Fortes os motivos que levaram o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu a abrir mão das férias de que desfrutaria, em companhia de sua esposa Sara, no Moshav Ramot, ao norte de Israel. O lugar, de clima agradável, de fontes de águas, de romãzeiras, de pássaros e de flores abundantes acrescenta aos seus atributos, dependendo da localização dos aposentos escolhidos, uma esplendorosa vista. O dever exigiu que o descanso fosse suspenso e uma reunião de urgência fosse convocada no dia treze de agosto, domingo. Na reunião, presentes, dentre outras pessoas, o tenente-general Herzi Halevi, chefe do Estado Maior das Forças de Defesa de Israel (IFD), o chefe da agência de inteligência do Mossad, David Barnea e o líder da Agência de Segurança de Israel – Shin Bet, Ronen Bar. O objetivo do encontro foi a avaliação geral das forças de segurança diante da campanha de boicote ao projeto de reforma do judiciário.
O assunto, explorado de forma sensacionalista por grande
parte da imprensa mundial, anuncia um racha na população israelense diante da
reforma e ressalta a ameaça dos reservistas em não atenderem mais ao chamado de
comparecimento ao serviço militar caso o projeto siga seu curso. É sabido que a
segurança de Israel não pode dispensar o apoio dos reservistas, seja na forma
de um tempo dedicado anualmente, seja na disponibilidade pronta diante de um
ataque. Cenas da população em manifestações de apoio ou de desaprovação à
reforma, sempre repletas de pessoas com camisas, bandeiras, cartazes e máscaras
são facilmente encontradas na internet. Além disso, virou ‘meme’ o registro de
dois grupos opostos que se encontraram simultaneamente num shopping: um grupo
subia uma escada rolante, enquanto o outro descia. As gravações fomentam a
ideia de um povo enfraquecido pela disputa política e, portanto, sem liderança
e sem rumo. Será isso verdade?
Em primeiro lugar, deixemos claro que democracia não
significa uniformidade de opiniões. Há, entre os reservistas, como em todos os
demais grupos da sociedade israelense, os mais variados tipos de
posicionamentos políticos. Não fosse assim, Netanyahu não teria se manifestado,
ainda em março deste ano, declarando: “Não há lugar no discurso público para a
recusa em servir. Um país que valoriza a vida não pode tolerar tais fenômenos e
não os toleraremos”. Veja, a não tolerância não está na bandeira que cada um
abraça, mas em que, independentemente dela, quando o país necessita, todos
precisam estar prontos para agir, em especial aqueles que, de antemão, se
comprometeram com a defesa da pátria. Em julho, mais uma vez, o
primeiro-ministro alertou: “É impossível haver um grupo dentro do exército que
ameace o governo eleito: ‘Se você não fizer o que queremos, desligaremos o
interruptor da segurança’. Nenhum governo democrático pode aceitar tal ditame”.
Governo democrático – talvez essa esteja sendo a fórmula
esquecida pelos acusadores de Israel. Israel é uma democracia. Em que outro
país do Oriente Médio as manifestações que a mídia tão dedicadamente publicou
seriam permitidas? Onde, no Oriente Médio, grupos de oposição ao governo teriam
direito a ampla proteção policial e total liberdade de expressão? O gabinete do
primeiro-ministro precisou, inclusive, desmentir um ‘relatório’ que divulgou a dissolução
do sistema de proteção israelense, emitindo a seguinte nota: “A notícia sobre a
condenação dos serviços de segurança e sobre os danos à competência do exército
não é verdadeira e não reflete a posição do chefe do Mossad, que ele expressa
nos fóruns de segurança e à frente do escalão político e não na mídia”. O
divulgado relatório, portanto, não foi escrito ou permitido por David Barnea,
que não reconhece os dados informados. Tanto o IDF quanto o Shin Bet negaram o
mesmo relatório. Parece-nos que Golias persiste em usar de palavras para enfraquecer
os soldados de Sião, atacando-os em suas mais profundas convicções. Ao
declará-los fracos, quer fazê-los fracos. No entanto, a estratégia pode despertar
reações surpreendentes.
Para Halevi, as circunstâncias criadas pela divulgação de
uma suposta ‘fraqueza militar’ podem, ao contrário, fortalecer os laços entre
os soldados, curando divisões sociais causadas por divergências quanto à
reforma. Política à parte, todos eles são guerreiros a serviço de sua nação,
uma nação cercada de inimigos poderosos. “Ensinamos” – declarou o chefe das
Forças de Defesa de Israel – “que o IDF será o exército do povo no Estado de
Israel e queremos recrutar o maior número possível, de tantos setores quanto
for possível, para reuni-lo”. Também esclareceu: “Sabemos ser diferentes juntos.
Sabemos ver um objetivo comum e trabalharemos juntos para isso”. E Israel tem
provado isso, que sabe existir como um conjunto de pensamentos os mais variados,
guardando, apesar disso, a unidade naquilo que é essencial.
Enquanto os olhos são desviados para um suposto desmanche das
forças israelenses, crescem as tensões entre o Irã e os Estados Unidos. Ainda
negociando uma possível transação que daria acesso ao Irã a bilhões em numerário,
retidos na Coréia do Sul, em troca da libertação de cinco iranianos-americanos,
hoje detidos em Teerã. As tratativas prosseguem, mas o Irã não deixa de
movimentar-se ofensivamente, especialmente no Estreito de Ormuz, nas águas
territoriais do Irã e Omã, que, em seu ponto mais estreito tem apenas 33 km, ou
21 milhas de largura. Ali, qualquer agitação afeta os mercados globais (20% do
petróleo mundial navegam por aquelas águas) e altera o preço do óleo bruto. No início
do ano, um alerta soou aos navios carregadores quanto a possíveis ataques na
área. O Irã apreendeu dois navios-tanque. No final de abril, outra apreensão, de
um navio que transportava petróleo para a Chevron Corp. Em maio, outro
petroleiro foi apreendido. Na terça-feira, oito de agosto, foto divulgada pelas
agências americanas mostrava o navio de assalto anfíbio Bataan (USA) navegando
pelas águas do Mar Vermelho. No sábado, doze de agosto último, as forças marítimas
apoiadas pelo Ocidente para assuntos do Oriente Médio alertaram os
transportadores que navegam pelo estreito de Ormuz a que fiquem o mais longe
possível das águas territoriais iranianas para evitar apreensões ou ataques.
As águas de Ormuz estão divididas, Irã e EUA estão divididos
em seus requerimentos e expectativas, o mundo está dividido em seu
posicionamento com relação a Israel, mas, na nação ressuscitada pelo Senhor,
ainda que seja popular o dito “onde há dois judeus há pelo menos três
opiniões”, o povo de Israel é um. O Salmo 133 prossegue, na forma de leitura ou
de canções, declarando que, assim como o orvalho do Hermom (bem pertinho do
Moshav Ramot) é derramado sobrenaturalmente sobre os montes de Sião, o Senhor Deus
tem derramado sobre os filhos de Israel unidos a bênção e a vida para sempre.
por Sara Alice Cavalcanti
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