Teoria do Big Bang em reformulação

Teoria do Big Bang em reformulação

Imagens do James Webb sobre início do universo lembram Gênesis

Lançado no espaço desde o final de 2021 e em operação desde meados do ano passado, o Telescópio James Webb é o maior telescópio de ciência espacial já criado pelo homem. Pesando seis toneladas e com um escudo solar do tamanho de uma quadra de tênis, ele foi concebido para, através de visão infravermelha, observar estrelas e sistemas planetários “escondidos” em nuvens de gás e poeira localizadas nas regiões mais remotas do universo, isto é, em regiões nunca antes exploradas, posto serem impossíveis de ser vistas pela luz visível. O objetivo era, por meio dele, enxergar “as primeiras galáxias e estrelas do universo”. Mais do que isso: segundo a Agência Espacial Norte Americana (Nasa, na sigla em inglês), que é a principal responsável pelo projeto, o James Webb conseguiria “explorar todas as fases da história cósmica”, tanto dentro do nosso sistema solar como nas galáxias mais distantes do universo primitivo. Ele veria as primeiras galáxias e objetos luminosos que se formaram logo após o Big Bang, a “explosão” que teria dado início ao universo e teria ocorrido, segundo a teoria, há 13,8 bilhões de anos.

Entretanto, quando as primeiras imagens do James Webb sobre o início do universo começaram a ser divulgadas em julho de 2022, vieram surpresas. As imagens mostravam que embora essas galáxias mais antigas e distantes, que se formaram imediatamente após o Big Bang, fossem menores do que as atuais, elas não eram muito diferentes, em termos de composição, das galáxias de hoje, o que contradiz a Teoria do Big Bang, que sustenta um processo evolucionário também no universo. É como se as primeiras galáxias já tivessem nascido prontas.

Diante dessas imagens, o físico Eric J. Lerner, que advoga a Teoria do Universo Eterno, declarou em tom de celebração não haver mais dúvida alguma de que a Teoria do Big Bang está falida e que o universo é eterno. Por sua vez, em reação às declarações de Lerner, o Dr. Stephen C. Meyer, geofísico, autor best-seller e atualmente diretor do Centro de Ciência e Cultura do Discovery Institute (que promove o Design Inteligente), afirmou que, ao contrário do que diz Lerner, “as novas fotografias de Webb confirmam ainda mais a realidade de que nosso universo teve um começo, e que vem se expandindo desde então”, e que “o que essas imagens do Webb estão forçando a repensar mesmo é a sabedoria convencional entre os cosmólogos sobre a formação de galáxias no início do universo”. Segundo Meyer, com as imagens do James Webb, “a evidência de um começo cósmico é mais forte do que nunca, assim como a hipótese de Deus”. A exposição de Meyer sobre o tema foi veiculada em entrevista concedida ao podcast ID The Future, transmitida pelo site IdTheFuture.com em 17 de outubro passado.

Em resumo, o que se pode dizer pelas imagens é que, sim, houve um início, como diz a Bíblia e também sustenta a Teoria do Big Bang; e, sim, como já se supunha, o universo parece estar em expansão, o que os criacionistas também não negam, porém apenas creem que tal expansão não dura bilhões de anos, mas que o universo é que foi criado maduro, com “aparência de velho”, assim como Adão, Eva e tudo o mais na criação veio à luz pela ação divina já em forma adulta. No entanto, diferentemente do que postula a Teoria do Big Bang, as imagens do James Webb mostram que o universo não parece ter passado por um processo evolucionário. Tudo indica que, após a “explosão”, ele já nasceu pronto, o que aponta para a narrativa de Gênesis sobre a criação, que dá a entender que Deus não criou o universo em um processo evolucionário, mas simplesmente Ele declarou e, pela Sua palavra e Seu poder, as coisas no universo vieram à existência já prontas: estrelas, planetas, sistemas etc (Gênesis 1.3,14-19; Hebreus 11.3).

No Brasil, cientistas evangélicos, como o físico Adauto Lourenço e o químico Marcos Eberlin, têm destacado nos últimos meses as implicações dessas imagens do James Webb para a Teoria do Big Bang. Em artigo publicado na internet em dezembro de 2021 intitulado Houve um Big Bang Primordial?, o Dr. Eberlin explica que nem ele e nem o Dr. Adauto contestam o que chamam de “Big Bang Primordial”, mas, sim, o “Big Bang Expandido”, que as imagens do James Webb também derrubam por terra, e explica a diferença entre esses dois lados da Teoria do Big Bang.

Segundo Eberlin, há “dois significados ‘plenamente válidos’, pois se estabeleceram pelo uso, [...] para a expressão ‘Big Bang’. Há um que, sim, descreve o modelo pelo qual equações matemáticas e leis físicas conseguem prever (nunca demonstrar) que o Universo (e junto o tempo) teve um início em uma ‘violenta expansão’ de seu espaço, criando o tempo (espaço-tempo), junto a matéria, e que este, deste então, continua se expandindo. Sim, sabemos desse modelo, o modelo que chamarei aqui de Big Bang Primordial, e ninguém entre nós deposita sua fé plena nele, mas também ninguém entre nós parece discordar muito da previsão que essas contas conseguem oferecer. Nem eu, nem Adauto, nem o [físico e professor] João Pedro, nem qualquer criacionista, seja de Terra e Universo velhos, seja de jovens. O que discordamos, é claro, é quanto à ‘idade’ desse bang e suas consequências. O que discordamos é sobre a ‘evolução do Cosmos’ que se segue – e que teria se dado por processos meramente naturais (físicos, químicos e matemáticos) – do bang inicial até hoje”.

Dr. Eberlin continua: “Discordamos sobre o que esse bang teria finalmente formado e como ocorreu a sequência posterior de eventos depois dele. Claro que se discordamos todos de um Universo eterno e concordamos todos que nada existia e Deus criou ex-nihilo [do nada] [...] o Universo com seu espaço, tempo, matéria e energia, então necessariamente, em um dado momento no passado, teria que ter havido indesculpavelmente um bang bem big e violento. Quanto a esse bang ninguém discorda. Mas ‘o diabo está nos detalhes’, e é nesses ‘detalhes’ que ele nos divide. O modelo do Big Bang Primordial é lógico e evidente; depois do bang, se precisa seguir em frente, porque senão ofereceríamos só ‘migalhas no jantar do Universo’. Temos todo um Universo estruturado para explicar, senão sobra uma lacuna imensa entre o bang e o Universo que vemos aqui e agora. E é nesse day after [dia seguinte] que o modelo do Big Bang Expandido entra em cena. E quem criou esse modelo? Cosmólogos com sua Matemática e sua Física! Graças a Deus, encontro pouca Química nesse modelo, pois se de Química conhecessem, nunca o proporiam”, declara o químico Eberlin.

“E assim o modelo do Big Bang Expandido entra em cena pegando, um pouco mais à frente, no ‘dia seguinte’, uma nuvem gasosa em expansão contra o nada e a transformando, por processos naturais não guiados, no Universo que vemos hoje. É esse modelo que se popularizou na mídia, nas escolas, em Hollywood e por [meio de] muitos pop stars como Carl Sagan, Tyson e [Stephen] Hawking, e é nele que muitos criacionistas evolucionistas, infelizmente, têm encontrado refúgio para suas ‘doutrinas de Universo velho’ e assentado na roda junto com os ateus em sua defesa. É esse o modelo que criticamos, quando falamos do ‘Big Bang’, e é esse modelo que Hubble e James Webb reduziram a pó cósmico! Simples, assim. Esse modelo é o que alega que, de uma nuvem de átomos de hidrogênio (H) salpicada com hélio (He) se formou todo o Cosmos, com suas estrelas, galáxias, asteroides, planetas, cometas, buracos negros e quasares. Um processo que teria formado um Universo de fato inexplicável: só com matéria, sem antimatéria, e com uma temperatura toda homogênea, de 2,7 K. Tudo teria então se formado pela ação ‘milagrosa e espetacular’ agora de um segundo bang: de fato, um ‘Big Bang Bang’! Fé ao cubo, um bang ao quadrado. Foi esse modelo que o James Webb ‘explodiu’ de vez – aqui uma explosão literal –, e é esse modelo que os criacionistas de Terra e Universo jovens combatem, e hoje o veem refutado”, conclui Eberlin.

Um detalhe ainda deve ser frisado. Outra função do James Webb estabelecida pela Nasa é descobrir se há vida em outros planetas e sistemas. Bem, pelo menos até agora, o poderoso telescópio tem vasculhado o universo desde a sua origem e não encontrado vida além daqui, não obstante toda a efervescência midiática que o assunto OVNI (Objetos Voadores Não-Identificados) ganhou nos últimos meses após a derrubada de objetos de espionagem chinesa nos céus dos Estados Unidos.

A verdade é que a própria existência de um ajuste extremamente preciso e meticuloso no universo para que haja vida na Terra já é uma evidência clara de que não há vida, fisicamente falando, em outros planetas. Ora, se para haver vida aqui já foi uma “sorte absurda” – como diria o cético ou descrente –, uma chance em bilhões, a chance de algo desse tipo ter ocorrido em mais outro lugar no mesmo universo é simplesmente impossível.

Há o chamado “princípio antrópico”, reconhecido pelos próprios cientistas, que aponta para o fato de que tudo no universo concorre para que haja vida na Terra, contra todas as probabilidades possíveis. Ou seja, para o ateu, que crê que tudo é aleatório e não foi planejado por Deus, o que ocorre é apenas que o universo aparenta incrivelmente ter sido projetado para haver vida na Terra. Alguns vão crer até mesmo em multiversos para tentar justificar como isso seria possível sem a existência de um Criador. Porém, para nós, que cremos na Palavra de Deus e reconhecemos que “os céus declaram a glória de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Salmos 19.1), não se trata de uma mera aparência surpreendente, nem muito menos cremos em teorias mirabolantes – para as quais a fé tem que ser muito maior – como a dos multiversos. O ajuste fino do universo e o princípio antrópico são evidências inescapáveis de que o universo é fruto de um planejamento. Não foi “sorte absurda” a vida na Terra. O universo foi projetado para que houvesse vida exclusivamente em nosso planeta. Isso aponta inevitavelmente para um Planejador, um Criador – o Deus Todo-Poderoso.

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