciados, alto grau de alto-estima e senso de responsabilidade são pontos frisados por aqueles que observam o trabalho filantrópico das Assembleias de Deus. Ou seja, não apenas o encontro com Deus e o templo como local de culto, mas o resgate dignidade, a assistência espiritual, social e psicológica e o impacto no espaço público.

Um olhar para o passado e para o presente mostra a realidade da ação social das Assembleias de Deus no Brasil. Como já dito aqui, isso não pode e não deve ser motivo de orgulho apenas, mas de grande responsabilidade por parte daqueles que estão inseridos dentro da maior denominação pentecostal do Brasil e, por isso mesmo, tem enorme desafio em continuar praticando obras de filantropia, cumprindo com o ide de Jesus, obedecendo os mandamentos de Deus no amparo aos mais necessitados e atuando de modo autêntico em uma sociedade que tanto precisa de Jesus Cristo.

por Jonas José de Oliveira Maria

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem