Segundo a Bíblia Sagrada, o que é ser “mais do que vencedor”?

Segundo a Bíblia Sagrada, o que é ser “mais do que vencedor”?

Esta verdade bíblica tem alguma relação com o ensino popular de que crente fiel ao Senhor não passa por sofrimentos?

Vivemos numa época em que “o evangelho do triunfalismo” tem se propagado de maneira devastadora pelo mundo. Esse “evangelho” não se coaduna com o Evangelho genuinamente bíblico. O “evangelho triunfalista” só enfatiza sucesso e conquista de bens materiais, e põe o cristão na condição de “super-homem”. É o falso evangelho da confissão positiva, onde o homem é o centro das atenções, se desenvolvendo o culto à personalidade, caracterizado por um exacerbado antropocentrismo. Os adeptos desse “evangelho” citam alguns textos bíblicos sem aplicá-los à luz do seu contexto. Mas, afinal de contas, o que é ser “mais do que vencedor” à luz da Bíblia?

O apóstolo Paulo, na sua carta endereçada aos cristãos de Roma, afirma: “Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Romanos 8.37). Ele ainda diz: “Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida [...] nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!” (vv. 38 e 39).

No texto em apreço, o que Paulo declara é que ele era vencedor independente das circunstâncias. O evangelista Lucas, no capítulo 12 de Atos dos Apóstolos, relata um episódio que ilustra bem o que Paulo declara no texto supracitado. O autor de Atos registra a morte de Tiago, irmão do apóstolo João, e a seguir escreve que de forma sobrenatural Pedro é liberto por um anjo de uma prisão de segurança máxima. A pergunta aos adeptos do triunfalismo é: Quem dos dois seria “mais do que vencedor”? Tiago ou Pedro? À luz da Bíblia, ambos são mais do que vencedores! O que foi martirizado e aquele que sobreviveu à perseguição promovida por Agripa I. Ser mais do que vencedor é ser levado todos os dias para o martírio e mesmo assim não negar a fé. O autor da Carta aos Hebreus reforça essa verdade (Hebreus 11.33,34,36-38).

Não precisamos de grandes recursos hermenêuticos para entender que a soberania de Deus está acima de nosso triunfalismo equivocado. Usam chavões do tipo “É só vitória!” e “Vai dar tudo certo”, e nem sempre dá certo conforme o conceito de ser crente mais do que vencedor que se prega por aí.

A Teologia da Prosperidade, com os seus sofismas, tem conduzido muitos incautos a valorizar mais o ter do que o ser. Observe que o texto é claro: uns pela fé venceram reinos, já outros, também pela fé, experimentaram grandes perdas por não se comprometerem com o sistema perverso que permeia a sociedade desde os primórdios da vida humana. O Eterno continua sendo fiel para com Seus filhos, tanto na vida como na morte. O julgamento de Deus é justo e perfeito! Para Jesus, o líder da Igreja em Esmirna era rico, mesmo sendo pobre financeiramente (Apocalipse 2.9). Já o líder da Igreja que estava em Laodicéia se considerava rico, contudo, na ótica de Cristo, era um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu (Apocalipse 3.17).

Na concepção triunfalista, “mais do que vencedor” é quem sobrevive, porém, à luz das Escrituras, aqueles que morreram por amor ao Evangelho de Cristo, muitos deles em pleno solo missionário, também são mais do que vencedores.

Por Sandro Gomes de Oliveira.

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