O valor da prudência no casamento

O valor da prudência no casamento

Prudência é “a virtude que nos leva a conhecer e evitar os erros e os perigos; tino; cautela; precaução; moderação”. Na Bíblia, “a palavra hebraica ‘arumé’ é usada tanto no bom sentido, significando alguém sensato (por exemplo, Provérbios 14.8,15,18; 15.5), como no mau sentido, significando alguém sagaz ou astuto (Gênesis 3.1; Jó 5.12,13; 15.5; Salmos 83.3). A palavra hebraica bin e a grega synetos, por outro lado, enfatizam uma decisão inteligente (Provérbios 16.21; 18.15; Isaías 29.14; Mateus 11.25; Atos 13.7; 1 Coríntios 1.19)” (Dicionário Bíblico Wycliffe, CPAD).

A partir das definições supracitadas, é possível que você perceba o quanto essa virtude se faz necessária para a boa convivência dos casais e familiares. Às vezes, nos deixamos levar pelo nosso temperamento e a nossa reação imediata, e, sem medir as consequências, acabamos causando transtornos das mais diversas ordens dentro de nossa casa.

Se você lida com uma pessoa difícil em sua relação conjugal, vai precisar fazer uso dessa virtude todos os dias a fim de provocar uma mudança de atitude em seu cônjuge. Não estamos falando aqui de tolerar violência, mas de questões de temperamento. Quando fazemos uso da prudência, evitamos muitos problemas e, consequentemente, corrigimos certas falhas que provocam irregularidades no convívio com os outros e, principalmente, no casamento.

O livro de Provérbios nos traz algumas lições sobre essa importante virtude. Uma delas é que nossa relação com ela deve ser o mais próximo possível ao ponto de a sabedoria ser chamada de irmã e a prudência, de parenta (Provérbios 7.14), aludindo assim ao quanto devemos agir movidos pela calma e a sensatez.

Outro ponto importantíssimo é que a Palavra de Deus também afirma que a sabedoria habita junto com a prudência: “Eu, a sabedoria, habito com a prudência, e acho o conhecimento dos conselhos” (Provérbios 8.12). Logo, está muito claro nas palavras do texto bíblico que aquele que age com prudência é também uma pessoa sábia.

Um outro ponto não menos relevante que os demais é que a prudência torna o homem capaz de reter a ira (Provérbios 19.11). Todos nós sabemos que a ira, quando não tratada, é capaz de levar a atitudes que causam danos muitas vezes irreversíveis. A Palavra de Deus nos adverte a não se pôr o sol sobre a nossa ira (Efésios 4.26), porque o problema não consiste em se irar, mas em tornar essa ira um furor ao ponto de causar danos emocionais às pessoas que nos cercam.

Não são poucos os exemplos de casais que, por falta de prudência, acabam machucando um ao outro emocionalmente, e esta, obviamente, não é a vontade de Deus para as suas vidas. Portanto, o que se deve fazer diante de dificuldades desse tipo que surgem em alguns casamentos?

Em primeiro lugar, não suscite a ira de seu cônjuge – A Bíblia diz que “a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira” (Provérbios 15.1). Se deixamos a raiva aflorar em nossas relações, não resolveremos absolutamente nada. Pelo contrário, comprometeremos mais ainda as coisas. Não tome a decisão precipitada de agir com o “sangue à flor da pele”. Primeiro, se afaste da situação que lhe causou tamanha ira, reflita, pense e só depois que se acalmar opte pela conversa.

Lembro-me que recentemente ouvi um testemunho de uma irmã, em um de nossos núcleos de casais, que argumentou que tinha o costume de nem esperar seu esposo sentar direito assim que chegava do trabalho, pois já ia logo descarregando sobre ele algo que lhe aborreceu durante o dia; mas, a partir do dia que nos ouviu falar sobre a boa recepção no casamento, ela resolveu mudar esse hábito e observou mudanças no seu casamento. Não suscitar a ira no outro é um belo ato de prudência no seu relacionamento. Procure o jeito certo de tratar com seu cônjuge sobre certas situações sem que isso lhe cause furor e provoque um “terremoto” em seu casamento.

Em segundo lugar, seja sensato ao tratar com o seu cônjuge (2 Coríntios 11.19) – O termo traduzido nessa passagem como “sensato” admite a ideia de “suportar alguém, ter paciência com respeito aos erros ou fraquezas” (STRONG, p. 2067). Lembre-se que ninguém é igual a você. Às vezes, no calor de algumas situações, caímos no erro de tratar o cônjuge com rispidez, nos esquecendo de que estamos nos dirigindo a uma pessoa dotada de sentimentos e emoções. Pense que alguns problemas que você enfrenta no matrimônio devem ser tratados com delicadeza e equilíbrio para que não se convertam em dificuldades ainda maiores. Muitos casais, por falta de orientações certas, acabam lidando com as dificuldades no casamento de maneira muito grosseira e desequilibrada. Um cônjuge prudente sabe que alguns pontos de conflito exigem equilíbrio emocional e lidam com isso de maneira extremamente sábia.

Em terceiro lugar, não perca a paciência (Salmos 40.1) – A paciência deve ser uma das maiores virtudes de quem deseja agir com prudência, mesmo sendo uma das mais difíceis, porque, de acordo com a Bíblia Sagrada, ela é resultado de uma série de tribulações (Romanos 5.3). Não é à toa que se constitui uma característica forte dos que agem com prudência. Ser paciente, no entanto, não nos permite cruzar os braços e simplesmente esperar. Embora não seja de uma hora para outra que se verá a mudança em seu casamento, você é uma peça importantíssima para que isso aconteça e, portanto, se você perder a paciência, correrá o risco de jogar tudo para o ar. A paciência é umas das características do amor, descritas por Paulo em 1 Coríntios 13.4. Neste contexto, o termo “sofredor” (makrothymeõ), indica também “ter (muita) paciência, ser paciente, suportar pacientemente” (STRONG, p. 2290). Logo, o cônjuge prudente comporta-se pacientemente diante das agruras que lhe sobrevêm no casamento a fim de preservar a saúde de seu matrimônio.

Um casamento em que um dos cônjuges não desfruta da prudência está fadado a viver constantes conflitos. Por isso, se você ainda não é uma pessoa prudente nas suas ações e palavras, comece mudando em você aquilo que desagrada o seu cônjuge.

Por, Edeilson Santos.

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