A revista Lições BÃblicas de Escola Dominical da CPAD do terceiro trimestre de 2019¡, intitulada “Tempo, Bens e Talentos”, abordará o tema Mordomia Cristã, enfatizando a necessidade de sermos mordomos fiéis e prudentes de tudo aquilo que Deus nos tem dado pela Sua graça. O comentarista desse importante assunto relativo ao dia a dia da vida cristã é o pastor e teólogo Elinaldo Renovato de Lima, lÃder da Assembleia de Deus em Parnamirim (RN) e já conhecido comentarista de Lições BÃblicas. Ele nos concedeu uma entrevista sobre o conteúdo da revista, trazendo orientações aos professores. A entrevista segue abaixo.
Qual o significado da Mordomia Cristã?
No mundo, mordomia é sinônimo de benesses ou privilégios,
decorrentes de uma posição social ou polÃtica. Mordomia, na BÃblia, quer dizer
todo o serviço que realizamos para Deus, todo o comportamento que apresentamos como
cristãos, diante de Deus e dos homens. É a administração dos bens espirituais e
materiais que Deus nos confia.
O que devemos fazer para sermos bons mordomos?
Um bom mordomo de Deus tem que ser, antes de tudo, um bom
servo de Deus. Um bom servo tem que ser fiel a Deus em todos os sentidos. Como
mordomos fiéis, precisamos ser dedicados ao serviço do Senhor, e vivermos em
amor e santidade. E fazer tudo “em nome do Senhor” (Colossenses 3.17), “como para o Senhor e não para os
homens” (Colossenses 3.23). E mais: fazer tudo “para a glória de Deus” (1 CorÃntios
10.31).
Quanto à Mordomia do Amor, qual a sua opinião sobre a conduta
dos cristãos hodiernos nessa importante área da vida?
Nos tempos atuais, que prenunciam a Segunda Vinda de Jesus,
uma das caracterÃsticas marcantes é a falta de amor. Jesus disse, no Sermão
Profético, com um indicativo dos sinais de Sua vinda: “E, por se multiplicar a
iniquidade, o amor de muitos se esfriará” (Mateus 24.12). A falta de amor é
pecado tão grave que é considerado pecado para a morte. Quem não ama aborrece a
seu irmão. E João diz que quem aborrece a seu irmão “é homicida, e o homicida
não tem permanecente nele a vida eterna” (1 João 3.15). Jesus ensinou que amar
a Deus, acima de tudo, e ao próximo como a si mesmo sintetiza o cumprimento de
toda a lei (Mateus 22.40).
Quanto à Mordomia da Fé, em alguns lugares não temos
visto mais milagres com tanta frequência. Os crentes não estão administrando bem
essa mordomia?
Realmente, parece que há uma “frente fria” sobre muitas
igrejas evangélicas, em que não se fala mais sobre milagres. Creio que, infelizmente,
de modo geral, os cristãos estão orando menos, lendo menos a BÃblia e buscando menos
a presença de Deus em suas vidas. Quanto à fé para a salvação, não temos muito
o que criticar. No entanto, quanto à mordomia da fé, para vermos a operação de
milagres, creio que precisamos buscar mais o poder do EspÃrito Santo para que, por
nosso intermédio, Ele opere milagres. Jesus asseverou que “estes sinais
seguirão aos que crerem...” (Mateus 16.17). Para haver curas, libertação de
demônios e outros sinais sobrenaturais na vida das pessoas, é indispensável que
haja fé eficaz. Quase não se ouve mais falar em grandes eventos, cruzadas de
milagres e maravilhas, no Brasil. Deus é o mesmo. Jesus é o mesmo. Se há falha,
se não vemos milagres, o problema está nos crentes e não em Deus. Mas, mesmo
assim, os milagres continuam acontecendo. Em muitos cultos de oração, em muitos
cÃrculos de oração, milagres são constatados, ainda que não divulgados na TV,
no Rádio ou em outro meio de comunicação. Nosso jornal Mensageiro da Paz (CPAD),
em todas as edições, traz testemunhos de pessoas alcançadas por milagres da
parte de Deus.
O que podemos fazer para realizarmos as obras
maravilhosas que o Senhor anunciou durante a última ceia?
Jesus declarou para seus discÃpulos algo tão extraordinário,
que muitos não compreenderam e não compreendem o sentido e o alcance das suas
palavras. “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também fará
as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para meu
Pai” (João 14.12). Dá para
imaginar fazer maiores obras do que Jesus fez? O texto nos indica o que deve
haver para que possamos fazer obras grandiosas diante de Deus. Em primeiro
lugar, devemos crer em Jesus. Em segundo lugar, devemos buscar a Cristo com fé e
amor, pois, tendo Ele ido para o Pai, nos garante o respaldo para que sejamos
usados com poder. Depois que ressuscitou, Jesus disse: “E, chegando-se Jesus, falou-lhes,
dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra” (Mateus 28.18). Na condição de Deus, nos céus, sem limitações
no uso de seus atributos, Jesus nos concede condições para fazermos até obras
maiores do que a que Ele fez.
Antes de retornar aos céus, Ele delegou autoridade divina a
seus seguidores, para agirem em seu Nome, para operar maravilhas. Mas devemos
ter cuidado. Um missionário estrangeiro passou pelo Brasil e, num processo de indução
psicológica, “derrubou muita gente”, e, indagado por que fazia assim, ele
alegou que aquilo era “as maiores obras” que Jesus disse. Isso é ridÃculo. Não
tem base bÃblica.
E quanto ao patrimônio material? O dÃzimo está incluÃdo?
O que dizer dessa corrente teológica que anuncia o fim do dÃzimo e que o
procedimento ficou restrito ao Antigo Testamento?
Sem dúvida alguma, Deus nos concede não somente os bens
espirituais, mas também os bens materiais. Ele nos assegura prosperidade
espiritual e prosperidade material de igual modo. A BÃblia não defende a “teologia
da miserabilidade”, nem o que apregoam os adeptos da conhecida “teologia da prosperidade”,
segundo a qual o crente não pode ser pobre. Isso é heresia. É exagero. Quantos homens
de Deus foram pobres e tiveram a presença e o poder de Deus em suas vidas. A
BÃblia dá a entender que João Batista era um homem pobre, que se alimentava de
maneira frugal, se vestia de maneira muito simples, mas Jesus declarou que
ninguém nascido de mulher fora maior que ele (Mateus 11.11). Quanto ao dÃzimo, Deus assegura bênçãos
materiais de forma especial para aqueles que são fiéis na entrega dos dÃzimos e
das ofertas, para que haja a manutenção de Sua casa (Malaquias 3.10-12). Quem
afirma que os dÃzimos ficaram restritos ao Antigo Testamento, ou não sabe ler a
BÃblia ou está agindo de má fé. O dÃzimo, que teve inÃcio com Abraão, antes da
Lei, sempre foi uma expressão de gratidão a Deus pelas bênçãos recebidas, tanto
no Antigo como no Novo Testamentos. Jesus mandou pagar o dÃzimo. Ele repreendeu
os fariseus, que davam os dÃzimos das menores coisas, mas esqueciam o mais
importante da lei, “o juÃzo, a misericórdia e a fé”. E mandou que praticassem
essas virtudes, sem esquecer “aquelas”, ou seja, a entrega dos dÃzimos, até
pelos pequenos ganhos (Mateus 23.23).
O cristão que não traz o dÃzimo para o templo está com a
salvação comprometida?
A salvação é resultado da fé em Cristo Jesus. Só Ele pode
salvar o homem (João 14.6). A salvação
tem origem na graça de Deus, e não nas obras (Efésios 2.8-10). O cristão que
não traz o dÃzimo para a manutenção da casa do Senhor (Malaquias 3.10)
certamente não ama a casa de
Deus, não tem interesse em ver a manutenção da obra do Senhor, no sentido das
necessidades materiais, tais como manutenção de obreiros em tempo integral,
ajuda aos necessitados, viúvas, carentes, órfãos etc. É muito estranho quem age
assim, fechando a mão para a casa do Senhor. A entrega dos dÃzimos não deve ser
vista como uma obrigação “para ser salvo”, de forma alguma. Mas, sim, como uma
expressão de gratidão a Deus, o Supremo Pastor, que não deixa nos faltar nada (Salmos
23). Abraão deu o dÃzimo de tudo pela vitória contra
inimigos poderosos (Gênesis 14.20; Hebreus 7.2). Jacó propôs no coração
entregar o dÃzimo de tudo, confiando na provisão divina (Gênesis 28.22). Assim,
entendo que o crente que não é fiel nos dÃzimos pode não perder a salvação, mas
certamente não terá as bênçãos prometidas por Deus para os dizimistas fiéis. E perderá
galardão nos céus pela falta de gratidão e de amor pela manutenção da obra de
Deus.
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