Como deve se dar a relação entre a fé e a ciência?

Como deve se dar a relação entre a fé e a ciência?


Não pode haver contradição entre a fé e a ciência, pois ambas têm a sua origem em Deus

A relação entre fé e razão/religião e ciência tem sido uma temática recorrente e complexa no transcurso da história da filosofia e da teologia. Comumente vistas como opostas, a fé e a ciência possuem diferenças fundamentais em suas abordagens e objetivos, mas também partilham interesses comuns – por exemplo, a busca de respostas sobre a criação do mundo e sobre a existência e o destino do ser humano.

A tensão vem da ideia que essas duas realidades existem em pé de igualdade – a que pertence a este mundo (ciência) e a que está fora dele (fé) – e uma querendo sobrepor a outra. Esse artigo pretende discutir a intersecção entre a fé e a ciência a partir de perspectivas de pensadores renomados, buscando identifi­car como essas duas áreas, na verdade, podem coexistir e se complementar, além de analisar como essa relação é refletida nos textos bíblicos.

Contexto histórico e o diálogo entre fé e ciência

Historicamente, a relação entre fé e ciência tem sido marcada por momentos de tensão e também de colaboração. Durante a Idade Média (séculos 5 ao 15) a ciência estava intimamente ligada à teologia, e muitos estudiosos eram também clérigos. Um deles, Tomás de Aquino (1225-1274), via a razão como um complemento à fé. Ele ensinava que “o conhecimento da existência de Deus é naturalmente inserido em todos. Logo, a existência de Deus é conhecida por si mesma". (1) Para Aquino, a razão humana tem capacidade de conduzir ao conhecimento de Deus, contudo somente pela revelação divina é que o homem atinge o pleno entendimento da verdade. Assim, para o teólogo, a fé e a razão não são contraditórias, mas convergem em direção à verdade.

Com a chegada do Iluminismo (séculos 17 e 18) e o surgimento do pensamento científi­co moderno, a ciência passou a ser vista como autônoma e, muitas vezes, contrária à fé religiosa. Essa tensão se intensifi­cou durante o período de cientistas como Galileu Galilei (1564-1642), que, ao defender o heliocentrismo (o sol no centro do universo e a terra orbitando ao seu redor), entrou em conflito com a Igreja, que via suas descobertas como uma afronta às Escrituras. Entretanto, o próprio Galileu, em 1613, escreveu ao padre Benedetto Castelli que “a Sagrada Escritura não pode nunca mentir ou errar, mas são os seus decretos de absoluta e inviolável verdade”. (2)

Embora, a­rmasse que a Escritura não podia errar, Galileu alertava que o mesmo não acontecia com seus intérpretes, que de vários modos ensinavam heresias, cometiam blasfêmias e graves erros de interpretação. Em sua Carta a Senhora Cristina de Lorena, Grã-duquesa Mãe de Toscana (1615), o físico e astrônomo fez referência à frase do cardeal Barônio de que “a intenção do Espírito Santo é ensinar-nos como se vai para o céu e não como vai o céu”. (3) Nessa compreensão, dizia que a ciência não nega a fé, mas busca entender a criação de Deus por meio do estudo do universo. Para ele, a ciência e a fé não se anulam, antes caminham juntas, com objetivos comuns e respostas próprias.

Na mesma direção, Isaac Newton (1643–1727), considerado o fundador da Física Moderna, argumentava que o mundo natural era uma expressão da mente de Deus, e que as leis da natureza eram evidências da perfeição divina. Entre suas principais descobertas, Newton descreveu a gravitação universal, além de formular as três leis do movimento, fundamentais na mecânica clássica (Lei da Inércia, Princípio da Dinâmica, e Lei da Ação e Reação). Suas pesquisas consideraram a existência do Deus Criador, mas sem fazer da ciência serva da religião. Newton a­rmou que “a principal tarefa da fi­losofi­a natural é argumentar a partir dos fenômenos, sem construir hipóteses, e deduzir as causas dos efeitos até chegarmos à primeiríssima causa, que decerto não é a Mecânica”. (4)

Com o desenvolvimento das ciências naturais no século 19, especialmente após a teoria evolucionista de Charles Robert Darwin (1809-1882), as tensões entre fé e ciência tornaram-se evidentes. Darwin foi um naturalista inglês que publicou, em 1859, a obra A Origem das Espécies, propondo que todos os seres vivos são fruto de um processo natural e não de um ato criador. (5) A teoria de Darwin supõe que não há nenhum agente inteligente guiando o processo evolutivo. Ao contrário de Tomás de Aquino, Darwin argumentava que a “nobre fé em Deus não é universal entre os homens e a crença em agentes espirituais deriva naturalmente de outras capacidades mentais”. (6) Essas ideias foram interpretadas como ateístas e em contradição à narrativa bíblica da criação.

Contudo, teólogos, como o francês Teilhard de Chardin (1881-1955), procuraram harmonizar a evolução com a fé cristã, vendo no processo evolutivo a manifestação da ação divina. Chardin supõe por toda a parte a presença de um Deus pessoal e criador, que provoca e dirige a evolução do mundo. Seu argumento é que Deus não é apenas o começo da criação, mas também o fi­m do processo evolutivo. (7) Para o fi­lósofo analítico americano Alvin Plantinga (1932), Deus criou, conserva e governa o mundo de forma que nada acontece por mero acaso: “Deus regularmente causa acontecimentos no mundo. Esse tipo de ação divina vai além da criação e da conservação; podemos concebê-las como uma ação divina particular”. (8)

O pensamento contemporâneo sobre fé e ciência

No contexto contemporâneo, a relação entre fé e ciência é abordada a partir de diferentes perspectivas, que vão desde uma visão de conflito irreconciliável até uma compreensão de diálogo construtivo. O físico inglês John Polkinghorne (1930-2021) é um dos pensadores que defende um diálogo frutífero entre fé e ciência. Para ele, a ciência investiga o como, enquanto a fé busca o porquê. Assim sendo, ambas são necessárias para uma compreensão plena da realidade: “A ciência pergunta sobre os mecanismos, mas a religião nos dá os signifi­cados”. (9) Essa percepção remonta ao físico dinamarquês Niels Bohr (1885-1962), que aludiu à complementariedade entre ciência e religião. Para Bohr, onde a ciência encontra seu limite, ela pode ser completada pela religião. (10)

O químico e teólogo inglês Alister McGrath (1953-), outro importante teólogo contemporâneo, também promove um diálogo conciliador. Ele argumenta que a fé fornece o contexto último para a compreensão cientí­fica, ao mesmo tempo que reconhece o valor e a autonomia do conhecimento cientí­fico. Destaca que a fé cristã não é antagônica ao conhecimento científi­co, mas pode oferecer um contexto mais profundo para entender a realidade. Para McGrath, a religião e a ciência não precisam estar em conflito; pelo contrário, a fé pode fornecer a base para a racionalidade e a ordem observadas na natureza, algo que inspirou muitos cientistas na história. (11) Ele a­rma que o teísmo trinitário tem mais elevado grau de encaixe empírico com a realidade observada do que as ideias naturalistas.

O norte-americano Francis Collins (1950-), geneticista e diretor do Projeto Genoma Humano é defensor do evolucionismo teísta. Essa visão aceita a teoria da evolução como explicação para a diversidade das formas de vida e, ao mesmo tempo, vê Deus como o responsável pela criação inicial do universo e pela ordenação das leis da natureza. Collins a­rma que Deus criou o universo e distribuiu leis naturais que regem todos os fenômenos, incluindo a evolução biológica: “Não precisamos de Deus preenchendo lacunas no conhecimento científi­co. Precisamos de Deus como a origem de tudo, incluindo as leis que a ciência descobre”.12)

Com essa perspectiva, Collins encontra compatibilidade entre a ciência moderna e a fé. Para ele, os dados genéticos e as evidências fósseis que sustentam a evolução não contradizem a existência divina. Assim, Francis Collins promove um entendimento de que a ciência não elimina Deus, mas revela a grandeza da criação divina. Essa concepção do evolucionismo teísta costuma ser aceito entre alguns grupos de cientistas e teólogos que buscam um diálogo positivo entre fé e ciência. No entanto, também enfrenta severas críticas tanto de criacionistas que rejeitam a evolução quanto de ateus que argumentam que a ideia de um Deus atuante é desnecessária para explicar o processo evolutivo.

Por outro lado, o cientista Richard Dawkins (1941) representa uma perspectiva cética em relação à fé. O ateu Dawkins defende a ideia de que todas as formas de vida podem ser explicadas pela seleção natural e pela evolução. (13) Para ele, a ciência é a melhor maneira de se entender o mundo natural, enquanto a fé seria um fanatismo utópico que impede o progresso do conhecimento racional: “A ciência é apenas uma forma de racionalismo, enquanto a religião é a forma mais comum de superstição”. (14) Dawkins endossa que a religião, em maior ou menor grau, é reacionarismo cego, ignorância e servilismo nos leigos; e nuns e noutros, preconceito, intolerância e perseguição. Segundo Dawkins, a fé é a grande evasão, uma teimosa e insistente recusa em avaliar as evidências.

Em 1991, surgiu a teoria do Design Inteligente (DI), proposta por Phillip Johnson (1940-2019), professor de Direito da Universidade da Califórnia. Na obra Darwin no Banco dos Réus, Johnson a­rma que a teoria da evolução é sustentada mais pela ­filosofi­a naturalista do que pelas evidências científicas. Ele enfatiza que “o compromisso da ciência evolucionista com a visão ateísta e naturalista de mundo compromete e vicia seus resultados”. (15) No entanto, o DI moderno se distancia do argumento tradicional do criacionismo bíblico. Ele não se baseia na literalidade das Escrituras, mas em explicações de que a ciência aponta para evidências de um design intencional, cuja identidade do designer é deixada em aberto, não sendo necessariamente interpretado como sendo Deus.

A religião e a ciência na perspectiva bíblica

A Bíblia Sagrada oferece uma base sólida para a harmonia entre fé e ciência. Ao reconhecer Deus como Criador (Gênesis 1.1; Salmos 33.6; João 1.3; Colossenses 1.16) e Sustentador de todas as coisas (Colossenses 1.17; Hebreus 1.3), ao exortar a busca pelo conhecimento (Provérbios 2.3-6; 18.15; Colossenses 2.2-3; Tiago 1.5) e ao valorizar a razão (Eclesiastes 7.25; Filipenses. 1.9; 1 Pedro 3.15), as Escrituras permitem que os crentes vejam a investigação científi­ca não como uma ameaça, mas como uma oportunidade de aprofundar sua compreensão da obra divina. A fé fornece o propósito e o signifi­cado, enquanto a ciência explora o funcionamento da criação. Juntas, elas enriquecem a experiência e ampliam a avaliação pela complexidade e beleza do universo.

As Escrituras apresentam vários exemplos de como a ciência pode ser vista como parte do plano divino para a compreensão do mundo. Ao relatar a criação (Gênesis 1.1), a Bíblia responde a três questões: (i) quando ocorreu a criação; (ii) quem é o sujeito da criação; e (iii) qual é o objeto da criação. O verbo bara’ (criar) é usado no hebraico somente no tocante à atividade divina. Signifi­ca que o sujeito da criação é Deus, que os fenômenos físicos vieram a existir naquela ocasião e que até aquele momento nada absolutamente existia, nem mesmo um átomo de hidrogênio. (16) E essa verdade não exclui a possibilidade de investigação do ato criacional por meio do método cientí­fico.

Ainda no texto da criação, Deus ordena ao homem que domine e subjugue a terra (Gênesis 1.28), o que pode ser entendido não apenas como uma ordem, mas como uma dádiva que capacita o ser humano a cumprir seu papel por meio do estudo da natureza e do desenvolvimento do conhecimento cientí­fico. Outro exemplo signi­ficativo é encontrado no verso que a­rma: “os céus proclamam a glória de Deus, e o fi­rmamento anuncia as obras de Suas mãos” (Salmos 19.1). A frase está no presente progressivo e indica um testemunho silencioso e contínuo, eloquente e indiscutível. Sem linguagem e sem fala, ouve-se a voz da natureza a respeito da sua origem e da sabedoria de seu Criador (Salos 19.2,3). Essa declaração aponta para o universo como evidência da sobre-excelente grandeza do poder de Deus. Mostra que o estudo dos céus (astronomia, por exemplo) revela a onipotência divina. O apóstolo Paulo a­rma que “os atributos invisíveis de Deus, Seu poder eterno e Sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas” (Romanos 1.20). Ele sinaliza que todos sabem a respeito de Deus devido ao fato de a natureza proclamar Sua existência e poder. Assim, o conhecimento científi­co pode ser visto não como oposto à fé, mas como uma forma de adoração e compreensão da obra divina.

Paulo também correlaciona a fé com a razão ao destacar dois elementos-chave: “crer com o coração e confessar com a boca” (Romanos 10.10). Nesse contexto, embora a fé seja algo que transcende a razão, ela também envolve uma decisão racional e consciente. Na declaração paulina “com a boca se confessa para a salvação”, o ato é uma manifestação racional e pública daquilo que se crê internamente. Anselmo de Cantuária (1033-1109) cunhou a frase “fé buscando entendimento”,17 que signi­fica que a razão pode ser usada para esclarecer e explicar as verdades de fé. Por conseguinte, a fé não anula a razão, mas amplia o entendimento. A fé envolve o coração e a confi­ança em Deus, enquanto a razão permite compreender, expressar e defender essa fé.

Considerações finais

A relação entre fé e ciência é complexa e multifacetada, variando de uma perspectiva de antagonismo a um diálogo de complementaridade. Pesquisadores e cientistas mostram que é possível construir uma ponte. O físico Albert Einstein (1879-1955) declarou que “a ciência sem a religião é aleijada, e a religião sem a ciência é cega”. (18) A Bíblia indica que a ciência pode ser uma ferramenta para entender a criação divina.

Portanto, a relação entre fé e ciência não precisa ser de conflito. Agostinho de Hipona (254 - 430), na formulação do axioma “crer para compreender, compreender para crer”, revela que não pode haver contradição entre fé e ciência, pois ambas têm origem em Deus; o mesmo que dá ao homem tanto a luz da razão quanto a fé. (19) Jesus Cristo questiona: “Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (Mateus 16.3).

Referências

(1) ÁQUINO, Tomás. Suma Teológica. São Paulo: Paulus, 2001, p. 127.

(2) GALILEI, Galileu. Ciência e fé. Rio de Janeiro: Nova Stella Editorial,1988, p. 19.

(3) GALILEI, Galileu. Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. Tradução Carlos Arthur R. do Nascimento. 2.ed. São Paulo: Editora UNESP, 2009.

(4) TURNBULL, H. W.; SCOTT, J. F.; RUPERT HALL, A. & TILLING, LAURA (org). The Correspondence of Isaac Newton. v. 3. Cambridge: Cambridge University Press, 1977, p. 233-256.

(5) DARWIN, Charles. A Origem das Espécies: no meio da seleção natural ou a luta pela existência na natureza. vol. 1. Tradução de Mesquita Paul. Porto: Lello & Irmão – Editores, 2003, p. 63.

(6) DARWIN, Charles. A Origem do Homem e a Seleção Sexual. Tradução de Atillio Cancian e Eduardo Nunes Fonseca. São Paulo: Hemus, 1974, p. 222.

(7) CHARDIN, Teilhard de. O Fenômeno Humano. Tradução de León Bourdon e José Terra. Porto: Livraria Tavares Martins, 1970, p. 16.

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por Douglas Roberto de Almeida Baptista

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