A mensagem do Evangelho traz certeza, convicção e confiança quanto às promessas de Deus referentes à salvação. Mas, de acordo com o Novo Testamento, existe apenas uma base para se ter essa segurança.
O fundamento da certeza da salvação encontra-se na qualidade
do refúgio eterno provido por Deus. Em Efésios 1.3-7, Paulo mostra de que modo podemos
ter convicção da salvação, a qual pode ser reduzida a três palavras: estar em
Cristo. O texto é claro: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o
qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo,
como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos
e irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos predestinou para filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para
louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradável a si no Amado. Em
quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as
riquezas da sua graça”.
É interessante como o apóstolo Paulo repete, por várias vezes,
a expressão em Cristo ou a equivalente no Amado. Essas duas palavras, de fato,
revelam o fundamento para a segurança da salvação do crente. Dessa passagem, é
possível inferir que a salvação do cristão permanece na medida em que ele se encontra
em Cristo.
Na verdade, o próprio Jesus declarou: “Estai em mim, e eu, em
vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira,
assim também vós, se não estiverdes em mim. Se alguém não estiver em mim, será
lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem”, João15.4-6.
Desse modo, podemos afirmar que a segurança da salvação do crente
tem triplo aspecto: passado, presente e futuro. No passado, de acordo com o
texto de Paulo em Romanos 6.3-6, fomos co-crucificados em Cristo, co-sepultados
em Cristo, co-ressuscitados em Cristo e, finalmente, libertos do nosso pecado em
Cristo. Essas evidências dão a certeza necessária da nossa salvação.
Em Cristo, nossos crimes cometidos contra Deus já foram pagos.
Tudo isso agora é passado. Por essa razão, Paulo afirma que morreu para o
pecado e que, em Cristo, está livre.
Essa liberdade em Cristo, porém, não deve ser entendida como
liberdade para vivermos o presente na prática do pecado. O próprio texto de Romanos
6.1-2 ressalta essa verdade. Através de uma pergunta retórica, diz o apóstolo dos
gentios: “Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça seja mais
abundante?” E ele mesmo responde: “De modo nenhum! Nós que estamos mortos para
o pecado, como viveremos ainda nele?” Assim, a santificação, no presente,
aponta para a segurança da salvação em Cristo. O crente não pode viver pecando.
Apóstolo João, escrevendo em sua primeira epístola, afirma: “Qualquer que permanece
nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu”, 1 Joã3.6. No
processo da santificação, o crente que está em Cristo também anda no Espírito.
Andar em Espírito significa revestir-se do novo homem, aborrecer as obras da
carne, cultivar o fruto de Espírito, descrito em Gálatas 5.22. Aquele que
nasceu de cima (Joã3) não pode mais compactuar com constantes práticas
pecaminosas.
Não estamos imunes ao pecado. Eles poderão ocorrer, porque ainda
vivemos neste tabernáculo terreno, não fomos libertos ainda da sua presença. Por
essa razão é que o apóstolo João diz aos crentes que dispomos de um Advogado: “Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e
nos purificar de toda injustiça... Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para
que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo,
o Justo”, 1 João1.9 e 2.1.
Entretanto, João também afirma que se dizer cristão e viver em
pecado, sem arrependimento e confissão, não condiz com o padrão bíblico da
salvação: “E nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos.
Aquele que diz: Eu conheço-o e não guarda os seus mandamentos é mentiroso, e nele
não está a verdade. Mas qualquer que guarda a sua palavra, o amor de Deus está
nele verdadeiramente aperfeiçoado; nisto conhecemos que estamos nele”, 1 João
2.3-5.
No tocante ao aspecto futuro da salvação, temos de Deus a segurança
de que, desfeito este corpo de pecado, viveremos por toda a eternidade em completa
santidade e em um corpo glorioso, onde jamais conheceremos o pecado, visto que o
mesmo será banido para sempre. Apóstolo Paulo assevera esta verdade, quando
diz: “Quando Cristo, que é a nossa vida, se manifestar, então também vós vos
manifestareis com Ele em glória”, Colossenses 3.4.
Enquanto o cristão viver nessa fé, ele pode descansar na certeza
da salvação, “porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de
vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”, Efésios 2.8-9.
Mas a fé em Cristo deve gerar obediência. É a permanência na fé, cuja base é a salvação
providenciada por Deus.
Infelizmente, muitos estudiosos tendem a levar essa questão a
extremos. Alguns põem a segurança da salvação totalmente na soberania de Deus. Outros,
por outro lado, põem maior ênfase nos atos meritórios do homem para a permanência.
Na Bíblia, embora a salvação tenha seu início em Deus, exige, também, responsabilidade
humana.
No tocante à certeza da salvação, a mensagem da Bíblia em 1 João
5.13 é: “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna e
para que creias no nome do Filho de Deus”.
Certa feita, um ensinador cristão perguntou a um jovem recém-convertido
se ele tinha a certeza da vida eterna. Ele, advindo de uma prática religiosa, na
qual a certeza da salvação não era ensinada, respondeu assertivamente que não,
acrescentando que ninguém deveria afirmar que estava salvo. Então, o experiente
ensinador pediu que o jovem abrisse sua Bíblia no conhecidíssimo texto de João 3.16.
O jovem de pronto obedeceu. O ensinador pediu que ele lesse a passagem e, em
seguida, perguntou: “Você creu em Jesus como seu único e suficiente salvador?” O
jovem respondeu positivamente, ao que o ensinador inquiriu: “Então você tem a
vida eterna?” A resposta do jovem foi inevitável: “Sim”.
Devemos, portanto, ter plena convicção e segurança da nossa salvação
em Cristo Jesus. Essa certeza deve inundar o nosso coração de gozo e gratidão a
Deus pelo seu amor e cuidado para conosco.
Por outro lado, tal certeza deve nos levar a refletir sobre a
responsabilidade humana. Essa reflexão deve conduzir o cristão à vigilância
perante os perigos de viver uma vida de pecado, e principalmente diante da apostasia,
pecado imperdoável, cuja atuação distancia o homem totalmente dos caminhos de
Deus, levando-o à perdição eterna. “Pelo que, deixando os rudimentos da
doutrina de Cristo, prossigamos até a perfeição, não lançando de novo o fundamento
do arrependimento de obras mortas e de fé em Deus, e da doutrina dos batismos,
e da imposição das mãos, e da ressurreição dos mortos, e do juízo eterno. E
isso faremos, se Deus o permitir. Porque é impossível que os que já uma vez
foram iluminados, e provaram do dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito
Santo, e provaram a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e
recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a
eles, de novo crucificam o Filho de Deus e o expõem ao vitupério”, Hebreus
6.1-6.
por Martim Alves da Silva
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