A importância do batismo no Espírito

A importância do batismo no Espírito

Infelizmente, na atualidade, nem todos os cristãos se interessam em buscar o batismo com Espírito Santo. Sem sombra de dúvida, o que está levando alguns a não mais se interessarem por este revestimento de poder são as influências impostas pelo mundo pós-moderno. O problema de muitos hoje é a prisão à vida material que os faz se esquecerem de buscar o que é mais importante para o cristão: o poder do Espírito Santo. Foi assim com os discípulos desde o início do ministério de Jesus até a Sua ascensão: estavam apenas preocupados com o reino visível, ou seja, com a restauração de Israel no sentido de se verem livres do poder opressor de Roma. Em resposta, o Mestre disse que, ao invés de eles esperarem esse tempo, que cabia apenas a Deus realizar, Seus seguidores deveriam buscar o revestimento de poder, que veio no Dia de Pentecostes (Atos 1.6-8; 2.1-4).

O surgimento do Movimento Pentecostal moderno teve seu grande destaque na cidade de Topeka, no estado do Kansas (EUA). Mais especificamente, na Escola Bíblica Betel, por volta do ano 1901. Nesse lugar, a doutrina pentecostal clássica foi formulada, baseada no entendimento pela Bíblia das línguas como confirmação do batismo com Espírito Santo. Comparando a atuação do Espírito Santo na Nova Aliança com sua atuação no Antigo Testamento, a atividade do Espírito de Deus, em relação às pessoas da Antiga Aliança, era realizada apenas em homens que exerciam algumas funções ou ofícios no tocante à obra de Deus. Como sacerdotes, juízes, reis e profetas. O Antigo Testamento anuncia que a presença do Espírito Santo, em um determinado tempo, passaria a conviver na vida não somente de líderes, como também sobre toda a carne (Joel 2.28). O Novo Testamento também diz que a vinda do Espírito iria acontecer. O Evangelho de Mateus informa que João Batista, o último profeta da Antiga Aliança (Lucas 16.16), revelou que haveria de vir o Espírito Santo no ministério do Filho de Deus (Mateus 3.11). Cristo também anunciou o derramamento do Espírito (Lucas 24.49; Atos 1.8).

João Batista anunciou dois tipos de batismos que seriam realizados por Cristo Jesus: o batismo com o Espírito Santo e o batismo com fogo. O primeiro  ́pe relativo ao crente e o segundo, com fogo, expressa juízo. O próprio contexto imediato fala do fogo como juízo do Senhor (Mateus 3.12). Esta mensagem da chegada do Espírito por intermédio de Cristo e também do juízo vindo com Cristo está em perfeita concordância com a profecia de Joel, que, ao profetizar o derramamento do Espírito Santo sobre toda carne, traz também um prenúncio de juízo (Joel 2.28,31). Por outro lado, o batismo com Espírito Santo é com fogo, porque o texto de Atos dos Apóstolos diz que havia línguas repartidas como que de fogo sobre a cabeça de cada um dos irmãos que se encontravam reunidos à espera do cumprimento da promessa (Atos 2.3).

Para identificar esse batismo, Mateus usou a preposição grega en, que equivale a “em”, “dentro de”, “no meio de”, “entre”, “com” e “por”. A preposição grega en gramaticalmente se encontra no caso locativo, que indica posição, localização de um objeto. Esse batismo com o Espírito Santo não caracteriza apenas um simples movimento pontual, mas descreve uma vida localizada, posicionada, de forma constante e linear, na presença e no poder da terceira Pessoa da Trindade. Este poder não deve ser manifestado apenas em certos momentos de culto festivo, mas deve ser visível no dia-a-dia do cristão, ao manifestar transformação na sua vida. 

O batismo com Espírito santo é uma promessa de revestimento de poder feita por Jesus antes da Sua ascensão (Atos 1.8). Seus discípulos estavam se preocupando somente com o Reino futuro e literal ao invés de se preocuparem em primeiro lugar com o Reino de Deus nos corações, reino este que só seria possível pela proclamação do Evangelho no poder e na ação do Espírito de Deus (Atos 1.7,8). Com isso, Jesus convidou Seus pupilos a serem Suas testemunhas. A palavra “testemunha”, usada por Lucas em grego, é mártyres - palavra no nominativo masculino do plural. No texto, esse substantivo referido é um predicativo ligado pelo verbo ser. É uma forma de enfatizar que os discípulos seriam essas “testemunhas”, uma qualidade atribuída a eles. Logo, essa atribuição de qualidade de testemunhas aos discípulos como propagadores do Evangelho não é somente no propósito de pregar esse Evangelho, mas também de morrer pela causa dele. Não por acaso, martyres dá origem à palavra portuguesa “mártires”.

O cristão está na iminência a perder a sua vida por amor ao Reino de Deus. “Então Jesus disse aos seus discípulos: se alguém que vir após mim, negue a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mateus 16.24). No contexto histórico, tomar a cruz equipara-se à ideia de morte, visto que Jesus carregou Sua cruz para morrer nela. No contexto imediato, qualifica o sentido de morte de forma mais clara e precisa: “Pois quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder a vida [martírio] por minha causa, esse a achará” (João 16.25). Isto é, quem negar a Jesus em meio às ameaças de morte não participará com Ele da nova criação. Por outro lado, quem não negar o Evangelho em situações ameaçadoras certamente reinará para sempre com o Senhor.

Para mostrar que realmente a palavra “testemunha” descreve “martírio”, Lucas mostra a perseguição dos inimigos contra a Igreja que resultou na morte de Estevão (Atos 7.54-60; 22.20) e o próprio Paulo disposto não somente a apanhar, mas até mesmo a morrer pela fé em Cristo (Atos 21.13). Na igreja de Pérgamo, Jesus chama Antipas de “testemunha fiel”, porque havia sido morto por não negar a Cristo (Apocalipse 2.13). A palavra “testemunha” para se reportar a Antipas é o mesmo termo usado por Lucas em Atos, mártyr. Portanto, sabendo da tarefa dos cristãos como testemunhas dEle, e que seriam odiados pelo mundo por isso, ordenou Seus seguidores a esperar a descida do Espírito Santo em Jerusalém para o encorajamento deles, para serem representantes do Reino de Deus mesmo em meio à intolerância à fé cristã.

O revestimento de poder ou o batismo com Espírito Santo é para impulsionar e encorajar a Igreja em meio às grandes perseguições proporcionadas pelos inimigos do Cristianismo. Sem o Espírito de Deus, seria impossível os crentes dos primeiros três séculos da Era Cristã suportarem o ódio dos imperadores contra a Igreja.

Na atualidade, esse mesmo poder se torna importante para a Igreja, para fazer com que ela suporte com coragem e alegria as perseguições impostas pelos seus adversários. Pela graça de Deus e o poder do Espírito, ainda continuamos a pregar a Palavra do Senhor, cumprindo a ordem de Cristo, que é anunciar o Evangelho a toda criatura, dizendo que Jesus salva, cura, batiza com Espírito Santo em breve voltará para buscar um povo santo. Porque é sabido que “Deus não nos concedeu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio” (2 Timóteo 1.7).

 O poder do Espírito Santo não capacitou os discípulos de Cristo a ficar apenas em um lugar, concentrados apenas em Jerusalém. Ele os levou a pregar também toda Judéia, e Samaria, e até os confins da terra. Ao fazer uma observação gramatical do texto de Atos 1.8, percebe-se que a evangelização não deveria ser feita em uma cidade de cada vez. As expressões “tanto em” Jerusalém, “como em” toda Judeia “e” Samaria, “e até” aos confins da terra estão expressando simultaneidade. Ou seja, a Igreja no poder do Espírito deveria realizar a evangelização em todos esses lugares ao mesmo tempo, algo que eles não fizeram e, em função disso, Deus permitiu uma perseguição para que a ordem fosse cumprida cabalmente (Atos 6-8).

A importância do batismo no Espírito não é somente para o cristão pentecostal falar em línguas. O seu principal escopo é proporcionar poder à Igreja para alcançar não apenas o lugar onde ela se encontra, mas alcançar todas as nações (Lucas 24.47-49). Que a Igreja da atualidade venha fazer uso desse revestimento espiritual para instituir um púlpito em cada alma deste mundo para pregação do Evangelho no poder do Espírito.

Por Natanael Diôgo Santos

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