A música já existia na mente e no coração de Deus de maneira plena e consistente, e tenho certeza de que tudo o que conhecemos não se aproxima do que Deus planejou. Ainda estamos no “cantochão” da música divina.
A Bíblia registra no livro de Jó um expressivo diálogo poético entre Deus e Jó, no qual o Senhor afirma que, antes da fundação do mundo, já havia música no Céu, pois “os anjos alegremente cantavam” para glorificar ao Criador. Portanto, podemos afirmar que a música tem origem divina, sendo primeiramente executada no Céu. Deus, o Todo-Poderoso, criou a música e o primeiro concerto foi realizado num palco celestial!
Acreditando que a Bíblia é a própria Palavra de Deus e,
portanto, o único guia de fé e de vida prática com Deus, a nossa igreja, através
de lideranças passadas e recentes, seguindo os ensinos bíblicos, estabeleceu
ministérios específicos que nos disciplinam e trazem crescimento como Igreja do
Senhor, denunciando assim o nosso bom testemunho cristão.
Baseados em Mateus 4.23, 10.7 e Marcos 6.12, podemos falar
de ministério da Palavra ou do ministério da evangelização. Fundamentados em
Mateus 28.19,20, podemos falar do ministério do ensino. Sem dúvida temos outros
ministérios que desenvolvemos com maior ou menor relevância, dependendo do
exercício e da prática das necessidades de cada um. Porém, uma importância abrangente
e urgente se faz necessária dar ao ministério da música.
Dos 66 livros da Bíblia, 44 apresentam referências à música.
São referências altamente pertinentes e admoestantes, trazendo plena e claramente
a intenção de Deus para que esse ministério não seja menos importante que os
outros e, mais ainda, para que não seja desprezado.
Há 575 referências bíblicas relativas à música instrumental ou
cantada. Salomão escreveu 1.005 cânticos. Moisés, Davi e Asafe, muitos outros.
E a Bíblia sempre mostra a música como uma poderosa ferramenta para o povo de Deus
em diferentes circunstâncias. Se não, vejamos.
I – Antigo Testamento
1) Êxodo 15.1-19 – Cântico de Vitória sobre os exércitos de Faraó
na travessia do Mar Vermelho.
2) Êxodo 15.20,21 – Miriã e outras mulheres louvaram a Deus
pela vitória alcançada.
3) Deuteronômio 31.19,21,22 e 39 – Deus ordena a Moisés que
escreva um cântico (Deuteronômio 32) para a memória do povo, para alertar dos
perigos e mostrar a perfeição, o poder e a onipresença de Deus. Nos versículos
40 a 50, Moisés morre provendo da parte de Deus um cântico de segurança ao seu
povo.
É interessante notar Deus se utilizando do canto na história
primitiva do judaísmo, com o objetivo de orientar e exortar, enfim, se comunicar
com seu povo naquilo que era de suma importância. Deus, o Criador da música, a
utilizou para memorização de seu ensino. A música tem poder para fixar na mente
humana uma mensagem.
Há mensagens (pregações) maravilhosas que, infelizmente, são
esquecidas com o tempo, todavia as que têm a música como pavimento dificilmente
saem de nossa mente. Lembremo-nos dos hinos de nossa Harpa Cristã (Ex.: n” 15,
n” 291 etc.).
4) 1 Crônicas 15.16 – Davi, para levar a Arca do Concerto para
o Tabernáculo, se utilizou da música instrumental e vocal. Todo o seu aparato e
mobilização demonstram a grande importância que esse homem segundo o coração de
Deus e o povo israelita davam à música de adoração. (vide 1 Crônicas 125.28 sobre
solenidade).
5) 1 Crônicas 16.7 – Davi preparou um salmo para louvarem ao
Senhor.
6) 2 Crônicas 5.5-9 – Que acontecimento estupendo na vida de
Israel, quando por ocasião da dedicação do Templo construído por Salomão! Seu pai,
Davi, tudo preparara antes de morrer em paz. O relato de 2 Crônicas 5.12-14 traz
o resultado de um trabalho musical exuberante, disciplinado e repleto da Glória
de Deus. Eles cantavam Salmos 136.1: “O Senhor é bom e a sua benignidade dura para
sempre”.
7) Ainda há outras evidências da música na vida dos israelitas,
como em Lucas 15.25-32 (festividade social, volta do filho pródigo), 1 Reis
1.39 (acontecimento público, a unção de Salomão), Êxodo 15.1-21 e 1 Samuel 18.6
(celebrações de vitórias), Isaías 54.1 (cantar com alegria libera poder divino
para romper a esterilidade) e 1 Samuel 2.1-10 (cantar com alegria, não para “liberar
poder”, mas porque o poder fora liberado).
II – A música nos Salmos
É impressionante verificarmos que o maior livro da Bíblia, e
que se encontra no centro de sua compilação, se trata de um hinário cujo tema é
comunhão com Deus em oração e louvor. Seus autores são: Davi (73 salmos), “o suave”
em salmos de Israel (2Sm 23.1); Asafe (12 salmos, dentre eles 50, 73 e 83),
diretor de música e maestro; os filhos de Corá (11 salmos, dentre eles 42, 49,
84, 85, 87 e 88), uma família de louvadores; Salomão (Salmos 72 e 127), aquele que
pediu com sabedoria; Moisés (Salmos 90), biótipo de Jesus; e Etã (Salmos 89),
Jedutun, o maestro preparador. Os outros pouco mais de 50 salmos são de autores
desconhecidos, os chamados “Salmos órfãos”.
O título “Salmos” se origina quando ocorre a tradução do Antigo
Testamento hebreu para o grego em 200 a.C. (Septuaginta). Nessa versão, seu título
é “Psalmós”, que significa “cânticos entoados com acompanhamento de instrumentos
de cordas”. É bom ressaltar que, no hebraico, Salmos é “Tehillim”, que significa
“louvores”.
Os cânticos nos Salmos são de aleluias e louvores (Salmos 8,
34, 103, 115, 145 e 150), de ação de graças (Salmos 18, 34, 100, 126 e 138), da
história do povo hebreu (Salmos 78, 105, 108, 126 e 137), litúrgicos (Salmos 15,
24, 45 e 68) e de romagens (Salmos 43, 46, 48, 76, 84, 120-134).
III – Novo Testamento
Ele, o Esperado, o Desejado, o Messias que veio ao mundo, Jesus,
se tornou o divisor de águas. Antes dEle, o Antigo Testamento, a Lei, os ritos.
Após Ele, a graça, a remissão, a cura, o fi m das dores, o Novo Testamento.
No Antigo Testamento, vemos surgir a música na sétima geração,
com Jubal (Gênesis 4.21). No Novo Testamento, já em sua inauguração, com o
nascimento de Jesus, vemos a música celestial através dos anjos cantando (Lucas
2.13,14).
Ao ser apresentado o recém nascido a Simeão, este profere um
cântico de louvor a Deus. O Cântico de Simeão (“Nunc Dimittis”) está em Lucas
2.29-32. Nos Evangelhos, vemos o neném Jesus sendo embalado pela música. Já antes
de nascer, no ventre de Maria, ele é acalentado pelo “Cântico de Maria” (Lucas 1.46-55
– “Magnificat”). João Batista nasce um pouco antes e Zacarias, seu pai, exulta
com seu “Cântico de Zacarias” (Lucas 1.68-79 – “Benedictus”).
Na noite anterior à sua morte, concluindo a Última Ceia com seus
discípulos, Jesus cantou (Marcos 14.26) o hino tradicional judeu, o “Hallel”,
composto em partes dos salmos 115 e 118, que eram cantados em finais de refeições
de Páscoa. Paulo e Silas, açoitados e presos, cantarem e oraram. Suas vidas
eram consagradas, convertidas, gozavam de plena comunhão com o Senhor. Houve,
com isso, livramento, salvação, e o Evangelho foi pregado em várias nações, chegando
até nós. Que canto poderoso!
O apóstolo João, na Ilha de Patmos (Apocalipse 14.2,3),
ouviu e descreveu uma música jamais ouvida por qualquer ser humano em qualquer
época: “Era como a voz de um grande trovão, como a voz de muitas águas, como a voz
de harpistas”. Era extremamente magnificente!
IV – Música e liturgia
A Bíblia não cronometra as partes de uma liturgia, nem apresenta
graus de importância a uma seção ou a outra (oração, oferta, música, pregação).
Em 1 Coríntios 14.26, Paulo nos ensina a plenitude da liturgia pentecostal: “Quando
vos ajuntais, cada um de vos tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem interpretação.
Faça-se tudo para a edificação”. Não devemos pesar uma parte em detrimento da outra.
Todas são importantes. Porém, o louvor no início dos cultos traz os seguintes benefícios:
desperta a adoração a Deus, prepara os corações, edifica quem canta ou toca, edifica
quem ouve e convida Deus a se entronizar ali. “Entrai pelas portas com louvor e
em seus átrios com hinos”, Salmos 100.4.
O perfil de um músico adorador inclui ser convertido (Amós
5.21-23); saber música, tocar e cantar bem (1 Samuel 16.17,18); louvar com alegria
(Salmos 33.3; 47.1; Tiago 5.3), com o coração (Efésios 5.19) e com graça (Colossenses
3.16). O músico cristão deve ainda ter senso crítico à luz da Bíblia e atentar
para quem louva (É convertido?), como louva (Com técnica e espiritualidade?) e
para quem louva (É objetivando Deus?).
por Nilton Didini Coelho
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