As exigências do discipulado segundo o Senhor Jesus

As exigências do discipulado segundo o Senhor Jesus

Muito se tem escrito a respeito dos elementos do ensino do Mestre Jesus. Contudo, não encontramos muitas reflexões a respeito de suas exigências. Contudo não encontramos muitas reflexões a respeito de Suas exigências. Aliás, falar em exigências nos dias atuais já se constitui uma barreira. Dessa forma, propomos aqui, ainda em forma embrionária, uma abordagem sobre as exigências do discipulado segundo Jesus.

Essas exigências aparecem implícitas no chamado de Jesus que se constitui no “Segue-me”, ou no “Vinde após mim” em algumas passagens registradas nos evangelhos. Em Marcos 8, 9 e 10, por exemplo, Jesus é encontrado levando os Seus discípulos para uma jornada. Durante a peregrinação, Ele está abrindo os olhos de cegos e levando os Seus discípulos através de um caminho que eles não conhecem. Essa jornada é o caminho do discipulado.

O discipulado está ligado à ação da graça em razão da seriedade do processo: “A graça preciosa é o tesouro oculto no campo, por amor do qual o homem sai e vende com alegria tudo quanto tem; é a pérola preciosa, pela qual o comerciante se desfaz de todos os seus bens; o governo régio de Cristo, por amor do qual o homem arranca o olho que o escandaliza; o chamado de Jesus Cristo, o qual, ao ouvir, o discípulo larga as suas redes e O segue. [...] Essa graça é preciosa porque chama ao discipulado, e é graça por chamar ao discipulado de Jesus Cristo; é preciosa por custar a vida do homem, e é graça por, assim, lhe dar a vida; é preciosa por condenar o pecado, e é graça por justificar o pecador. [...] A graça preciosa é a encarnação de Deus”.

Essa é a graça de Deus para os discípulos. É uma jornada a ser empreendida. Contudo, essa jornada é acompanhada de algumas exigências: obediência, arrependimento, submissão, compromisso e perseverança.

A expressão “segue-me” (akolouthéo), como em Mateus 9.9, está no imperativo, sendo, dessa forma, uma ordem. Por essa razão, aqueles que receberam a ordem de seguir a Jesus obedeceram imediatamente. E os chamados dos discípulos é imediatamente precedido pela mensagem: “Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mateus 4.17; Marcos 1.14).

Diferentemente dos rabinos, Jesus rompeu as barreiras, chamando o cobrador de impostos que ficava fora da comunidade de adoração (Marcos 2.14), assim como também chamou o Zelote (Lucas 6.15), bem como o pescador (Marcos 1.15ss). Ele chamou pessoas para segui-lo com a consequência de que deixaram o barco, a barreira de pedágio e a família.

Em um de Seus mais importantes discursos a respeito do discipulado, Jesus ilustra o chamado como colocar um jugo: “Tomai sobre vós o meu jugo...” (Mateus 11.29). A figura do jugo sugere muitas coisas. Todavia, a ideia principal é a submissão a Cristo na obra para qual foram Comissionados.

O jugo é também uma conexão entre submissão e sujeição. “Submeter” deriva-se de duas palavras latinas, sub (“sob”) e mitto ou mittere (“colocar”). Dessa forma, submissão significa colocar-se sob a autoridade de outrem. O vocábulo “sujeitar” também é derivado de duas palavras latinas, neste caso sub (“sob”) e iacto, actare (que significa “lançar” ou “jogar”). Significa, portanto, ser colocado sob a autoridade de outrem.

A palavra “jugo” ainda remete a outras definições. Nos tempos antigos, era costume um governante, ao conquistar outro povo, estender uma vara presa entre dois pilares a mais ou menos um metro do chão, e obrigar o povo que havia sido capturado a passar por baixo dessa vara. Essa atitude simbolizava que o povo estava se colocando sob seu jugo, isto é, submetendo-se à sua autoridade. Quando Jesus emprega essa figura, está dizendo que o “seguir” é submeter-se a Ele. É recebê-lO como Senhor de toda a vida. Charles Spurgeon via o chamado “tomai sobre vós o meu jugo” como Jesus dizendo mais ou menos o seguinte: “Se você for salvo por mim, Eu serei seu Mestre e você será meu servo; você não pode me aceitar como Salvador, se não me aceitar também como Legislador e Comandante. Se não fizer o que Eu requeiro de você, não encontrará descanso para sua alma”.

É impossível seguir a Cristo sem estar completamente comprometido com Ele. A falta de compromisso significa desviar-se do caminho ou afastar-se dEle. De igual modo, é impossível ter um compromisso com Cristo, se não houver o “seguimento”. A falha em segui-lO significa, na verdade, estar comprometido com outros interesses ou com outras pessoas. Ora, não há discipulado sem compromisso.

Seguir a Cristo não se constitui em um ato isolado. Não é uma atitude realizada uma vez e nunca repetida. O “seguimento” é um compromisso para a vida toda, que só será efetivamente cumprido na eternidade.

Isto significa que o discipulado não é somente uma porta de entrada, mas um caminho a ser seguido. O discípulo prova a validade de sua decisão seguindo até o final. O verdadeiro discípulo segue Jesus até o fim, em todos os sentidos.

Referências Bibliográficas

BONHOFFER, D. Discipulado. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1980.

BROWN, C. O Novo Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento – vol. I. São Paulo: Edições Vida Nova, 1984.

DA SILVA, Rayfran Batista. O discipulado eficaz e o crescimento da igreja. Rio de Janeiro: CPAD, 2019.

MELLO, Cyro. Manual do discipulador cristão. Como integrar plenamente o novo convertido a Igreja. Rio de Janeiro: CPAD.

WATTS, R. E. Jesus, modelo pastoral: estudo do Evangelho de Marcos. Rio de Janeiro: Danprewan Editora, 2004.

Por Sandro Pereira.

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