Esperanças e temores aos perseguidos na Líbia, Síria, Turquia e Nigéria

Esperanças e temores aos perseguidos na Líbia, Síria, Turquia e Nigéria

Em alguns dos países mais fechados ao Evangelho, os cristãos já vislumbraram possíveis melhoras e em outros, infelizmente, uma piora na situação

Esperanças e temores tomam os corações de cristãos perseguidos na Líbia, Síria, Turquia, Nigéria e Zanzibar. Em alguns desses países, mais fechados ao Evangelho, os cristãos já vislumbram possíveis melhoras e em outros, infelizmente, piora da situação.

Na Líbia, há incerteza. Na Síria, temores. Na Turquia, esperança. Em Zanzibar, medo. Na Nigéria, vislumbre de melhoras. Ativistas estão pedindo às autoridades nigerianas que os cristãos sejam protegidos pelo governo, e os apelos parecem que têm alguma chance de serem atendidos. Segundo o presidente nigeriano, o governo deve adotar medidas urgentes para proteger a vida e as propriedades dos cristãos.

Incerteza na Líbia

Para Todd Nettleton, da Voz dos Mártires, a mudança de moldes na Líbia com a queda de Kadhafi pode favorecer aqueles que procuram por liberdade, especialmente os cristãos. A Líbia está em 25º lugar na classificação de perseguição mundial no ranking da Missão Portas Abertas.

“A situação melhorou em relação à época em que ocorreram casos de perseguição contra muçulmanos que se converteram ao cristianismo. Existem algumas igrejas na cidade de Trípoli que foram autorizadas a ficar abertas e realizar cultos, mas elas são tratadas como cultura de estrangeiros”, afirma Nettleton.

A Líbia adere à lei islâmica, então todos os cidadãos são muçulmanos sunitas por definição. À conversão ao cristianismo é proibida e existem poucos cristãos líbios no país. Nertleton explica: “Haverá perseguição sempre que um muçulmano trocar sua fé e começar a acreditar em Jesus. Essas são as pessoas que enfrentam a perseguição pesada”.

Nettleton diz também que “ainda há muitas dúvidas neste momento e precisamos orar para que os cristãos sejam protegidos, pois as pessoas que assumirão os papéis de autoridade podem reconhecer ou não os direitos dos grupos minoritários”.

Atualmente, a maioria dos cristãos líbios é forçada a se reunir com outros cristãos e seguir a Jesus em segredo. As pequenas comunidades cristãs existentes são, na grande maioria, formadas por migrantes e trabalhadores estrangeiros. Com o rigoroso controle de Kadhafi sobre o país, o evangelismo tem sido difícil e toda a literatura cristã que entrou no país foi por contrabando. Netdeton indica que “é muito cedo ainda, mas os cristãos podem orar para que ocorram mudanças nas leis líbias e para que os trabalhos e literaturas cristãs possam entrar livremente no país.”

Cristãos sob fogo na guerra na Síria

Parecem sem fim as torturas e assassinatos encomendados pelo presidente Bashar al Assad, que em cinco meses deixou mais de 2 mil sírios mortos, 3 mil desaparecidos, 14 mil presos e 12 mil feridos. E quem está imensamente preocupada com tudo isso, além de todas as vítimas e o mundo — que assiste atônico de longe —, é a comunidade cristã na Síria, que representa 10% da população de 22,5 milhões de pessoas. Desde 1970, Assad, que é Alawite (ou seja, de um pequeno ramo muçulmano xiita), está no poder e tem apoiado as minorias religiosas, incluindo os cristãos, que por isso temem a queda de Assad. Não porque o achem “maravilhoso” — bem ao contrário —, mas porque há o risco de grupos ainda mais radicais aos cristãos tomarem o poder. Agências de notícias têm, inclusive, afirmado que a maioria dos cristãos na Síria, mesmo não gostando de Assad, parece torcer para que ele continue, contrastando com a maioria dos cristãos no Egito, que eram partidários da revolução.

Como jornalistas estrangeiros são proibidos na Síria, alguns consideram essa declaração dessas agências apenas uma suposição. Isso porque muitos cristãos têm medo das consequências de se pronunciarem, mesmo que de forma anônima. Ainda mais depois que um general do exército de Assad se diz “cristão” e a favor do regime: Dawoud Rajiha. Em 8 de agosto, Assad o estabeleceu como ministro da defesa. A nomeação de um pseudo cristão como chefe supremo militar encarregado da repressão brutal para manter Assad no poder pode ser vista como um ato cínico: um movimento para alargar o apoio a Assad, tornando-o não-partidário.

Mas, a nova posição do general Rajiha pode muito bem colocar os cristãos na linha de fogo da guerra. Se Assad sair do poder, poderá haver represálias contra os cristãos, por causa do papel do general. É se o general Rajiha, com outros militares, preparar execuções em massa no país, isso provocará a revolta da população contra toda a classe cristã. Diante da extrema delicadeza da situação, o povo de Deus na Síria pede oração aos irmãos em Cristo das demais nações.

Esperança de dias melhores na Turquia

O governo turco fez uma reviravolta histórica na política do Estado no início de setembro, emitindo um decreto oficial em que os cristãos da Turquia e as comunidades judaicas poderão reclamar suas propriedades confiscadas. (O decreto de 3 de setembro vem 75 anos depois de o governo turco ter apreendido centenas de terrenos e edifícios de propriedade de comunidades cristãs. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, anunciou a decisão na noite de domingo, dia 4 de setembro, em Istambul, marcando um grande encontro com os não-muçulmanos e líderes religiosos.

Reconhecendo as injustiças sofridas no passado pelos diferentes grupos religiosos, ele prometeu: “Aqueles dias já acabaram. Em nosso país, nenhum cidadão é melhor do que outro”.

Em esclarecimento, o turco Abmer Davutoglu, ministro das Relações Exteriores, ressaltou que a decisão formal do governo não foi uma gestão dirigida às minorias, mas o retorno dos direitos dos cristãos de ser legalmente iguais aos outros.

O decreto é um passo significativo para eliminar décadas de práticas desleais impostas pelo Estado turco contra os seus cidadãos não-muçulmanos.

Poucas horas depois do anuncio-surpresa, os conselhos das minorias religiosas começaram a rever a condição de suas propriedades confiscadas. As novas leis devem ser aplicadas dentro dos próximos 12 meses. As propriedades incluem escolas, igrejas, cemitérios, lojas, hospitais, orfanatos, casas, edifícios de apartamentos e fábricas que foram apreendidas pelo Estado turco e registradas como propriedades públicas ou de fundações. À decisão de 1974 ainda havia proibido as comunidades não-muçulmanas de adquirir qualquer propriedade nova.

O novo decreto estabelece que os proprietários dos imóveis confiscados pelo Estado serão reembolsados com o valor do mercado. Segundo a mídia turca, o Ministério das Finanças determinará a compensação para as propriedades que foram vendidas a terceiros.

Finalmente, algum socorro na Nigéria

O presidente da Nigéria, Goodluck Jonathan, foi elogiado no início de setembro pelos cristãos de seu país após declarar que seu governo tem de ser mais incisivo e forte contra os ataques aos cristãos que têm acontecido sistematicamente na Nigéria. Segundo o presidente nigeriano, o governo deve adotar medidas urgentes para proteger a vida e as propriedades dos cristãos que vivem no norte do país e são alvos constantes de ataques de extremistas islâmicos.

Reagindo contra os últimos relatórios de vandalismo e queima de duas igrejas, ambas localizadas no Estado de Borno, o presidente nacional do Conselho das Igrejas Nigerianas (CAN), o pastor Ayo Oritsjafor, disse que a declaração do presidente foi “reconfortante”.

“Agora, deixemos os agentes de segurança demonstrarem seu estado de prontidão para acabar com a ameaça terrorista que o país está enfrentando”, acrescentou Oritsjafor esperançoso. Ele demonstrou satisfação, pois, finalmente, o governo federal está sinalizando alguma vontade política para lidar com o terrorismo islâmico e os ataques sectários, que têm crescido no país. “Temos interesse na unidade nacional, na paz e no progresso, tanto que a igreja impede que os jovens cristãos peguem em armas para ir contra os fundamentalistas islâmicos no norte do país, mas tornou-se óbvio que é necessário algo decisivo para deter o terror. Por quanto tempo vamos continuar assim, e em um período em que o governo federal está fazendo esforços frenéticos para nossa economia crescer e se tornar uma das vinte melhores em 2020”, afirmou pastor Oritsjafor.

“O presidente deve se preocupar agora com o monstro chamado terrorismo, que está se instalando no país, porque, no ritmo em que estamos, com crimes violentos, especialmente na parte norte do país, isso não é mais aceitável”, finalizou o líder do CAN.

Temores em Zanzibar

Em Zanzibar, os cristãos vivem em um clima de medo. Esse é o país onde um jovem cristão fugiu da ilha para escapar das ameaças que sofria de sua família muçulmana, e também de um cristão que, acidentalmente queimou o Alcorão e foi preso para não ser morto pela fúria da população. Recentemente, dois templos, inclusive um da Assembleia de Deus, foram queimados por radicais.

O jovem que fugiu da ilha é Yusuf Abdalla, 23 anos. Ele fugiu para Moshi, na Tanzânia continental, depois que sua família ameaçou matá-lo, em junho. Ele se converteu ao cristianismo em outubro de 2010, após ouvir sobre o Evangelho no rádio. Então, se matriculou em uma escola profissional em Zanzibar para aprender a costurar, quando sua família descobriu que ele deixou o Islã.

Yusuf foi espancado pelos membros de sua família, e esse ataque o deixou com muitos ferimentos na cabeça, na mão e no tronco, além de uma ferida grave na boca. Ele também perdeu muito sangue nessa ocasião, conforme relatou um pastor da região, que pediu anonimato. “A família dele levou a máquina de costura que ele tinha comprado e disse que não ajudaria na formação dele”, disse o pastor. Após se recuperar, Yusuf se refugiou na casa do pastor. Depois de dois meses morando ali, alguém avisou à família do jovem cristão que ele estava na casa do pastor e seus familiares ameaçaram invadir a casa e matar o rapaz. Então, a igreja resolveu organizar a fuga dele, que foi bem-sucedida.

Outro que se converteu ao cristianismo foi Juma Suleiman, da ilha de Pemba. Ele também está enfrentando ameaças de morte. Suleiman se tornou cristão há apenas dois meses, quando o pastor Yohana Mfundo pregou para ele, enquanto estava na prisão. Suleiman foi libertado há pouco mais de duas semanas da prisão e os membros da sua família já 0 estavam ameaçando de morte, por ele ter aceitado Jesus. Ele está agora escondido no país e tem planos de fugir da ilha.

Em Zanzibar, a maioria muçulmana oprime as minorias religiosas de maneiras sutis. As escolas ensinam somente estudos islâmicos e não cristãos, e qualquer estudante que afirmar que Jesus é o Senhor e único Salvador não receberá suas notas e será reprovado, contam os pastores do país, segundo relato de Missões Portas Abertas.

Se este artigo foi útil para você compartilhe com seus amigos.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem