50 anos de missões e discipulado

50 anos de missões e discipulado


Nosso entrevistado nesta edição do jornal Mensageiro da Paz é o pastor José Satírio dos Santos, missionário brasileiro na Colômbia há 50 anos e presidente do Centro Cristão Evangelístico, sediado em Cúcuta, capital do país. Com centenas de igrejas estabelecidas pelo mundo e milhares de convertidos ao Senhor Jesus batizados nas águas por meio do seu ministério, pastor José Satírio tem também escritas pelas CPAD as obras Missão Cúcuta; Fé, Visão e Destino Profético; e Força em Movimento. Presente no Brasil no mês de abril, onde participou como um dos preletores da 47ª Assembleia Geral Ordinária (AGO) da Convenção Geral dos Ministros das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus do Brasil (CGADB) em São Paulo (SP), ele fala conosco sobre a participação no evento; sobre as realizações, desafios e dificuldades desses 50 anos trabalhando na Colômbia; sobre o papel e a participação da família dele na obra; sobre o conteúdo dos livros dele publicados pela CPAD; sobre o trabalho de tempo integral na obra; e sobre alguns princípios que norteiam o discipulado.

O que significa para o senhor voltar ao Brasil e participar de uma Assembleia Geral Ordinária da CGADB como um dos preletores?

Primeiro, uma honra. Também muita gratidão a Deus pela oportunidade que Ele permite que a gente possa desfrutar. Estamos no campo, servindo distante da cultura, do ambiente nosso, de brasileiros, e quando chegamos aqui e vemos as pessoas, os pastores, os amigos, é uma maravilha. E, sobretudo, ver a igreja cuidando do seu presente e trabalhando para ver o futuro com o maior compromisso.

Trabalhando na Colômbia há 50 anos como missionário, o que o senhor considera como uma das maiores realizações desse período lá?

A primeira realização é que a Colômbia, no ano de 1975, quando comecei a obra ali, era considerado um país bem hostil ao evangelho, a qualquer outra religião que aparecesse. Então, quando entramos naquele campo, enfrentando todas aquelas barreiras, logo vimos como a mão do Senhor, a graça do Senhor, se manifestou através de poder, curando enfermos, levantando pessoas com problemas gravíssimos, outros com vício em drogas ou com ambiente de família bastante disfuncional. E ver a mão do Senhor trabalhar nesse grupo de pessoas me deu muito ânimo, muita segurança, dando conhecimento de que a Palavra do Senhor, no Evangelho de Marcos, diz que eles saíram pregando e o Senhor ia com eles, confirmando com sinais e maravilhas. Isso é um conforto e uma garantia no trabalho missionário que estamos fazendo.

Quais os grandes desafios e as maiores dificuldades enfrentadas nesses 50 anos?

Os desafios também são muitos. Foram e são. Porém, todos eles representam capítulos onde a gente aprende a ser mais forte e a confiar mais, fazer uso mais profundo da fé e ver como é que se faz uma transformação. Dou um dado importante: do ano de 1975 até hoje, nós já batizamos 119 mil pessoas. Estabelecemos mais de 400 igrejas na Colômbia e outras 350 fora da Colômbia. Então, a cidade de Cúcuta, na Colômbia, se tornou uma plataforma missionária. Eu estou dizendo como missionário o seguinte: eu cruzei a linha do choro. Quando o Salmo diz, “aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará com alegria trazendo consigo seus molhos”, eu estou no grupo dos que estão com as mãos cheias e dizendo: “Valeu a pena assumir o compromisso missionário”.

Qual é e qual tem sido o papel da família do senhor nesse trabalho realizado na Colômbia?

Compreensão, por um lado, e logo a aceitação naquilo que sabiam que Deus nos tinha entregado. Primeiro, entrega do papai e da mamãe, e logo depois os filhos também perceberam o mesmo chamado e receberam a mesma entrega das bênçãos e das promessas também para eles. E todos abraçaram com amor, com simplicidade no seu coração. Tenho toda a minha casa servindo ao Senhor. Tem alguma atividade específica que eles realizam na igreja? Todos são obreiros e pastores. Os netos já vêm caminhando também na direção. Alguns já estão servindo ao Senhor em ministérios. E agora vem os bisnetos, que também estão chegando.

Pela CPAD, o senhor tem obras escritas. O que os leitores podem encontrar nessas literaturas escritas pelo senhor e publicadas pela CPAD?

Bom, podem encontrar testemunho com evidência daquilo que Deus tem feito no campo. Também alguns ensinos práticos. Eu creio que tudo que podemos ver em teoria tem que mostrar em prática. E nos nossos livros estão a prática, a evidência do ministério no dia a dia. Assim, se você está interessado em conhecer mais das missões do pastor Satírio, busque as minhas obras, e eu sei que Deus vai falar com você.

Como saber se é tempo de deixar o trabalho secular para trabalhar na obra do Senhor em tempo integral? No seu caso, o senhor deixou a profissão de padeiro e foi para o tempo integral na obra. Como isso aconteceu?

Bom, a convicção da chamada. E logo combinar as duas coisas. Não deixei de ser um homem de trabalho, não só na padaria, mas também depois, em outras ocupações e também na escola, no estudo. Tudo era parte da formação. Então, eu aconselho a qualquer pessoa que sinta que Deus o está necessitando – acabo de ver [no culto de encerramento da 47ª AGO da CGADB] um número expressivo de jovens no altar entregando a sua vida ao serviço do Senhor – a que não tenha pressa em deixar de fazer o que está fazendo, mas espere o tempo, o momento correto para que isso aconteça. Agora, no meu caso, eu entendi que uma vez que eu me consagrei ao Senhor, como eu disse, entreguei a Ele toda a minha capacidade, toda a minha disponibilidade, entreguei a Deus todas as minhas motivações, entreguei a Deus toda a minha pureza, entreguei a Deus toda a minha generosidade. Nada em mim é secular. Mesmo sendo padeiro, a padaria e o pão que eu vendo, o dinheiro que eu recebo, já não têm nada a ver com o secular, está santificado. Então, eu posso funcionar no trabalho, na empresa, nos negócios, como pessoa que ama e serve ao Senhor, e o que eu faço é dirigido ao serviço do Reino de Deus.

Como o senhor analisa a questão do tempo de parar? Porque nós temos pessoas que estão começando, mas tem pastores que estão trabalhando há anos. Deus fala claramente “Acabou o teu tempo, encerrou a tua missão”?

Eu creio que sim. Creio que Deus pode mostrar à mente da pessoa, ao Seu evangelista, ao Seu pastor, ao Seu mestre, enfim, Deus pode dizer-lhe: “Até aqui”. O importante é que tenha a sensibilidade de entender que é Deus e não as emoções por cansaço. No meu caso, como eu disse, tenho 79 e, quando eu olho para mim, primeiro, eu sinto que não estou terminando. Não me sinto que estou terminando. Uma pergunta constante que me fazem: “Você não se cansa?”. Quando me canso, eu descanso. E uma vez descansado, estou pronto para começar de novo. Mas, estou atento à voz do Senhor. Se houver uma determinação para a gente parar, a gente para. Enquanto não houver, essa determinação do Céu, continuaremos.

O senhor tem falado de alguns princípios que norteiam o discipulado. Em um deles, o senhor fala sobre o cuidado com o novo convertido nos três primeiros dias, nas três primrias semanas, nos três primeiros meses e nos três primeiros anos. Por que o senhor considera que esse princípio dá resultado?

Primeiro, porque é bíblico. Quando buscamos o que aconteceu no ministério de Jesus e no ministério dos apóstolos, como a gente vê, sobretudo, no Livro de Atos dos Apóstolos, concluímos isso. Quando uma pessoa se converte, ela precisa nesses três dias de receber contato daquelas pessoas que o levaram a Cristo, que o fizeram conhecer o Senhor. Uma vez que isso acontece, devemos, nas próximas três semanas, atendê-lo. Uma vez que é atendido, pense nos três meses, que é o tempo para levá-lo a um discipulado profundo, a fim de que haja uma decisão para o batismo. Então, o resultado também será o resultado do responsável. As pessoas que se batizam não se batizam com dúvida, se batizam conscientes do que é, do que eles estão decidindo com o Senhor. Os próximos três anos é a formação da liderança, onde a pessoa pode servir a Deus com caráter e com aceitação. É preciso que conheça a visão, entenda a visão, que aceite a visão e que ame a visão. Isso não pode acontecer com menos de três anos.

Compartilhe este artigo. Obrigado.

Comentário

Seu comentário é muito importante

Postagem Anterior Próxima Postagem