A paz na alma do salvo em Cristo

A paz na alma do salvo em Cristo


“Os ímpios, diz o meu Deus, não têm paz” (Isaías 57.21). A afirmação do profeta neste texto demonstra, de forma emblemática, quão terrível é o estado do homem sem a presença de Deus. Tanto o substantivo hebraico shalom como o termo grego eirene, que significam paz, têm o sentido de segurança, felicidade, saúde, prosperidade, calmaria, bem-estar. É impossível compreender a paz, a ausência dela ou a restauração dela ao homem por intermédio de Cristo sem analisar o estado original do homem criado por Deus (Gênesis 1.26,27).

Todas as qualidades mencionadas acima com relação à paz estavam intrínsecas de maneira plena no primeiro casal criado por Deus, porém o surgimento do pecado, por desobediência de ambos, afetou, maculou, arruinou drasticamente a paz na raça humana, bem como em toda criação (Romanos 8.19-23). Mas, assim como a imagem do Altíssimo pós-queda não foi excluída totalmente, mas afetada (Gênesis 9.6), assim também a paz não foi abolida em sua plenitude. Caso não fosse assim, seria impossível a vivência do ser humano, seja de forma intrapessoal ou interpessoal. Mesmo com o pecado na esfera humana, sempre houve fagulhas da paz divina sobre as pessoas, tendo sua plenitude com a vinda e obra perfeita do sacrifício de Jesus Cristo.

O conceito de paz, fora daquela que é oferecida por meio da salvação em Cristo, pode ser divido em quatro tipos, com nenhuma delas suprindo o vazio da alma humana:

1) Paz mundana: O próprio Senhor Jesus Cristo afirmou que Ele deixaria uma paz diferente da que o mundo concede (João 14.27).

2) Paz social: A bandeira branca com o pombo em pleno voo é o mais significante símbolo da paz entre nações, povos, raças e culturas; porém, geralmente é efêmera e está em constante borbulho.

3) Paz individual: O ser humano busca vários mecanismos para preencher a sua alma de paz, seja por meio das mais variadas religiões, terapias, meditações e filosofias. Para muitos, o princípio dessas práticas são bálsamo; porém, o fim é fel e amargura.

4) No sentido escatológico: É falsa a paz global que será promovida pelo sistema mundano, cujo fim todos nós já sabemos (1 Tessalonicenses 5.3). A única e verdadeira paz é concedida por Deus por intermédio de Cristo Jesus, através da Sua eterna obra redentora. Ele é o príncipe da Paz (Isaías 9.6). NEle as inimizades cultural e religiosa foram abolidas e a unidade foi estabelecida pela Sua paz (Efésios 2.14,15). A reconciliação entre o pecador arrependido e o próprio Deus é restaurada, na base da justificação, manifestando a paz (Romanos 5.1). Toda doutrina bíblica da Teontologia, Cristologia e Soteriologia, na qual se fundamenta e se possibilita esta paz gloriosa para o salvo, é observada no testemunho pessoal de todos aqueles que a desfrutam.

Temos por certo que todos os cristãos salvos têm o testemunho da paz em sua vida, como afirma o cântico nº 178 da Harpa Cristã: “Paz, paz, gloriosa paz; Paz, paz, perfeita paz; Desde que Cristo Minha Alma Salvou, Tenho doce paz!”. Esta vivencia de paz na vida do salvo é, primeiramente, interior e objetiva e não exterior e subjetiva. Os fatores externos – guerras, violências, dificuldades sociais, familiares e financeiras – não têm o poder de neutralizar a paz na alma do salvo.

É justamente essa mudança repentina que o quarto juiz de Israel, Gideão, prova da parte do Senhor. Os fatores exteriores já não subjugam mais a vida desse homem após o encontro com a própria paz divina, mas, sim, uma plenitude de segurança é absorvida por ele. Vemos isso na celebre declaração de Gideão: “O Senhor é Paz” (Juízes 6.24).

A dimensão da paz na vida do salvo em Cristo Jesus é completa. O apóstolo Paulo afirma que ela “excede todo o entendimento”, bem como “guardará os vossos corações e os vossos sentimentos” (Filipenses 4.7). “Exceder” e “guardar”: nisto se pode perceber quão profunda e completa é a obra da paz de Cristo na alma dos filhos de Deus. Ela é incompreensível para as múltiplas ciências, porque excede a todas, bem como serve como segurança aos ataques externos, pois sua obra é guardar o coração e os sentimentos dos salvos, até porque sua esfera e ação estão relacionadas a Cristo Jesus. Compreendendo então esta completude da paz, pode-se perceber que  sua dimensão é tríplice.

1) Paz com Deus: A inimizade do pecado entre o pecador arrependido  e Deus é desfeita e a comunhão restaurada (Romanos 5.1).

2) Paz com o próximo:  Contendas, emulações, discórdias, invejas e toda obra carnal na convivência entre pessoas são subjugados nesta dimensão pela operação da paz na vida do salvo (Hebreus 12.14).

3) Paz consigo mesmo: Uma das mais terríveis guerras humanas é a batalha existencial, e diariamente pessoas são derrotadas por ela. O fruto do Espírito – em sua particularidade, a paz produzida na alma do salvo – elimina essa guerra com todos os seus nomes e obras. Temores e medos são aniquilados, doenças emocionais e espirituais são vencidas, quando essa paz irradia a alma do novo homem em Cristo Jesus (Filipenses 4.7; Gálatas 5.22).

A paz na alma do salvo em Cristo é um estado de calmaria, livre de agitação e conflito, tanto para com Deus como para o próximo e consigo mesmo.  Viva esta gloriosa paz!

por Gesiel Pereira

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