O conceito de “independência” nos leva a uma série de definições que indicam autonomia, liberdade com relação a algo ou alguém, ausência de subordinação e soberania. Quando falamos em Independência do Brasil, somos inicialmente levados a um entendimento acerca do evento ocorrido em 7 de setembro de 1822, que tem um amplo significado político, econômico, social e cívico.
O evento protagonizado pelo primeiro monarca brasileiro pode
direcionar nossas conversas para muitos caminhos e conduzir-nos a
questionamentos cada vez mais atuais acerca das nossas (in)dependências e rumos
do estado e do governo brasileiros. No entanto, aqui buscamos uma reflexão na
esfera espiritual com a finalidade de responder a seguinte indagação: nosso
país depende de Deus?
O estado laico e a
espiritualidade
Já desde o nascimento da monarquia e ao longo da república,
o Brasil aponta para uma condição de estado laico, ou seja, uma posição oficial
imparcial em relação às questões religiosas. Essa imparcialidade não significa
a ausência ou oposição à religião, mas sim um tratamento igualitário a todos os
cidadãos independente de sua confissão religiosa. A condição de independência
não implica em um salvo-conduto para a maldade e a libertinagem, nem delega aos
cidadãos o poder absoluto sobre suas próprias vidas e destinos.
Na prática, sabemos que não é bem assim que acontece. Cada
vez mais, inclusive no Brasil, acompanhamos notícias que indicam uma crescente
intolerância ao cristianismo e uma inversão de valores onde as virtudes cristãs
estão sendo violadas em nome dos interesses pessoais, políticos, acadêmicos e econômicos
em um mundo cada vez mais hedonista e descomprometido com o amor de Deus.
É importante destacar que, mesmo considerando o estado laico,
há uma dimensão espiritual que não pode ser negada e nem desconsiderada por
aqueles que conhecem a Palavra de Deus.
A doce e agradável
dependência divina
A soberania de Deus é desejável e bem-vinda em nossas vidas,
pois nos leva sempre ao que é bom, reto e justo (Deuteronômio 10.17). Ao
aceitarmos a direção divina, somos levados a uma condição ideal de governabilidade
onde não há espaço para injustiças, subornos, maldades e desequilíbrios.
A Bíblia nos revela que devemos considerar a soberania
divina ao respeitar e honrar os nossos governantes. A postura ideal do cristão diante
dos governos instituídos é de obediência, intercessão pelos que dirigem os
rumos políticos do nosso país (Romanos 13.1, 2) e a confiança plena de que Deus
está no controle, sempre (Salmos 72.1-7).
Nossas orações de intercessão e nossa total e feliz
dependência divina nos leva a experimentar a graça que aquieta, nutri e alegra o
coração (Efésios 2.4-5; 1 Pedro 5.10; Isaías 30.18). Ao orarmos por nosso país,
aceitamos em nossos corações uma grande verdade: “bem-aventurada é a nação cujo
Deus é o Senhor, e o povo que Ele escolheu para a sua herança” (Salmos 33.12).
O crente que ora e aceita em seu coração a soberania de Deus sobre todas as
coisas é um canal de benção sobre toda a sua nação.
Ao anunciarmos a Jesus e a Sua salvação, somos usados por
Deus em um maravilhoso processo em que é gerado um povo bem-aventurado. Os
homens e suas “justiças” não podem trazer paz, mas Cristo pode com Seu amor
transformar vidas e promover de forma maravilhosa os “mal-aventurados” em “bem-aventurados”
(Mateus 5.3-12).
Nesse contexto, a independência é a graciosa libertação de
tudo o que traz sofrimento: o pecado e suas amplas consequências. A verdadeira
independência ocorre na medida em que nos envolvemos pela “dependência” divina onde
o sacrifício de Cristo na cruz possibilita a vitória sobre o mal e a libertação
do jugo da carne. Enfim, enquanto igreja ao anunciarmos as boas novas à nossa
nação, somos mensageiros de algo precioso: o amor de Deus e Sua maravilhosa graça
(João 3.16; Efésios 2.8-10).
Nosso país depende de Deus?
Com alegria no coração e plena convicção, a resposta a essa
pergunta é: sim (1 Crônicas 16.31). O Brasil depende de Deus! Oh, glória! Somos
chamados à nobre missão de anunciar a salvação a toda carne (Mateus 28.18-20).
Na medida em que as pessoas conhecem a Jesus, as vidas são transformadas e uma nova
visão se forma. Como cristãos, devemos anunciar o Evangelho, interceder pelo
nosso país e sermos sempre vistos como pessoas dispostas a orientar o próximo em
um bom caminho de acordo com a Palavra de Deus.
Na vida cristã não há espaço para o triunfo da desesperança nem
tampouco voz para o caos. Os pensamentos de Deus são mais altos dos que os
nossos e os seus caminhos mais elevados (Isaías 55.8, 9). Se os nossos passos
estiverem de acordo com a vontade do Pai, a vitória é certa e gozaremos a feliz
dependência daquele que tanto nos ama.
Para isso, é preciso ter foco. Não nos deixemos levar pelas angústias
do tempo presente, mas confiemos no Senhor que nos chama para uma vida plena. Busquemos
incansavelmente o Reino de Deus e a Sua justiça, o mais virá no tempo certo (Mateus
6.33).
A nossa tão almejada liberdade se concretiza na medida em
que nos permitimos depender de Deus e viver conforme a Sua vontade. Sigamos
anunciando a Jesus e assim, de forma substancial, contribuamos para um Brasil
de fato livre e gloriosamente dependente de Deus.
por Marcos Tedesco
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