Manifestações do poder de Deus em Israel

Manifestações do poder de Deus em Israel

Início de primavera agitado nas terras israelenses, por conta das manifestações que rejeitam o projeto apresentado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, reeleito no final do ano de 2022 para cumprimento de seu sexto mandato. O projeto defendido pelo líder e por grande parte da população conservadora foi anunciado no mês de janeiro e propõe uma reforma judicial, prevendo, entre outras coisas, uma permissão ao Parlamento para anular as decisões da Suprema Corte, mudar o sistema de nomeação dos juízes, e conceder mais poder ao Executivo no processo de escolha dos magistrados. Mais poder também é pretendido pelo governo na escolha do presidente da Suprema Corte, além de querer limitar a ação dos assessores jurídicos (hoje portadores de opinião com validade quase legal) e buscando evitar que as ações jurídicas usem a chamada ‘cláusula de razoabilidade’, de que se valem sempre que há intenção de derrubar alguma ação do executivo (por exemplo, Netanyahu precisou demitir seu aliado, Aryeh Deri, condenado por uma questão relativa a impostos, porque os juízes da Suprema Corte não consideraram ‘razoável’ mantê-lo no corpo governamental).

O movimento contrário à reforma alega que esse quadro revela o início de uma ditadura, enquanto seus adeptos denunciam uma já existente ditadura do judiciário. O Parlamento israelense já aprovou, em primeira votação, lei que limita as ações do Supremo Tribunal, mas procura resguardar a conservação das Leis Básicas do país, o que corresponderia à nossa Constituição. Está claro que o projeto deseja aumentar o poder do Parlamento para facilitar as decisões do governo. O temor de muitos é de que, na clara ascensão da direita, sejam prejudicados os direitos das minorias, como os grupos LGBT+, ou os direitos das mulheres rezarem no Kotel (Muro das Lamentações) ou lerem os pergaminhos, além do temor de que se acirrem as contendas pela presença árabe em algumas regiões.

Outro ponto importante na contenda é a lei que impede que o primeiro-ministro seja removido do cargo se for considerado inapto para governar. A definição de ‘inapto’ ficou limitada aos casos de incapacidade física ou mental, a pedido e votação por maioria de ¾ dos ministros. As antigas normas consideravam inapto o regente que estivesse em ‘conflito de interesse’ com os demais membros do governo, sendo o conceito vago e manipulável. A nova definição foi aprovada por uma maioria de 61 contra 47 votos.

A pressão popular chegou a seu clímax na greve geral do dia 27 de março, levando Netanyahu a anunciar uma pausa no processo de aprovação da reforma judicial e de agendar uma reunião do Parlamento para tratar do assunto, para logo depois das festividades de Pessach (Páscoa). Sua disposição de ceder em alguns pontos pretendidos pelos manifestantes e grevistas resultou em que o presidente da Histadrut (maior confederação sindical de Israel), Arnon Bar David, declarasse o fim da greve. As conversações devem, portanto, prosseguir após o tempo em que o povo judeu em todo o mundo celebra a sua libertação do jugo egípcio, relembrando os tempos de opressão e glorificando ao Eterno por Seu poder libertador.

Dirigindo os olhos um pouco mais próximo à cimeira das nações, não há como não chamar de incoerente a atual liderança russa no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. Sendo a liderança do órgão rotativa, coube à Rússia, durante o mês de abril, assumir a presidência, fato que o governo da Ucrânia declarou ser uma “piada de mau gosto”. Segundo o ministro das Relações Exteriores ucraniano, “a presidência russa do Conselho de Segurança das Nações Unidas é um tapa na cara da comunidade internacional”. Os EUA consideram a liderança um ato de ordem cerimonial, uma vez que a Rússia é membro permanente do Conselho, junto com os EUA, o Reino Unido, a França e a China. Outros países declaravam o ato “vergonhoso” e “humilhante”. Críticas à parte, Sergei Lavrov deve comandar a diplomacia russa e estão entre suas pretensões debater sobre as questões do Oriente Médio e enfrentar aquilo que seu país chama de “Ocidente coletivo”, que os “marginaliza” diante das nações.

Questões políticas em curso têm impulsionado a compra de armas pela Europa, especialmente pelo Reino Unido e Alemanha. Segundo pesquisa feita pelo Instituto Internacional de Investigações para a Paz de Estocolmo e revelada no mês de março, as importações europeias de armas aumentaram 92% no ano de 2022. O fato está sendo vinculado à guerra na Ucrânia. Investigador do instituto, Siemon Wezeman acredita que a razão do incremento ao comércio de armas é a Rússia, e considera que as aquisições “aumentarão muito mais nos próximos anos”. O movimento armamentista também conta com as doações feitas por aliados à Ucrânia para que o país pudesse resistir, especialmente no princípio dos ataques, mas não consegue contabilizar os reforços recebidos por Kiev e por outras áreas de comercialização pouco transparentes. Para Wezeman: “Após a invasão russa da Ucrânia, todos os integrantes europeus da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] aumentaram sua produção e se encarregaram de novos pedidos, que em alguns casos já começam a se refletir [nos números da pesquisa]. A correria é maior que nunca. Os governos não pretendem que os aviões de combate e tanques comprados hoje sejam entregues em um prazo de dez anos. Querem para amanhã”. As nações europeias querem aumentar seu poder bélico.

Na busca pelo poder político ou pelo poder das armas, quer pessoas, quer nações, tendem a ignorar a existência de poderes de maior efeito e alcance. O evangelho de João 18.1 a 11 revela os efeitos de uma avassaladora força, capaz de derrubar tropas inimigas. Jesus é procurado pela coorte romana (uma ‘speira’ ou coorte reunia 600 homens) acompanhada pelos oficiais dos principais sacerdotes e fariseus – vinham com lanternas, tochas e armas. Sua busca não foi em vão, pois o Senhor adiantou-se a apresentou-se a eles. “A quem buscais”, pergunta o Mestre; “a Jesus, o Nazareno”, respondem; “disse-lhes Jesus: Sou eu. [...] Quando, pois, lhes disse: Sou eu, recuaram e caíram por terra”.

À medida que avançamos no estudo das Escrituras, o Senhor, em Sua infinita sabedoria e misericórdia, vai revelando aspectos que nos passam ao largo, tantas vezes, por tanto tempo. Sempre relacionei o impacto causado nos soldados pelas palavras de Jesus à Sua identificação com o “Eu Sou” Criador e Todo Poderoso. É comum relacionarmos força ao poder das armas, das guerras, das ações contundentes de quem detém a capacidade bélica ou à autoridade e ao comando. Num primeiro momento, trata-se de uma leitura clara. No entanto, se nos lembramos bem, o Eterno apresentou-se a Moisés através da sarça ardente, identificando-se como “Yehiê asher Yehiê” – Eu Sou o que Sou, e não consta que o libertador houvesse sofrido algum abalo físico. Também a mulher samaritana ouviu a revelação messiânica de Jesus – “Eu Sou, o que falo contigo” – sem que sua vasilha se quebrasse ou que as pedras se movessem. Os contenciosos igualmente conheceram a supremacia de Jesus sobre o sábado, quando declarou que “antes que o sábado existisse Eu Sou”, e a contundente expressão não parece ter provocado qualquer abalo material. No entanto, algo de diferente aconteceu no horto para além do ribeiro de Cedrom diante da curta expressão “Sou Eu”, proferida pelo Senhor.

Temos abraçado o conceito de obediência como postura que atrai as bênçãos de Deus, o que nos é claramente mostrado nas Escrituras Sagradas – as bênçãos decorrentes da obediência. Também podemos profundar o conceito para uma questão relativa à postura e ao caráter, uma vez que a raiz verbal que dá origem ao termo bênção é a mesma que forma a palavra ‘joelho’; sendo assim, ser abençoado diz mais respeito a estar numa posição correta, onde as dádivas de Deus se derramam do que, propriamente, à dádiva em si. Mas o que João nos ensina, tendo testemunhado o ocorrido, é que a obediência é mais do que isso: obediência é arma de guerra, é força explosiva, é poder divino fluindo através de alguém que está na posição determinada pelo Senhor. Ao ser preso, Jesus não se apresenta como Criador, como o Senhor de Israel, o Deus da Sarça Ardente, o Todo Poderoso, mas como esse mesmo Deus em atitude de obediência, por amor, como Filho sujeito ao Pai, sendo obediente até a morte, e morte de cruz. Força e poder emanam do Deus que se entrega, do Senhor que serve, do Filho doado. A força do Eu Sou que se voluntaria em sacrifício é tamanha que derruba e faz prostrar mais de seiscentos homens armados. A força das armas e o poderio das autoridades políticas e religiosas prostram-se diante do obediente Cordeiro. 

Tendo, por tanto tempo, compreendido a obediência como postura passiva e abençoadora, surpreendo-me ao perceber a gloriosa força que emana da obediência, reconhecendo-a como arma de guerra. Há poder na obediência, poder tremendo, poder que faz recuar exércitos e inclinar fortalezas opositoras. Há poder emanando, fluindo desde os céus, afinal, se pela desobediência de um só homem toda a criação se desajustou, desalinhando-se do propósito original, pela obediência de Um tudo se ajusta, tudo se realinha no Filho de Deus. Mas, alguém pode contestar, foi preso – porque quis; foi ferido – porque permitiu; foi morto – porque se entregou. Glórias a Deus que nO-LO deu. Maior poder alcançará Israel em que obedeça aos mandamentos do Senhor, meditando e aceitando toda a provisão oferecida para sua libertação do que nas elaborações políticas. Maior poder alcançarão as nações quando fizerem do manso Cordeiro o alvo de suas pretensões do que na força da guerra. Que poder transformador já emana do povo que aprendeu a obediência! Exércitos não resistirão.

por Sara Alice Cavalcanti

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