Púlpito: altar de ministração da Palavra de Deus - Parte 1

Púlpito: altar de ministração da Palavra de Deus  - Parte 1


Recentemente eu escrevi um artigo para a revista “Obreiro Aprovado”, da CPAD, sobre a importância da postura dos pregadores no púlpito. Mais uma vez, fui convidado a escrever sobre o púlpito com uma visão voltada para a ministração da Palavra de Deus. Sobre o que entregamos ao povo ao utilizarmos o púlpito.

Independente do aspecto material utilizado para se fabricar um púlpito, se madeira, ou vidro, ou banhado com ouro, ou feito com mármore, o que importa é o que se faz no púlpito na igreja. Independente do modelo, o sagrado imposto pelo púlpito é a ministração da Palavra de Deus. Isto é o elemento espiritual do púlpito.

Não podemos mistificar o púlpito, mas o vemos como uma mesa sobre a qual temos o alimento para alimentar a família de Deus. Nessa mesa, devemos ter todos os alimentos saudáveis para a saúde dos que irão se alimentar. A igreja é a casa do Pai celestial que se preocupa com os filhos e lhes dá agasalho e alimentos para saciar a fome.

O púlpito é essa mesa. Não importa que seja de madeira, como o púlpito de Esdras (Neemias 8.3,4). O personagem bíblico, ao fazer a leitura do Livro da Lei perante o povo convocado para ouvir, com graça e unção, preparou a mesa com o alimento espiritual do qual povo estava faminto e desejoso para comer.

Então, nos perguntamos: que tipo de alimento nós estamos servindo em nossos púlpitos? Reflitamos.

A BÍBLIA É O ALIMENTO ESPIRITUAL QUE PRECISAMOS HOJE

Dos muitos textos que me chamam a atenção sobre “comer a Palavra de Deus”, um deles está contido no lamento do profeta Jeremias, quando ele se deparou com a desnutrição espiritual do povo de Judá, alimentando-se espiritualmente do cardápio gentio oferecido pelos deuses que haviam entrado na vida do povo. Jeremias, ao encontrar o Livro da Lei do Senhor, declarou: “Achando-se as tuas palavras, logo comi, e a tua palavra foi para mim o gozo e alegria do meu coração” (Jeremias 15.16). Subtende-se que, devido à rejeição do povo de Deus à mensagem do profeta nos dias do rei Josias, o qual foi despertado para o estado espiritual do seu povo e procurou restaurar a adoração a Deus, o culto ao Senhor havia sido abandonado e o culto a Baal havia sido colocado no seu lugar.

Josias, ao saber que o Livro da Lei do Senhor estivera abandonado e foi achado, empoeirado e esquecido, até mesmo pela casta sacerdotal (2 Reis 22.8-13), chamou a Hilquias, o sumo-sacerdote que havia encontrado o “Livro da Lei” no interior do Templo, e ordenou que fosse lido o “Livro” diante dele. O rei entendeu que a gravidade dos problemas no reino estava no abandono do povo ao Senhor, o Deus de Israel. Comovido, rasgou seus vestidos (2 Reis 22.11) em sinal de temor a Deus e ordenou que o Livro fosse lido perante todos os sacerdotes, profetas e homens do palácio. Depois que todos ouviram e se comoveram, o rei convocou a todo o povo de Judá a que se arrependesse da sua idolatria e se desfizesse dos seus ídolos (2 Reis 23.1-3). Josias renovou o pacto do Senhor com o Seu povo e iniciou uma limpeza total em todo o reino, desfazendo os altares e postes ídolos (2 Reis 23.4). 

No texto de Jeremias 15.16, o profeta declarou que, ao encontrar o Livro da Lei do Senhor, o comeu e digeriu como o alimento mais forte e nutritivo que havia encontrado naqueles dias para saciar a sua fome espiritual. Por esse modo, entendemos que assim como o alimento é necessário para o corpo, assim é a Palavra de Deus para a alma e o espírito do crente. 

OS ALIMENTOS DADOS POR DEUS AO HOMEM

Podemos fazer uma lista enorme dos alimentos que eram produtos da agricultura do povo de Israel. Por exemplo, Israel tinha três festas no seu calendário originadas estritamente da agricultura, que fazia parte da vida cotidiana do povo. Eram elas: a Festa das Semanas, a Festa dos Tabernáculos e a Festa dos Pães Asmos. 

Os profetas e os escritores bíblicos encontraram na linguagem agrícola os significados para que os produtos agrícolas servissem de ilustração para que o povo compreendesse as verdades divinas e as suas relações com o Senhor. Várias atividades na agricultura são precedidas por alguns verbos, como espigar, rabiscar, segar, colher (Levítico 19.9,10; Deuteronômio 24.19; Rute 2.2; 1 Samuel 12.17), plantar (Provérbios 31.16; Isaías 44.14), semear (Eclesiastes 11.4; Isaías 32.20), arar (Eclesiastes 14.4; Isaías 32,20), trilhar (Juízes 6.11; Rute 3.2; Isaías 28.27; 1 Coríntios 9.9) e podar (Levítico 25.3; Isaías 5.6; João 15.2).

Na agricultura de Israel vários tipos de alimentos eram produzidos, como trigo (Gênesis 41.49; Números 18.17; Salmos 65.19; Isaías 17.5; Oséias 14.7; Marcos 2.23), cevada (Êxodo 9.31; Números 5.15; 1 Reis 4.28; Jó 31.40; Apocalipse 6.6), Maçã (Provérbios 25.11; Cantares 2.5), figo (Números 13.23; Isaías 34.3), uva (Levítico 19.10; Jeremias 31.29; Mateus 7.16), romã (Êxodo 28.33; Isaías 14.2) e azeitona (Josué 24.13; Neemias 5.11). Todos esses alimentos físicos foram e ainda são dados por Deus, o Criador. Existem alguns frutos que foram proibidos por Deus por questões de saúde e com sentido espiritual (Salmos 14.4; Provérbios 23.1,2; Lucas 10.8; 12.22; 1 Coríntios 10.25,31; 1 Timóteo 4.4).

A Bíblia tem metáforas de alimentos espirituais, com os quais Deus alimenta o Seu povo, a Sua Igreja na terra (Isaías 55.2; Jeremias 3.15; Ezequiel 34.14; 1 Coríntios 10.3,4; Apocalipse 2.7,17). O contraste é que os alimentos do mundo são enganosos (Provérbios 23.3), são insatisfatórios (Isaías 55.2), são alimentos perecíveis (João 6.27). 

QUATRO TIPOS DE ALIMENTOS QUE TIPIFICAM A PALAVRA DE DEUS 

Esses tipos de alimentos são símbolos dos alimentos que faziam parte da culinária e dieta israelita: pão, leite, carne, mel e azeite, além de peixes, verduras, vinho, queijo, coalhada de leite de vaca, cabra e ovelha. A Bíblia fala de muitos tipos de alimentos dados por Deus ao homem. Entretanto, nem todos os alimentos consumidos pela humanidade eram permitidos por Deus. Havia regras específicas estabelecidas na Bíblia quanto aos alimentos permitidos por Deus. Neste artigo, trataremos de alguns, bem universais, os quais tipificam a Palavra de Deus, tais como pão, leite, mel, carne e azeite, entre outros.

O Pão da vida para todos os homens

1. Um alimento universal. O pão é um dos alimentos mais tradicionais na vida da humanidade. Ele é um alimento universal. No princípio da criação, Deus estabeleceu o pão como símbolo do esforço do trabalho para Adão (Gênesis 3.19). A relação entre pão e trabalho sempre esteve presente na experiência humana. Nos dias de Abraão, lhe apareceram três anjos em forma humana. Na ocasião, Abraão lhes ofereceu “um bocado de pão” (Gênesis 18.5,6). Quando o patriarca despediu a Agar, serva de Sara, deu a ela “pão e um odre de água” (Gênesis 21.14).

Em toda a história de Israel, o pão tem sido um alimento essencial para o povo. Nos dias de Jesus, ele multiplicou pão e peixe, servidos a uma grande multidão que o seguia (Marcos 6.30-44).

2. Jesus identificou-se como o pão vivo do céu (João 6.47-55). Depois da multiplicação dos pães e peixes (João 6.1-13), Jesus percebeu que a multidão queria mais do “pão que perece”. Daí, Ele declarou ao povo que Seu Pai daria “o pão vindo do céu” para dar vida ao mundo (João 6.33). Logo, Ele declarou: “Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome...” (João 6.35). No mesmo Evangelho, Jesus é identificado como a “Palavra Viva”, o “Verbo Divino” que se fez carne (João 1.1-14). Jesus é a Palavra, e a Palavra é o pão vivo que desceu do céu e alimenta a alma do homem faminto.

3. A Bíblia é pão do céu para o faminto espiritual. Jesus, em Sua tentação, disse ao Tentador: “Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4.4). O homem precisa, não só de pão material, que alimenta o corpo, mas também de pão para a alma e o espírito. O homem exterior se alimenta do pão que perece, mas o “homem interior”, que é a parte espiritual, precisa do pão do céu, a Palavra de Deus. O crente que não come desse pão fica desnutrido na fé.

Continua

por Elienai Cabral

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