Retorno de judeus a Israel cresce 400%

Retorno de judeus a Israel cresce 400%

Percentual se refere a judeus russos; de outras nações, chega a 200%

Novas estatísticas anunciadas pela Ofek Israel, Companhia Nacional de Promoção da Aliá (termo que se refere à migração de judeus de todo mundo a Israel), revelou o aumento de mais de 400% da imigração de judeus russos para Israel em 2022 em comparação com 2021. As informações divulgadas mostram que 32.494 judeus provenientes da Rússia foram para Israel em 2022, de acordo com a Lei de Retorno de Israel. Também foram contabilizados 14.450 da Ucrânia, 3.280 da América do Norte, 1.957 da França e 1.474 da Etiópia. A instituição disse ainda que cerca de 61 mil imigrantes de diversas nacionalidades desembarcaram em Israel em meados de novembro de 2022, equivalente a 200% a mais do que no ano anterior. Também chegaram em Israel 493 imigrantes judeus vindos da Inglaterra, mil da Argentina, 411 da África do Sul e 1.750 da Bielorrússia em 2022.

“Nos últimos anos, o incentivo à imigração para Israel foi realizado com a ajuda de centenas de emissários localizados em todo o mundo. Quando a informação adequada é distribuída corretamente aos judeus em todo o mundo, dezenas de milhares de pessoas fazem aliá a Israel”, explica o CEO israelense da Ofek, Shimon Cohen. 

O presidente da Ofek Israel, Dimi Afratseve, manifestou a sua satisfação no cumprimento do projeto sionista visando ao assentamento dos judeus espalhados pelo mundo, fortalecendo o estado hebreu no Oriente Médio. “Tenho orgulho do privilégio que temos de cumprir a visão sionista todos os dias em nosso trabalho e fortalecer Israel com dezenas de milhares de novos imigrantes todos os anos. Mesmo durante a crise na Ucrânia, país onde servi como emissário no passado, soubemos como reagir rapidamente e garantir que aqueles com direito à aliá voltassem para casa em Israel”, disse o presidente da Ofek Israel.

A grande imigração de judeus russos a Israel remonta desde a época da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), que declarou-se um estado ateu a partir de 1922, no que resultou em um severo controle e uma forte repressão à religião em seu território, com vistas à sua eliminação. Os dirigentes soviéticos consideravam as manifestações religiosas como “antissoviéticas” ou “burguesas”, sofrendo duras represálias. No que tange à comunidade judaica, a política local foi marcada por forte antissemitismo, que variava de acordo com as circunstâncias internas e externas. Durante o governo de Josef Stalin, por exemplo, foram fechadas escolas e sinagogas, rabinos e professores acabaram presos e medidas foram tomadas com o objetivo de arrancar dos milhões de judeus russos as suas raízes e valores tradicionais.

O drama vivido pelos judeus russos foi sintetizado em uma apaixonada carta que 18 famílias da Geórgia enviaram, em agosto de 1968, para a então primeira-ministra de Israel, Golda Meir, e ao Comitê de Direitos Humanos das Nações Unidas. A carta dizia: “Ajude-nos a partir para Israel. Vendemos nossos bens e apenas esperamos a autorização para partir”. Além dessa, outras centenas davam conta do anseio judeu de abandonar o país e emigrar para Israel. Atualmente, da mesma forma como aconteceu com as demais ondas migratórias, os russos da segunda e terceira geração em Israel integram-se à sociedade local, agregando a sua cultura às demais que fazem parte do moderno estado hebreu.

A emigração de judeus ucranianos se tornou uma realidade graças aos esforços de entidades cristãs que se mobilizam a fim de tornar real esse ousado projeto humanitário. O conflito entre a Rússia e a Ucrânia levou sofrimento a 43 milhões de pessoas no país e, em meio a tiros e explosões, estão os judeus ucranianos que enfrentam uma ameaça existencial. Antes da guerra, a comunidade judaica ucraniana era estimada em cerca de 200 mil pessoas, a 4ª da Europa e a 11ª maior do mundo. Organizações cristãs estão empenhadas em ajudar na liderança do Kenneth Copeland Ministries e Eagle Mountain International Church (EMIC), com sede na cidade de Tarrant County em Newark, Texas (EUA), e com a parceria do Keren Hayesod, United Israel Appeal (UIA), e da Agência Judaica para Israel para levar refugiados judeus ucranianos para Israel.

Apesar do governo israelense ter ajudado judeus em perigo, oferecer auxílio para tantos é demasiado para um país tão pequeno, de modo que contar com a ajuda de cristãos tem sido fundamental para o sucesso da empreitada. Julie Sironi, da Israel and Jewish Liaison da EMIC, explicou ao Israel365 News como isso aconteceu. “Começamos interessados em ajudar com o retorno profético dos judeus exilados a Israel. Em 2020, ajudamos 50 judeus a fazerem a aliá da França para Israel. Em 2021, o ministério levou 110 judeus da Ucrânia para Israel, oferecemos apoios como moradia por um ano e participação em programas sociais. Na época, não sabíamos que uma guerra estava prestes a estourar”. Com a deflagração da guerra, a EMIC forneceu 2,7 milhões de dólares para fazer alguns dos primeiros aviões de refugiados decolar. A ativista recepcionou os mais de 120 imigrantes em Israel no dia 15 de março em nome da instituição.

Os ativistas não param e outro esforço com a mesma visão foi liderado por Yael Eckstein, CEO da Irmandade Internacional de Cristãos e Judeus. Em entrevista ao Israel365 News, ela disse que sua organização tem oferecido recursos dos cristãos para ajudar os imigrantes por quase 40 anos. “Tivemos o primeiro voo em massa da aliá para fora da Ucrânia dois dias antes do início da guerra e o primeiro voo após o início da guerra da Moldávia”, disse Eckstein. “Desde o início da guerra, a irmandade distribuiu mais de US$ 29 milhões. É incrível! Que Deus abençoe nossos doadores”.

A ativista informou que a comunidade judaica ucraniana é majoritariamente idosa, por este motivo precisa de ajuda com necessidades básicas. A irmandade fornece pacotes de alimentos, água potável e remédios, além de visitas domiciliares quando os moradores precisam evacuar a região. A irmandade foi instaurada pelo pai de Yael, o rabino Yechiel Eckstein, em 1983, com o objetivo de promover o entendimento e a cooperação entre judeus e cristãos a fim de construir apoio ao Estado de Israel, sendo bem-sucedida. A ativista testemunha o apoio recebido ao se conectar com os doadores. “É simplesmente incrível”, disse ela ao Israel365 News. “Eles me dizem que se sentem honrados por poder ajudar o povo judeu. Eles veem isso como uma oportunidade de salvar vidas de judeus que estão em perigo”.

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