Samer Muhammed, ex-mulçumano extremista, que por muitos anos havia estudado para se tornar um xeique wahabbi, uma das formas mais fanáticas do islamismo, pronunciou em certa ocasião: “Eu dediquei minha vida a Jesus Cristo, e ele me perdoou dos meus pecados. Ele me deu vida eterna e paz. Eu realmente sofro no meu dia a dia, mas tenho paz, tenho alegria por que Jesus estar no meu coração”. Assim como mulçumanos convertidos, como Samer, sofrem perseguições, discriminações e até mesmo a morte, todos os cristãos em todos os tempos têm sido alvo de insultos e perseguições. Paulo, citando Salmos 44.22, diz: “Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todos os dias; fomos considerados como ovelhas para o matadouro” (Romanos 8.36).
A perseguição é uma das experiências no caminho da
felicidade. Eis um contrassenso para o mundo, para aqueles que conhecem a Jesus:
na vida cristã, sofrimento nos leva à felicidade. Jesus encorajou os discÃpulos
para os momentos de perseguição e apresentou que a alegria completa está
reservada apenas no céu. No meio das tribulações e adversidades da vida, o
cristão demonstra duas marcas distintivas que o caracterizam como seguidor de
Jesus.
A marca da coragem (Mateus 5.11)
Esta foi a realidade de Cristo. Ele foi perseguido em todo o
ministério que realizou. Sofreu insultos, foi difamado, mentiram quando deturpavam
as suas palavras e o perseguiram das formas mais diversas e astutas. A
perseguição de Cristo não se deu apenas no momento de Sua crucificação, mas, e,
principalmente, durante todo o tempo de Seu ministério terreno (Mateus 9.34; 12.2,14;
16.1; 19.3; 21.45,46; 22.15,41).
Do mesmo modo é com a igreja. À medida que tivermos maior
compromisso com Cristo, Ã medida que nossos valores, princÃpios e atitudes forem
diferentes, incomodaremos o mundo. Para tanto, é preciso coragem! Coragem para
ser fiel seguidor de Cristo. Coragem para vivenciar na praticidade a ética do
Reino de Deus. Coragem para dizer não ao legalismo. Coragem para não vivenciar uma
religiosidade de máscaras, de aparência. É preciso ter convicção: “Antes
importa agradar a Deus do que aos homens” (Atos 5.29).
Necessitamos ser uma igreja corajosa, que enfrente os
desafios do nosso tempo. Uma igreja que tenha coragem para expor a Palavra de Deus,
tal como ela é, e não a partir do que o mundo quer que falemos. Uma igreja que
seja corajosa na sua missão, que renuncie ao ativismo egoÃsta e sirva com
entusiasmo ao propósito de sua existência na terra. Uma igreja que seja
corajosa para fazer discÃpulos. Carecemos de coragem para sermos uma igreja bÃblica
e contextualizada.
E quando assim agirmos, seremos perseguidos. Paulo,
escrevendo a Timóteo, advertiu que “os que querem viver piamente padecerão perseguições”
(2 Timóteo 3.12). Todavia, o medo tem impedido esta atitude na vida dos
cristãos. E como o medo paralisa a vida. Há pessoas com medo de viver,
preferindo entregar-se ao desanimo, Ã apatia, ao desamor, Ã inutilidade. O medo
tem um poder destruidor. Quem está com medo não age, paralisa.
Agostinho, o bispo de Hipona, falando a respeito da coragem,
disse: “A verdadeira força consiste em ter a coragem de agir quando se tem fortes
medos, dúvidas ou desejos alternativos”. Por sua vez, Platão classificou a
coragem com uma das virtudes cardeais.
A coragem é, portanto, a disposição que não se mantém sem lutar
contra os obstáculos que se apresentam durante a caminhada cristã. É permanecer
firme nas intenções e nas ações de ser fiel seguidor de Jesus Cristo.
Martyn Lloyd-Jones apresenta três atitudes básicas como
resposta para a pergunta “Como devemos enfrentar a perseguição por causa do
evangelho?”. Diz ele: “ Não devemos retaliar. Não devemos ficar ressentidos.
Não devemos ficar deprimidos diante da perseguição”. Assim é preciso
desenvolver uma atitude corajosa, mantendo-se firme diante das ameaças
contrarias a fé, não caindo nas astutas ciladas do Adversário e não se deixando
seduzir pelas paixões da vida.
A marca da alegria (Mateus 5.12)
Eis um paradoxo, um contrassenso para todos nós: alegria
diante das provações. Se observarmos a vida dos grandes heróis da fé (se é que
a fé tem herói), haveremos de perceber que em meio as duras provações e
perseguições, até mesmo no momento em que perdiam a sua vida, eles permaneciam
com feição de alegria e gozo constantes.
A carta mais alegre do Novo Testamento foi escrita no
perÃodo prisional de Paulo, em que o mesmo se encontrava acorrentado, aguardando
julgamento. Nesta situação, escreve à Igreja de Filipos: “alegrai-vos no
Senhor, alegrai-vos sempre no Senhor (Filipenses 4.4).
Lloyd-Jones escreveu acertadamente: “se formos caluniados e perseguidos
por causa de Cristo, isso necessariamente significara que as nossas vidas
tornaram-se semelhantes à Dele. Estaremos sendo tratados como nosso Senhor foi tratado
e, por conseguinte, teremos nisso uma prova positiva de que, na verdade,
pertencemos a Ele”.
A vida cristã nos mostra que felicidade não é um lugar, nem
um momento, mas sim um estado de espÃrito interior, que satisfeito com o
exterior, não necessita de algo mais para sentir-se pleno, porque já tem o
Senhor Jesus como a fonte de tudo quanto precisa. Esta felicidade não é
circunstancial. Não depende do que acontece ao nosso redor. Ela vem do alto.
Está dentro de nós.
Para nós é quase incompreensÃvel associar perseguição com
felicidade. Esse é um grande paradoxo. Mas Jesus termina as bem-aventuranças, dizendo-nos
que o mais elevado grau de felicidade está ligado à perseguição. Estas são as
marcas distintivas do seguidor de Jesus: coragem e alegria. Coragem para
enfrentar as perseguições. Alegria redundante da e na perseguição. Coragem para
triunfar. Alegria porque sabe que as situações adversas são passageiras e
temporárias (2 CorÃntios 4.17,18).
Que estas sejam as nossas marcas: coragem e alegria!
por Sérgio Pereira
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