Foco em Missões até a Volta de Jesus Cristo

Foco em Missões até a Volta de Jesus Cristo


O entrevistado desta edição é o pastor Wagner Tadeu dos Santos Gaby, líder da Assembleia de Deus em Curitiba (PR), membro fundador da Casa de Letras Emílio Conde, membro titular da Academia Evangélica de Letras do Brasil, membro do Conselho Deliberativo da Sociedade Bíblica do Brasil, autor de vários livros pela CPAD, mestre em Teologia e Educação, advogado, comentarista de Lições Bíblicas da CPAD e major capelão reformado do Exército.

O pastor Wagner Gaby é o comentarista da revista Lições Bíblicas Adultos da CPAD do 4º trimestre, que trata do tema Missões. O entrevistado fala acerca da conexão da Escola Dominical com o tema e sobre a necessidade de a igreja empreender um grande esforço missionário para alcançar mais vidas com a mensagem do Evangelho, cumprindo, assim, a sua missão dada por Cristo.

Qual a importância de se ter uma revista inteira de EBD tratando sobre Missões?

Primeiramente, quero parabenizar a nossa CPAD pela nobre iniciativa de dedicar uma edição completa das Lições Bíblicas Adultos ao tema, no 4º trimestre de 2023. Certamente, o Senhor tem um propósito especial nesse desiderato. À medida que se aproxima a Volta de Jesus, urge que a Igreja esteja conscientizada e despertada para cumprir a Grande Comissão, conforme ordenou o Senhor Jesus em Mateus 28.19,20. A obra missionária realizada pela Assembleia de Deus no Brasil terá um grande impulso na sua tarefa de ganhar almas para o Reino de Deus, aumentando o contingente de irmãos e irmãs chamados por Deus a buscarem maior conhecimento das “coisas que o Senhor tem mandado”, a fim de estarem em plenas condições de ensinar “todas as nações”.

Um  dos  pontos  tratados  na  revista é o enfoque etnocêntrico da Grande Comissão. Fale resumidamente sobre esse enfoque e sua importância.

A Grande Comissão tem como objetivos proclamar o Evangelho em palavras e ações a toda criatura; discipular os novos convertidos, tornando-os fiéis seguidores de Cristo; e integrá-los espiritual e socialmente na igreja local, a fim de que cresçam na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, por intermédio da ação do Espírito Santo em suas vidas, desfrutando sempre da comunhão dos santos. A Grande Comissão preocupa-se, principalmente, com a expansão da igreja no universo dos que ainda não pertencem à igreja, quem quer que seja e onde quer que esteja. Ela é um grande guia para a evangelização do mundo e não um programa para tornar o mundo cristão, nem mesmo uma prescrição para a edificação da igreja. A ênfase, portanto, é fazer discípulos e evangelizar as nações. Esses dois imperativos devem ser realizados com tensão constante, equilíbrio e perspectiva histórica adequados até que todo o mundo tenha tido oportunidade de ouvir a boa nova da salvação de Deus em Cristo Jesus.

Quando falamos em Missões transculturais na Bíblia, nos vem à mente exemplos do Novo Testamento, mas também há no Antigo Testamento. 

Levando em consideração o AT como um todo, constata-se que o conceito de “missão” não aparece nele, senão marginalmente. O povo de Israel, desde as suas origens até o período do exílio (séc. VI a.C.), não mostrou nenhuma tendência a difundir o conteúdo e a prática de sua fé entre os outros povos. Somente no período pós-exílio o povo de Israel começou a desenvolver uma visão mais universal, que já estava presente em tradições mais antigas, e que incluía também as  nações  como  destinatárias  do mesmo projeto de salvação do Deus de Israel. No entanto, é bom lembrar que o AT não fala explicitamente de “missão” em sentido atual. Johannes Blauw, erudito que escreveu sobre os fundamentos do Antigo Testamento para missões, afirma que, desde o início, Deus mantinha Seus olhos em todas as nações e povos. Nos capítulos 40 a 55 de Isaías e no livro de Jonas, vemos que a preocupação universal de Deus é clara. Nos livros proféticos, encontramos profecias de restauração que incluem um dia futuro no qual as nações estarão entre os redimidos (Isaías 45.6,22; 49.6; 52.10). Temos a viúva de Sarepta e o profeta Elias (1 Reis 17.8-24). Enquanto a princesa estrangeira Jezabel negava as evidências e tentou acabar com a fé do povo de Israel, uma mulher pobre e humilde, cidadã do mesmo país dela, se converteu a Deus. Ela foi ricamente abençoada, enquanto a princesa Jezabel foi comida por cães (2 Reis 9.30-37). Deus envia Jonas para uma missão redentora em Nínive (Jonas 1.1,2). Jonas foi um dos poucos missionários bíblicos para os estrangeiros. Não é por acaso que o tema do seu livro é a misericórdia de Deus para com todos os homens (Jonas 1.2; 3.2; 4.4-11).

Qual a importante contribuição da Doutrina Bíblica Pentecostal para Missões?

Robert P. Menzies, teólogo pentecostal, na sua obra Pentecostes: essa história é a nossa história (CPAD), ao afirmar sua gratidão aos pentecostais do mundo inteiro, assim se expressa: “A impressionante presença de Deus no meio de nós, sua vontade graciosa em conceder dons espirituais, seu desejo de curar, libertar e transformar vidas são temas muito centrais à piedade pentecostal e destacam o fato de que o Reino de Deus está presente. Os pentecostais proclamam um Deus que é próximo, um Deus cujo poder pode e deve ser experimentado aqui e agora. Esse elemento da prática pentecostal tem, em sua maior parte, servido do necessário corretivo da vida da igreja tradicional, que perdeu de vista a presença manifesta de Deus. Nesse ponto, mais uma vez, os pentecostais têm um rico legado para passar adiante”. John Garret, ministro congregacional, após ter observado cuidadosamente as atividades de igrejas pentecostais, escreveu: “Não se pode excluir a ênfase que o povo pentecostal dá ao Espírito Santo e à descida do mesmo sobre os discípulos em Jerusalém. Os pentecostais são crentes dinâmicos e anima-os o espírito missionário. Desde o primeiro pentecoste, todo o Cristianismo é chamado a ser pentecostal. Será que os pentecostais compreendem melhor que os outros cristãos a ordem de Jesus? Será que a possibilidade de êxito desse povo se deve, em parte, ao fato de aderirem a uma verdade central da religião cristã? Seja como for, o fato é que todos deviam transformar-se em membros revolucionários de uma sociedade espiritual tal como fizeram os primeiros discípulos”.

Nem todos são chamados a ir a outra cultura pregar o Evangelho, mas todos podem contribuir para Missões. Fale sobre isso.

O missionário Ronaldo Lidório disse com razão: “A Grande Comissão não foi dada a uns poucos escolhidos, mas a todo cristão comprometido com o Reino de Deus. E essa ordem de Jesus não é antiga ou ultrapassada. Apesar de grandes avanços em todas as áreas da existência humana, o coração de milhões de pessoas continua buscando sentido para a vida. O que você tem feito para que a água da vida chegue aos que morrem de sede espalhados por todo mundo?”. O conde Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf, líder do movimento missionário conhecido como os Morávios, que influenciou de forma profunda os pensamentos e sentimentos dessa obra na Europa, influenciado pelo pietismo, tinha como lema o seguinte: 1) cada cristão deve entregar-se totalmente a Cristo para trabalhar em qualquer lugar do mundo e com total amor à família humana. 2) cada cristão é um missionário e deve compartilhar sua fé onde está. 3) cada missionário é um trabalhador e sustenta a si próprio e sua família.

A Janela 10x40 continua sendo um grande desafio. Qual o panorama dela hoje?

Uma das razões pelas quais devemos estar focados na Janela 10/40 é que nela estão fortalezas de Satanás. Bilhões de pessoas que vivem nela não só estão debaixo de enfermidades, pobreza e calamidades, mas têm sido impossibilitadas de conhecer o poder transformador do evangelho. São um exemplo claro do que lemos em 2 Coríntios 4.4. Embora a Janela 10/40 seja o local onde se concentram 80% de todos os povos não-alcançados do mundo, só 8% da força missionária mundial atua ali. Ela é considerada o último desafio missionário do mundo porque as maiores megalópoles, cidades com mais de um milhão de habitantes, encontram-se nessa região – Deus tem muito povo nestas cidades (Atos  18.10).  Bilhões  de  pessoas  nessa região estão enfermas ou são miseráveis, ou fanáticas, ou vivendo sob calamidades e guerras, impossibilitadas de conhecer o poder transformador do evangelho (João 15.20). Nessa região estão as pessoas mais necessitadas materialmente da Terra. De cada 10 pobres, 8 estão ali (Lucas 4.18). Se faltar amor e consciência por parte do povo de Deus acerca desta gritante realidade, a Janela 10/40 continuará fechada à mensagem de Cristo (Efésios 6.12; Romanos 8.35-39).

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