Igreja Perseguida pede ajuda a Ocidente

Igreja Perseguida pede ajuda a Ocidente

Sob protestos, governo Biden tira Nigéria da lista de hostis à fé cristã

No dia 5 de junho de 2022, a Igreja São Francisco Xavier, na cidade nigeriana de Owo, estado de Ondo na Nigéria, foi atacada por terroristas islâmicos, deixando cerca de 40 vítimas fatais. A tragédia foi denunciada por Andrew Adeniyi Abayomi, responsável pela igreja atacada. Ele fez um alerta aterrador: a Igreja Perseguida está sendo esquecida. “Um genocídio está acontecendo e ninguém se importa”, afirma, criticando a omissão do Ocidente, que mal toca no assunto. O ataque aconteceu em um domingo por homens armados desconhecidos.

A tragédia foi registrada no novo relatório da Aid to the Church in Need (“Ajuda à Igreja que Sofre”), com o título “Perseguidos e Esquecidos?”, no qual Abayomi escreve o prefácio. No instante em que acontecia a mortandade, o líder religioso observou que nenhum dos policiais e seguranças nas proximidades mobilizou-se para evitar o confronto, que durou menos de 20 minutos. 

Para compor o relatório, foram examinados 24 países, entre outubro de 2020 e setembro de 2022, e ele revelou o seguinte resultado: em 75% dos locais caracterizados por hostilidade aos cristãos, a situação piorou. Os países estão localizados principalmente na África, Oriente Médio e Ásia, e o fator que provocou a atual panorama tem sido a falta de preocupação do Ocidente inclusive com o silêncio da mídia ocidental de que os cristãos são o grupo religioso mais perseguido. A Nigéria teve destaque no relatório da ACN por causa do nível de violência que “passa claramente para o limiar do genocídio”. O relatório aponta o jihadismo como uma das razões pelas quais a Nigéria está à falência, com a normatização de sequestros, assassinatos de líderes cristãos e ataques a igrejas.

Ainda em 2022, aconteceu o apedrejamento e incineração da cristã Deborah Samuel, 25 dias depois que foi acusada de enviar uma mensagem “blasfema” (segundo o critério islâmico radical) pelo WhatsApp. “O mundo se afastou da Nigéria”, lamentou Abayomi acerca da apatia da Igreja Ocidental

O relatório “Perseguidos e esquecidos?” menciona que a comunidade cristã que habita em regiões onde se desfruta de liberdade religiosa deve mencionar a igreja sofredora diante do aumento da perseguição. A pesquisa citou o desenvolvimento do extremismo islâmico e “um aumento acentuado da violência genocida por parte de atores militantes não estatais, incluindo os jihadistas”. A perseguição aos cristãos na Nigéria não é promovida pelo estado, mas por grupos radicais. A entidade salientou que a igreja sofredora necessita de vozes ativas que se manifestem para que a matança tenha um fim, e que mais organizações voltadas para os direitos humanos venham a proclamar a verdade do que acontece com os cristãos espalhados pelo mundo. “Se isso não acontecer, a igreja continuará sempre perseguida e esquecida”, disse Abayomi.

No dia 11 de novembro, foi entregue à Casa Branca uma petição assinada por mais de 32 mil pessoas. O documento é uma solicitação direcionada ao governo dos Estados Unidos para recolocar a Nigéria na lista de “Países de Preocupação Particular”. A lista revela as nações onde a liberdade religiosa corre perigo. Apesar da piora da situação na Nigéria, o governo do presidente Joe Biden removeu o país da lista, o que gerou protestos.

“No ano passado, o presidente Biden removeu a Nigéria de uma lista de observação de perseguições religiosas. No mesmo ano, terroristas islâmicos, militantes e outros extremistas mataram 4.650 cristãos naquele país”, afirma a petição. “Não é certo que a América deixe esses cristãos para trás. Devemos parar a matança”, prossegue o texto escrito pela Alliance Defending Freedom (ADF) e pela Established by Revelation Media, que julgam inaceitável o clima de hostilidade contra os cristãos nigerianos.

O jornal Christian Post noticiou que a designação visa a promover “opções políticas destinadas a fazer cessar as violações particularmente graves da liberdade religiosa”. Uma vez que essas opções “foram razoavelmente esgotadas, uma medida econômica geralmente deve ser imposta”. A publicação informa a possibilidade de sanções diante da grave situação.

“Remover a Nigéria da lista sinalizou um desrespeito alarmante pelo estado de liberdade religiosa no país. As autoridades falham em investigar e processar os perpetradores dessas atrocidades em grande escala e, além disso, em processar e ameaçar os jornalistas locais que as noticiam”, disse Kelsey Zorzi, diretora de defesa da liberdade religiosa global da ADF.

A hostilidade gratuita à comunidade cristã também acontece na Europa: um novo relatório do Observatório de Intolerância e Discriminação contra os Cristãos na Europa (OIDAC, da sigla em inglês) denunciou 519 incidentes classificados como crimes de ódio contra cristãos em 2021: somente na França, aconteceram 124 incidentes e o país foi classificado como o local onde ocorreu o maior número de crimes de ódio anticristãos nesse ano. 

A Alemanha ocupou o segundo lugar em quantidade de incidentes, com 112 crimes de ódio, seguida pela Itália com 92, Polônia com 60, Reino Unido com 40, Espanha com 30, Áustria com 15, Bélgica com 10, Irlanda com sete e Suíça também com sete. A divulgação do relatório anual de 2021 aconteceu na segunda semana de novembro de 2022. A apuração dos casos de intolerância, foram computados no período de 1º de janeiro de 2021 a 31 de dezembro de 2021.

Apesar da gravidade da situação, a organização detectou uma queda significativa na criminalidade, se comparado aos números de 2020 em que foram registrados 981 crimes ocorridos contra cristãos. Em 2019, foram 578. De acordo com o registro do OIDAC, o vandalismo foi identificado como o tipo mais frequente de crime de ódio em 2021, registrando cerca de 300 incidentes com “pichações, danos à propriedade e profanação” em organizações e igrejas cristãs.

“A liberdade religiosa está gravemente ameaçada, especialmente a dos cristãos. E a maior ameaça surge do relativismo”, disse o pesquisador sênior do Henry Institute for the Study of Christianity and Politics, Todd Huizinga, ao Religious Freedom.

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