O Espírito Santo na evangelização

O Espírito Santo na evangelização


Sempre que falo ou penso sobre como se deve fazer uma obra evangelística, observo que, em geral, o sistema utilizado para juntar um grupo de pessoas com determinado propósito de falar do Evangelho é iniciado quando o que estará à frente do grupo é impulsionado pelo próprio Deus, a fim de mobilizar cada um e reuni-los para cumprir seu propósito.

Geralmente, não há diferença alguma entre dirigir muitos e dirigir poucos. É tudo uma questão de saber dividi-los, com cada um em sua função, e agir com organização. Também não há diferença alguma no controle deles, sejam eles muitos ou poucos. Tudo depende de como eles são formados e orientados. No caso de pregar a Palavra de Deus sem nenhuma fraqueza e certo de que ela está sendo dirigida ao alvo com sabedoria, tudo depende de como você usa seus conhecimentos, somado a como você deixa o Espírito Santo agir.

O Evangelho tem poder para mudar e transformar qualquer vida, sem exceção, pois é poder de Deus (1 Coríntios 1.18). Trata-se do amor do Pai agindo com perfeição no espírito, na alma e no corpo da pessoa. Quando falar de Cristo, valha-se do conhecimento que tem para evangelizar e deixe o Espírito Santo agir para salvar e transformar.

Os evangelistas sábios, quando estão no campo, criam recursos para fazer com que uma pessoa preste atenção e ouça sobre Jesus e sua obra perfeita. Tais recursos são inumeráveis, mais até do que o número de estrelas no céu e o número de grãos de areia no mar. Esses evangelistas são incansáveis no que fazem, assim como incansáveis são as correntezas dos rios e as ondas do mar. Eles acabam de fazer a obra num dia e recomeçam no outro naturalmente, como um ciclo, dia após dia, da mesma forma como o Sol nasce e a Lua aparece no céu à noite. Eles não ficam presos a sistemas ou à instituição a qual pertence. Tudo o que querem é cumprir o ide com sabedoria, prudência, entendimento e conhecimento da Bíblia, juntamente com o atuar perfeito do Espírito Santo.

Nunca ouviremos todas as músicas possíveis que se podem compor, mesmo havendo apenas sete notas musicais, pois as combinações e as melodias dependem da criatividade daqueles que as compõem, e essa criatividade é incalculável. Não podemos ver todas as combinações possíveis dos cambiantes das cores primárias. É impossível, pois sempre há algo de novo para ver com uma cor que nunca imaginaríamos contemplar. Nunca poderemos saber o gosto de todas as receitas, pois, mesmo sendo apenas quatro os sabores, há muitas misturas e alimentos a serem provados, de forma que não saberemos o gosto de todos. Na evangelização, há situação idêntica: temos apenas que nos basear no agir do Espírito Santo e no conhecimento e sabedoria que Ele nos dá, porém as formas que podemos utilizar para fazer com que as pessoas fiquem atraídas por Cristo não têm limites, e ninguém pode compreender a todas. É o próprio Deus quem nos dá a estratégia; isso não provém de nós mesmos.

Sabedoria e agir do Espírito Santo na evangelização são duas coisas mutuamente reprodutivas. Trata-se de uma interação infinita. São duas coisas unidas, assim como anéis engrenados. É algo que o Senhor utiliza para o derramamento do seu Espírito sobre toda a carne. Ninguém, absolutamente ninguém, pode definir um limite para esse atuar, nem definir quando um modo de agir acaba e o outro começa, muito menos usar um e esquecer o outro quando estiver levando Cristo às pessoas.

A Palavra de Deus sempre causa um efeito em qualquer um que a ouvir, da mesma forma que a chuva torrencial faz os rios se agitarem água abaixo e deslocar pedras, ou uma ave de rapina acertar precisamente seu alvo. Sabedoria e agir do Espírito Santo têm de agir sinérgica e sincronicamente. De igual forma, o evangelista sábio sempre conseguirá dominar seu impulso, nunca usará de ira ou grosseria quando falar de Jesus, e o que ele falar sempre terá palavras e meios precisamente ajustados pelo próprio Senhor, pois é Ele mesmo quem falará por nós (Mateus 10.20). O potencial de um verdadeiro evangelista é como um cavaleiro completamente armado e que maneja bem a sua espada; o sincronismo acontece quando ele libera a espada de sua bainha e usa sua habilidade e conhecimento de batalha com harmonia.

Pode até acontecer de uma evangelização parecer meio confusa e turbada em meio a um monte de gente, mas a desordem não haverá. É o Senhor quem estará no controle de todas as coisas. Mesmo parecendo que todos ali estejam andando em círculos, entregando folhetos, pregando ao ar livre, ou em quaisquer lugares que sejam, falando direta e objetivamente a uma ou mais pessoas, tudo o que fizerem não farão eles serem derrotados em campo, desde que seja Deus quem esteja no comando.

Onde parecer haver confusão para muitos, o Senhor colocará boa ordem; mesmo os mais reservados e tímidos do grupo se mostrarão corajosos, e até mesmo os que aceitaram há pouco tempo, desde que tenham se preparado o suficiente para aquilo, mostrar-se-ão fortes, com a condição de estarem buscando essa sabedoria e esse controle do Espírito Santo de Deus.

Os evangelistas sábios sabem chamar a atenção do ouvinte, não por dependerem a princípio de técnicas de atração ou com palavras persuasivas (Gálatas 1.10-12). Eles sabem chamar a atenção do ouvinte porque é o Espírito Santo que faz o receptor da mensagem perceber que, naquela pessoa que prega, existe algo diferente em seu comportamento, em sua vida, em sua forma de falar e tratar os outros, em sua forma de levar a mensagem. O evangelista que tem essas características prega o evangelho e o faz criando uma situação à qual o ouvinte é levado a conformar-se e ouvir atentamente sobre Cristo e seus ensinamentos. Evangelistas atraem pelo poder do Senhor que há neles, oferecendo uma salvação gratuita e uma transformação de vida eficaz e verdadeira. Porém, esperam o momento certo com prudência, sabendo sempre como e quando agir. As diversas formas que eles usarão para pregar é somente o resultado de ter antes a presença de Deus acompanhando-os e dando-lhes criatividade.

Um evangelista sábio e que esteja na liderança de um grupo busca cumprir a missão que lhe foi dada baseando-se na situação em que está, com dependência total do Senhor, e não procura desesperadamente por respostas e conselhos alguns que venham de alguém, e sim de Deus. Tal evangelista sabe escolher, selecionar e capacitar as pessoas certas e que estejam dispostas e com coragem de se tornarem mais sábias e cheias de entendimento e conhecimento das Escrituras, e essas mesmas pessoas estudarão e analisarão a situação tornando-se, assim, preparados para espalhar a verdade perfeita que vem do alto.

Confiante em Deus e na situação que Ele o colocou, o evangelista prudente vale-se de seus companheiros e age de igual forma como Jesus elucidou aos seus discípulos (Mateus 10). Cristo afirmou aos discípulos e, consequentemente, a nós, que seríamos enviados como ovelhas no meio de lobos. Ele, no entanto, adverte-nos e ordena a sermos prudentes, assim como a serpente que sabe quando e como agir e que também sabe evitar riscos, além de simples como as pombas, que simplesmente aproveitam a oportunidade e pegam seus alimentos jogados de forma singela por aquele(s) que querem alimentá-las. Prudência e simplicidade são duas características que fazem alguém agir com sabedoria em todas as coisas, principalmente quando o objetivo é fazer que almas venham render-se a Cristo. Uma advertência: todos temos um chamado em comum de levar o evangelho às pessoas. No entanto, as formas em si são infindas.

Portanto, no emprego de pessoas para a evangelização, o método é usar a todos com seus respectivos dons, seja o de louvar, o de pregar, o de ensinar, etc., dando a cada um responsabilidades nas situações que melhor se ajustem a eles. Não é correto encarregar as pessoas de algo que não sabem e não tem o dom para fazer. O correto é selecioná-las e dar a elas responsabilidades de acordo com suas aptidões. O que for feito na evangelização pode até ser algo pequeno, mas os resultados, para o Reino dos céus, serão imensos.

por Miquéias de Lima Nascimento

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