A ênfase de Jesus sobre a sentença da condenação em Lucas 13

A ênfase de Jesus sobre a sentença da condenação em Lucas 13


Em Lucas 13, vemos Jesus dando ênfase a uma sentença duas vezes, uma no versículo 3 e outra, no 5. Qual a razão dessa ênfase?

Os primeiros cinco versículos de Lucas 13 sucedem os discursos de Jesus sobre os sinais dos tempos. O Mestre estava em Jerusalém e confrontava o discurso dos fariseus e saduceus, seus inimigos gratuitos, mostrando-lhes que a rejeição à Sua mensagem lhes acarretaria maior juízo. Esses inimigos de Jesus buscavam fatos e argumentos para terem de que O acusar. No texto antecedente, em Lucas 12.57-59, Jesus mostrou-lhes que o julgamento de Deus estava chegando e que tudo o que Deus queria da parte deles era que se arrependessem dos seus pecados.

Enquanto falava, chegaram alguns judeus que estavam em Jerusalém, os quais discutiam sobre a questão dos graus de pecados e o tipo de juízo para cada caso. Nesse ínterim, levaram ao conhecimento de Jesus dois incidentes distintos (13.3,5). Um dizia respeito ao ato cruel de Pilatos, que havia mandado matar alguns galileus misturando O sangue deles com o sangue dos sacrifícios que faziam; o outro era a tragédia da Torre de Siloé, que caiu sobre muitas pessoas, com 18 morrendo soterradas. Os galileus formavam um grupo rebelde contra o domínio romano e Pilatos sempre enfrentava represálias desse grupo na Galileia. Ao citarem, além dos galileus, aquele grupo de 18 pessoas soterradas na queda da torre de Siloé, os fariseus e saduceus queriam, de fato, amedrontar Jesus, visto que Ele, ao falar sobre pecado, arrependimento, perdão e juízo, Ele os irritava ainda mais. A citação desses dois incidentes nada tinha a ver com o discurso de Jesus naquele momento. Como à matança daqueles galileus por ordem de Pilatos afrontou a religiosidade judaica, os fariseus se aproveitam da situação e questionam Jesus, porque queriam saber o que Ele pensava acerca do juízo daquelas pessoas. Por meio de uma pergunta retórica, Jesus foi enfático e objetivo: “Cuidais vós que esses galileus foram mais pecadores do que todos os galileus, por terem padecido tais coisas?” (Lc 13.2). Ele insiste perguntando ainda: “E aqueles dezoito sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou, cuidais que foram mais culpados do que todos quantos homens habitam em Jerusalém?” (Lucas 13.4).

Nos versículos 3 e 5, Jesus deu-lhes a mesma resposta: “Antes, vos digo, se não arrependerdes, todos de igual modo perecereis”. O Senhor percebeu que a teologia daqueles judeus era a de que a punição divina tem caráter interpretavam o destino daqueles galileus com punição de Deus por sua culpa. Jesus, então, nivelou os dois incidentes, declarando aos fariseus que todos de igual modo são pecadores e precisam arrepender-se dos seus pecados. O arrependimento é doutrina universal da Igreja. Jesus confirma: “Antes se não vos arrependerdes, todos de igual modo perecereis”.

Um dos principais fundamentos do Cristianismo é que “todos pecaram” (Romanos 3.23). Por isso, não há diferença ou graus de pecado nem grau de retribuição por mais ou menos que tenhamos feito contra Deus. Todos os seres humanos estão nivelados à condição de pecadores. Em Gálatas, Paulo disse que à Escritura encerrou a todos debaixo do pecado (Gálatas 3.22). Ele mesmo disse em Romanos 11.32 que “Deus encerrou a todos debaixo da desobediência”. O Espirito, que convence o pecador acerca do pecado, é também aquele que opera a justiça mediante a confissão e o arrependimento dos pecados.

Craig A. Evans diz em seu comentário de Lucas: “O martírio dos galileus seria prova de que eram mais pecadores do que todos os galileus? O fato de terem morrido não comprova essa teoria”. A tragédia que provocou a morte acidental das 18 pessoas sobre as quais a torre de Siloé desmoronou, não significa que fossem mais ou menos culpados do que todos os demais habitantes de Jerusalém, porque, do ponto de vista da Bíblia, “todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus” (Romanos 3.23).

Em outra feita, em Mateus 9.13, Jesus estava comendo na casa de Mateus, chamado Levi, que havia sido um cobrador de impostos (publicano) do governo romano, quando alguns fariseus presentes aproveitaram a ocasião para reclamar aos discípulos de Jesus porque Ele comia com publicanos, uma vez que um judeu sério não comeria com estes, considerados pecadores. Jesus deu-lhes a resposta: “Os sãos não necessitam de médico, mas sim os doentes” (Mateus 9.12). E continuou: “Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores ao arrependimento” (Mateus 9.13). No grego bíblico, a palavra arrependimento aparece como Metanoia ou metanoeô, que significa “arrepender-se; ter uma mudança de ideia” (Hebreus 12.17). Naturalmente, “arrepender-se” não significa apenas ter um sentimento de tristeza ou remorso pelo pecado, mas uma mudança profunda de mente e direção. O que Jesus queria que aquele povo entendesse era que aqueles homens que buscavam justificativas para seus pecados entendessem uma vez por todas que todos de igual modo somos pecadores e que o arrependimento encontra a graça salvadora sem discriminar ninguém.

por Elienai Cabral

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