Os pais de heróis da Bíblia e seus papéis

Os pais de heróis da Bíblia e seus papéis

No mundo da mídia, os criadores de personagens mostram super-heróis que possuem poderes sobrenaturais e são invencíveis. No mundo real, país de famílias enfrentam dificuldades para criar seus filhos e torná-los vitoriosos nas conquistas da vida profissional e da vida social.

Na Bíblia, os heróis da fé são listados como heróis que venceram grandes desafios, mas pouco se fala de pais que foram vitoriosos dentro de casa influenciando os filhos a se tornarem verdadeiros heróis na vida secular e na vida espiritual. Porém, neste artigo, não queremos falar de pais que foram heróis, mas de pais que tornaram seus filhos heróis. Em destaque, aqueles país que formaram seus filhos dando a eles importância no mundo que vivem e passando-lhes aqueles princípios e valores que formaram o caráter dos mesmos. São país que fizeram heróis no mundo dos homens e, principalmente, no contexto do Reino de Deus na Terra.

Bons e maus exemplos

Quero iniciar com pais que foram maus exemplos para os filhos e falharam no papel de pais no dia-a-dia dos filhos.

Eli, um mau exemplo de paternidade (1 Samuel 2.12-17,22-25) — Eli, sumo sacerdote de Deus para o povo de Israel, era descendente de Itamar, o quarto e último filho de Arão. Eli foi o 14º juiz de Israel em Siló e serviu como juiz em Israel por quarenta anos. Porém, não foi um bom pai para seus filhos Hofni e Fineias, os quais deveriam dar continuidade ao ministério sacerdotal de seu pai Eli, mas foram profanos e infiéis. Eli ministrava no Tabernáculo em Siló juntamente com seus filhos, porém esses filhos, a despeito de fazerem parte da família sacerdotal, não “conheciam ao Senhor” (1 Samuel 2.12). O fato de não conhecerem a Deus em suas vidas indica que seu pai nunca soube ministrar a seus filhos. Eli foi um bom sacerdote para o povo, mas péssimo sacerdote para seus próprios filhos, porque não cuidou das relações deles para com Deus e com o ministério sacerdotal. A Bíblia os declarou “filhos de Belial” porque não cumpriam com desvelo os serviços sacerdotais e, por isso, eram inúteis, imprestáveis diante de Deus e para com o povo. Por desconhecerem o Senhor, se tornaram irreverentes com o sacerdócio e profanavam diariamente o santuário, pervertendo os seus serviços. Em 1 Samuel 2.22, está registrado que Hofni e Fineias reuniam mulheres prostitutas e praticavam imoralidades sexuais nos lugares sagrados do Tabernáculo. O mais triste dessa historia é que Eli, como pai, havia perdido a autoridade sobre seus filhos e, mesmo sabendo dos atos profanos deles, não tomava qualquer atitude de correção e disciplina contra o mau exemplo dos atos imorais dos filhos. Eli foi um péssimo exemplo de pai relapso (1 Samuel 2.23,24) que acabou por se tornar conivente com os filhos, porque os mesmos não mais o respeitavam, nem como pai, nem como sacerdote. Eli nunca dispensou tempo para os filhos, para as suas necessidades básicas, emocionais e espirituais. Ele foi um pai omisso para Hofni e Fineias. O sábio escreveu em Provérbios 22.6: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele”. Eli, nem foi herói, nem fez a seus filhos heróis. Pelo contrário, os dois filhos, além de terem sido ultrajantes com  o santuário de Israel, deixaram a marca negativa de homens cujo pai não soube encaminhar seus filhos para serem santos e amorosos para como ministério que receberam.

Jessé, um bom exemplo de paternidade (1 Samuel 16.1-13) — Jessé era um descendente de Obede, o filho de Boaz e Rute (Rute 4.17,22). Sua história transparece como uma história de um homem com formação moral e espiritual exemplar em Israel. À Bíblia diz que ele teve oito filhos (dos quais Davi foi o mais novo), e era abastado, sendo criador de ovelhas e cabras. Por ser herdeiro de Boaz, o marido de Rute, Jessé era já homem velho (1 Samuel 17.12), mas tinha uma liderança exemplar perante seus filhos. O seu nome Jessé advém do hebraico yasay, que significa “presente de Deus”. Davi, mesmo sendo o mais jovem, veio se tornar o grande protagonista da história de Jessé, e quando o sacerdote e profeta Samuel foi à sua casa, percebe-se que Jessé era respeitado por seus filhos. Seu caráter foi capaz de influenciar as atitudes dos filhos. O profeta Isaías profetizou acerca da “raiz de  Jessé”, da qual viria “aquele que julgaria com justiça as nações da terra” (Isaías 11.1-5,10).O apóstolo Paulo lembrou o profeta em Romanos 15.8,12. Da raiz de Jessé, muito mais que Davi, o grande herói de Israel, veio Jesus, chamado “o filho de Davi” (Mateus 12.23), mas identificado por Paulo como pertencente à raiz de Jessé, o qual se levantará para reger os gentios, especialmente no período do Milênio (Romanos 15.12). Da raiz de Jessé veio o maior de todos os heróis da Bíblia, Jesus Cristo.

Abraão, um bom exemplo de paternidade (Hebreus 11.17) — Abraão foi o personagem que Deus, o Pai, fez grande herói quando o chamou e o designou para ser o pai de uma família especial (Gênesis 121-3). Abraão foi o fruto de um projeto da presciência divina. Esse projeto teria um alcance que ia muito além da compreensão de Abraão. Entretanto, Abraão é chamado “pai da fé” porque aprendeu a viver por fé e na total dependência da providencia de Deus. Porém, mesmo tendo a promessa de que ele e Sara teriam um filho, ficaram muitos anos aguardando o cumprimento da promessa. Sara, entretanto, era estéril e não podia dar filhos a Abraão. Nem ele, nem ela podiam entender uma promessa que, de forma natural, não aconteceria por causa da esterilidade de Sara. O casal passou por várias provações na sua fé em Deus até que a promessa fosse cumprida. Em Gênesis 15, Deus se encontra com Abraão e faz um pacto com ele.

Por ver a impossibilidade de uma mulher estéril e idosa engravidar, Sara, então, resolve “ajudar” no plano divino (Gênesis 16.2), dando a Abraão a sua serva, para que ela viesse dar ao patriarca o filho desejado (Gênesis 16.4). Os dois saem do plano divino e da dependência de Deus para uma solução meramente humana. Abraão aceitou o plano de Sara e ele engravidou Agar, serva de Sara, e ela lhe deu um filho, o qual chamou Ismael (Gênesis 16.12). Mas, esse não era o filho da promessa e ambos, Abraão e Sara, pagaram um preço caro por essa precipitação. Porém, Deus não desistiu de Abraão e teve outros encontros com ele reafirmando a promessa de um filho dele com Sara. Em Gênesis 21.1-13, o milagre acontece: Sara engravida e dá à luz a seu filho, o filho da promessa, Isaque. Nos capítulos 16 e 21, temos, então, a história de dois filhos de Abraão. O primeiro, Ismael, filho da egípcia Agar, o fruto de uma decisão errada de Abraão e Sara. Ismael veio a ser o pai dos árabes, os quais formaram nações poderosas porque, de um modo especial, tinham a bênção da prosperidade do pai Abraão (Gênesis 25.12-16). Os povos formados da semente de Abraão acabaram por desenvolver o conflito dos dois irmãos que lhes deram origem, Ismael e Isaque, o pai do povo israelita (Gênesis 18.9-14; 21.1-3). Independente do conflito dos dois irmãos ao longo da história, Abraão acabou sendo o pai de dois filhos heróis. Entretanto, nesta história fantástica e cheia de fatos marcantes, Abraão havia gerado, como dissemos, o segundo filho, Isaque, o filho da promessa. Esse filho foi o fruto do milagre para se cumprir a promessa divina de se tornar “o pai da nação escolhida por Deus” para representar os interesses do Reino de Deus na Terra. Poderíamos lembrar muitos pais de personagens bíblicos que souberam educar seus filhos e dar a eles um espírito altruísta e vencedor, mas, para este texto, os exemplos citados bastam.

Por Elienai Cabral.

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